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Novo Fiat Cronos tem visual sem caretice e espaço de sobra
Avaliação

Novo Fiat Cronos tem visual sem caretice e espaço de sobra

Feito na Argentina, novo sedã compacto da Fiat usa desenho e acabamento para conquistar famílias jovens

Thiago Lasco, de Córdoba (Argentina)

07 de fev, 2018 · 11 minutos de leitura.

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Novo Fiat Cronos
Crédito: Thiago Lasco/Estadão
Crédito:
Novo Fiat Cronos

“A missão do novo Fiat Cronos é mudar a percepção que as pessoas têm da marca.” A frase, dita durante evento para a imprensa em Córdoba, na Argentina, onde o sedã será produzido, mostra como são altas as expectativas da Fiat em relação ao modelo, cujo lançamento no Brasil deve ocorrer ainda neste mês.

Trata-se de um mantra que surgiu tímido com a picape Toro (2016), se intensificou com o hatch Argo (2017) e agora soa quase como um apelo. Se até então os carros da marca atraiam pela racionalidade, graças ao bom custo-benefício, a Fiat percebeu que precisa buscar uma conexão mais emocional com o consumidor. É o que a concorrência tem feito.

Por isso, aspectos como desenho e acabamento passaram a ter peso bem maior. Ao mesmo tempo, para buscar maior rentabilidade, a marca não oferecerá opções 1.0, por exemplo.

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A Fiat informa que quer oferecer um sedã compacto e funcional, que agrade famílias com filhos, mas sem ser “careta”. Segundo a fabricante, o comprador do novo modelo será homem (67%), de 35 a 50 anos (50%), casado (80%) e com filhos (67%), que terá o Cronos como o único carro da casa (60%).

“Todos gostam de parecer mais jovens e querem ter um produto que também agrade sob um ponto de vista emocional”, diz o diretor de marca da Fiat, Herlander Zola.

Para materializar esse “sedã jovem”, o maior desafio dos engenheiros da Fiat foi tentar desenvolver um produto amplo para pessoas e bagagens, sem que a silhueta deixasse de ser moderna. As linhas do carro ficaram harmoniosas e o porta-malas ganhou ótimos 525 litros de capacidade, tudo isso com uma traseira curta, que não compromete o jeitão esportivo visto no “irmão” hatch.


O Cronos utiliza a nova plataforma MP-S, que foi alongada em 36 cm em relação ao Argo. O sedã tem 4,36 metros de comprimento. Aliás, 70% de seus componentes são novos – os outros 30% vieram do Argo e do Punto, de acordo com informações divulgadas pela Fiat.

O entre-eixos é o mesmo do Argo (2,52 metros), mas a largura é maior (2 mm na frente e 4 mm atrás). Graças ao uso de aços leves na construção, o três-volumes pesa apenas 10 kg a mais que o hatch do qual deriva.

À primeira vista, a dianteira do Cronos remete à do Argo. Após um olhar mais atento dá para identificar elementos que conferem identidade própria ao novato. O desenho dos para-choques é diferente e a grade e a saída de ar na parte inferior incorporam filetes horizontais cromados. A posição dos faróis de neblina também é nova.


No interior, as diferenças são bem mais sutis. No caso da versão de topo, Precision, a faixa horizontal que divide o painel na altura dos difusores centrais de ar é marrom e os tecidos que revestem bancos e portas têm padrão exclusivo.

No banco traseiro, dois adultos e uma criança viajam com conforto. Há bom espaço para a cabeça e as pernas desses ocupantes. Além de amplo, o compartimento de bagagem tem acesso fácil, graças à entrada grande e à tampa com ângulo de abertura de 97 graus.

Primeiras impressões: em movimento, Cronos agrada

Avaliado em trecho rodoviário nas imediações de Córdoba, o Cronos chamou a atenção pelo silêncio a bordo. O ótimo isolamento acústico remete a carros de segmento superior.


O desempenho do motor 1.8 de 139 cv não deixou a desejar. Há boa oferta de torque em baixas rotações, o que garante agilidade no uso diário, e a transmissão automática trabalha de forma suave e tem engates rápidos. Ao pisar mais forte no pedal do acelerador, o quatro-cilindros responde sem hesitar.

