Blog do HP

Kwid é uma espécie de ratatouille da Renault

Ele é simples, despretensioso, traz bons trunfos relativos à segurança e ainda tem preço inferior ao dos concorrentes

Hairton Ponciano

07 de ago, 2017 · 4 minutos de leitura.

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Crédito: Renault Kwid tem estilo agradável por fora, acabamento simples por dentro e preço mais baixo que o da concorrência: sob medida para os tempos de crise. Foto: Rodolfo Buhrer/Renault

A Renault parece ter acertado na receita ao lançar o hatch (sub)compacto Kwid. Claro, ainda é cedo para saber se o modelo será um sucesso. Durante a apresentação do carro, os executivos da marca não falaram em perspectiva de volume de vendas. Aparentemente, estão contendo a euforia e evitando o clima de “já ganhou”. Mas algo me diz que fizeram uma leitura correta do mercado.

O carro é simples demais. A avaliação que fiz com ele está aqui, para quem quiser mais detalhes. No blog, quero falar mais de estratégia.

Se for possível fazer uma analogia com comida francesa, a receita da Renault seria uma espécie de ratatouille automotivo. Ratatouille é aquele prato rústico francês, à base de legumes. É barato, simples de fazer e saboroso. Na essência, o Kwid é isso, um “mata-fome”: acessível e sem luxo, mas correto em sua proposta.

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O modelo da Renault cumpre bem as necessidades básicas, principalmente as relacionadas à segurança, com seus quatro air bags. Além disso, o visual agrada, graças ao jeitinho de SUV (tem molduras nas caixas de roda, faixas laterais, suspensão um pouco elevada, etc.).

No “teste das ruas”, o carro foi aprovado. Andando com ele por São Paulo, foi possível perceber que pedestres e outros motoristas notavam o carro com certa facilidade. Ok, é difícil passar despercebido com essa pintura ocre de lançamento, mas no mesmo tipo de teste o Mobi foi pouco notado em público.

A Renault também adotou preço agressivo de venda, bem abaixo de seus maiores concorrentes (Fiat Mobi e VW Up!). É o carro sob medida para a época de crise. Os salários estão achatados, há muito desemprego, então nada mais adequado a tempos difíceis.


E nada que a Renault não tenha feito antes. Quando lançou o Logan no Brasil, há dez anos, o sedã de origem Dacia (marca de baixo custo da Renault localizada na Romênia) era extremamente simples. Quando o mercado melhorou, já nesta década, a empresa aprimorou visual e acabamento do modelo.

O Kwid foi desenvolvido sob a mesma ótica pragmática do Logan, como o acabamento simples, sob medida para tempos de crise. Caso a economia melhore, é fácil aprimorar a qualidade, trocando materiais de acabamento, por exemplo.

Como disse, durante o lançamento os executivos da Renault se esquivaram de perguntas sobre expectativa de volume de vendas do Kwid. Mas já colocaram a fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, para funcionar em três turnos. Só faz isso quem está confiante.


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