Muita gente acha que, quanto mais novos, melhores são os pneus. Mas a própria Michelin – uma das mais importantes fabricantes do setor – divulgou um comunicado enaltecendo as qualidades dos pneus usados!
Em um documento intitulado “A verdade sobre pneus usados”, a multinacional francesa esclarece alguns pontos que pouca gente sabe, e quase ninguém comenta.
O ponto nevrálgico é o que afirma que, em termos de estabilidade sobre piso seco e economia de combustível, um jogo de pneus perto do limite de sua vida útil (com a profundidade de sulcos próxima de 1,6 mm) é melhor que um conjunto novo.
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Antes de mais nada, é importante esclarecer que pneu velho não é aquele totalmente liso. É o que preserva todos os sulcos de modo uniforme na banda de rodagem, que tenha a carcaça em bom estado, sem “bolhas” nas laterais, e “ombros” (extremidades da banda de rodagem) sem arredondamentos.
Para chegar à velhice assim, os pneus – como as pessoas – precisam ter tido uma vida saudável. Só chegam à velhice em forma pneus que tenham passado por rodízio, balanceamento e alinhamento de direção periódicos. Esses cuidados fazem com que o desgaste seja uniforme.
Voltando à Michelin, a empresa afirma que as tecnologias modernas possibilitam que os pneus tenham altos níveis de aderência “mesmo até os últimos milímetros de desgaste”.
A empresa escreve com todas as letras que sobre piso seco a distância de frenagem é menor com pneu usado do que com o mesmo pneu novo. Além disso, em piso seco, o pneu usado gera menos atrito com o solo, e portanto o veículo gasta menos combustível.
Com chuva, a coisa muda
Com piso molhado, as coisas mudam, mas mesmo assim a Michelin afirma que “alguns pneus usados podem ter desempenho tão bom como alguns novos”. Claro que nesse ponto ela puxa a sardinha para a própria brasa, ao insinuar que até no molhado seu pneu usado consegue performance comparável ao novo da concorrência.
A afirmação se baseia no fato de que a profundidade dos sulcos, embora seja um fator importante (já que eles servem como dreno de água), não é o único responsável pela estabilidade em piso molhado. A fabricante cita elementos como desenho da banda de rodagem e composto de borracha como dois exemplos de fatores que também podem interferir (para o bem ou para o mal) no comportamento.
A Michelin afirma que, em testes, “os pneus não apresentam resultados iguais quando novos, e as diferenças de desempenho são mais acentuadas quando o pneu está gasto”.
O documento também afirma que, se os pneus forem trocados cedo, antes do limite legal, os consumidores gastarão dinheiro sem necessidade, com impacto negativo sobre o ambiente.
Para o consumidor, isso representaria um custo estimado em 6 bilhões de euros só na Europa, de acordo com cálculos da consultoria Ernst & Young.
Para a atmosfera, a Michelin informa que a troca precoce de pneus resulta em uso adicional de 128 milhões de pneus por ano somente na Europa, com a emissão equivalente a nove milhões de toneladas de CO2.
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