Esse conjunto permite ao sedã acelerar de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos – a velocidade máxima é de 196 km/h, de acordo com informações da fabricante. Tais números foram obtidos com o carro abastecido com 100% de etanol.

A suspensão, do tipo McPherson na dianteira e semi-independente com barras estabilizadoras atrás, tem calibração mais voltada ao conforto. A boa estabilidade também é resultado desse tipo de ajuste. Durante um exercício feito em pista de testes, com mudanças bruscas de trajetória em alta velocidade, a carroceria do sedã rolou pouco, transmitindo boa sensação de segurança.


O resultado é que o Cronos proporciona condução bastante prazerosa. O único senão está ligado à posição de dirigir. A regulagem de altura do banco do motorista é item de série. O problema é que, mesmo na modulação mais baixa, o motorista fica muito elevado, o que pode não agradar a todos.

Sem versão 1.0, Cronos atuará em duas frentes no segmento

O Cronos chega ao mercado com uma gama mais enxuta que a do Argo. Pelo menos por enquanto, não haverá versão de entrada com motor 1.0 – papel que, por ora, continuará sendo exercido pelo Grand Siena. Também não está nos planos uma variante esportivada HGT.

Assim, o consumidor brasileiro poderá escolher entre quatro opções. O catálogo Drive, com motor Firefly 1.3 de até 109 cv, pode vir com transmissão manual ou automatizada GSR, ambas com cinco velocidades (a segunda não será vendida na Argentina). Já o Precision traz um propulsor E.Torq 1.8 de até 139 cv e câmbios manual ou automático, ambos com seis marchas.


Os conteúdos e o nível de acabamento são bastante próximos das versões equivalentes do Argo. A opção de entrada, Drive com câmbio manual, traz ar-condicionado, direção, vidros e travas elétricos, central multimídia com tela de 7” e comandos no volante, rodas de 15”, sistema Isofix e regulagem de altura para bancos e direção.

Funcionalidades como controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas e controle de velocidade de cruzeiro só estão disponíveis na variante com câmbio automatizado. A Fiat explicou que o consumidor não valoriza esses itens a ponto de pagar por eles e preferiu limá-los da opção de entrada para deixá-la mais competitiva.

Outro item presente apenas a partir da versão Drive GSR é o sistema start-stop (no Argo, ele aparece já na versão Drive 1.0). Mais que questão de economia, porém, o que pesou foi a opinião de muitos donos de Argo que não gostaram do recurso e se aborrecem por ter de desativá-lo todos os dias. A Fiat acatou a crítica.


A versão Precision incorpora faróis de LEDs, rodas de 16”, faróis de neblina e sensor de obstáculos traseiro, entre outros equipamentos. Para os quatro catálogos, há opcionais vendidos em pacotes com itens de estilo e conveniência, como rodas especiais e câmera de ré.

Embora os preços ainda não tenham sido divulgados, já dá para antever que cada versão do Cronos terá um posicionamento diferente. A missão da Drive é enfrentar o Chevrolet Prisma e o Hyundai HB20S, mas também Etios, Voyage e Ka+.

Já o Cronos Precision deve rivalizar principalmente com o também novo VW Virtus. Mas a Fiat coloca como concorrentes secundários dessa versão o Chevrolet Cobalt e o Honda City.


VIAGEM FEITA A CONVITE DA FIAT

PRÓS E CONTRAS

Prós: ACABAMENTO. O interior é caprichado e o isolamento acústico, bom. Espaço interno é amplo, assim como o porta-malas.


Contras: POSIÇÃO DE DIRIGIR. Mesmo com a regulagem do banco (de série) no ajuste mínimo, assento fica elevado, o que pode não agradar a todos.

FICHA TÉCNICA (Cronos Precision)

Motor: 1.8, 4 cil., 16V, flexível
Potência: 139 cv a 5.750 rpm (com etanol)
Torque: 19,3 mkgf a 3.750 rpm (com etanol)
Câmbio: automático, 6 marchas
Porta-malas: 525 litros

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