A compra do primeiro veículo é uma conquista importante para os jovens, uma vez que ter um carro ainda está bastante atrelado aos conceitos de independência e sucesso. “A melhor coisa foi poder me locomover sem depender do transporte público”, afirma o contador Felipe Verzemiazzi, 30. Ele considera que a compra do automóvel é o primeiro passo para a maioridade. “Demonstra a entrada na fase adulta”.
A administradora Flávia de Souza, 30, conta que “tinha medo de dirigir, mas o carro deu segurança para enfrentar o trânsito da cidade”. Para ela, os fatores que mais influenciaram na escolha do veículo, comprado à vista, foram o preço compatível com o orçamento e as condições de uso do usado.
O planejador financeiro José R. Faria Júnior acredita que a compra do automóvel nem sempre é economicamente viável, mas pode ser justificada por razões emocionais. “O carro passa a sensação de liberdade. É muito difícil convencer um jovem a não ter carro”.
Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) constatou que três em cada quatro jovens têm por objetivo trabalhar muito para adquirir o bem. 35% dos entrevistados dizem que desejam comprar um carro, mas não o fazem por falta de crédito.
O consultor automotivo Leandro Mattera afirma que o ideal é que as pessoas procurem financiar a menor parcela possível do veículo para que não sejam tão prejudicadas pelos juros altos. Ele avalia que, financeiramente, os carros usados são mais adequados aos compradores de primeira viagem. “Costumam ser melhores opções por permitirem que, por um preço menor, você consiga comprar mais valor, mais qualidade”. Faria Júnior ressalta, no entanto, que o veículo não deve ser muito antigo, pois pode gerar custos extras de manutenção. “Em dois anos, ele está 15% mais barato. Diminui bem o valor e ainda não tem muitos quilômetros rodados. Depois dos cinco anos, os gastos já ficam muito altos”.
Segundo Mattera, o planejamento para a aquisição de um veículo deve passar, cronologicamente, por cinco etapas essenciais:
Entenda suas necessidades. É importante pensar em critérios específicos, como quantas pessoas serão transportadas, as condições das vias pelas quais o veículo rodará, quais atributos de conforto são mais importantes para o dono e de que tamanho deve ser o porta-malas. Após essa avaliação, o comprador terá em mente alguns modelos que atendam às suas necessidades. “Isso ajuda a evitar influências de desejo e do lado emocional que possam levar a escolhas erradas”.
Cheque o histórico do veículo. A qualidade dos carros pretendidos também deve ser verificada. Informações sobre os antecedentes daquele modelo no mercado, histórico de manutenção e confiabilidade da marca e durabilidade do carro são alguns dos critérios que influem na compra do veículo. O especialista ressalta que carros que possuem um projeto global, ou seja, que circulam no Brasil e em outros países, tendem a apresentar um padrão de qualidade mais alto e maior disponibilidade de peças.
Faça uma análise de segurança. “Esse é um ponto negligenciado no Brasil, mas é importante que as pessoas priorizem carros que ofereçam mais dispositivos de segurança, como controle de estabilidade e airbags frontais e laterais”, afirma Mattera. Essa preocupação, segundo ele, é ainda mais relevante para a aquisição de usados. Pesquisar a nota do veículo nos chamados “crash tests” (testes de impacto ou colisão) ajuda a definir se o carro está ou não dentro dos parâmetros de segurança adequados.
Faça um planejamento financeiro. Aqui está, provavelmente, o ponto de maior influência na compra de um carro. O consumidor deve ter a noção de que, além dos gastos da aquisição, é preciso poder arcar com as diversas despesas que um veículo traz. “Muitas pessoas compram carro e não fazem um bom fluxo de caixa. Não há nada melhor do que papel e caneta para montar esse processo.” Alguns dos custos que devem ser considerados no orçamento do mês, além do valor da prestação, são o IPVA, seguro, manutenção, combustível, lavagem, estacionamento, pedágios, possíveis multas e etc. Além disso, é indicado que o futuro comprador tenha uma reserva de emergência, com o valor de seis meses dos gastos mensais do veículo, para o caso de haver algum imprevisto. “É caro, mas é o preço da liberdade, do conforto”.
Escute o seu emocional. Por fim, depois de analisados os fatores mais pragmáticos, é permitido e aconselhado que o comprador avalie seus sentimentos, seus gostos em relação aos modelos ofertados. “É super importante fazer isso dentro dessa ordem para evitar qualquer arrependimento”, justifica Mattera.
Confira alguns macetes mencionados por Faria Júnior para ajudar a fechar a conta na hora de comprar o carro.
- Calcule 4% do valor do veículo para os gastos de IPVA. A porcentagem é a mesma para os custos de seguro.
- Procure uma seguradora que use telemetria. “Se você conseguir provar que respeita a velocidade e tem uma conduta adequada, o preço do seguro vai cair”.
- Preveja 60% do valor da gasolina para gastos com manutenção. Por exemplo: se o dono do carro dirige 10 mil quilômetros por ano e um litro de gasolina roda dez quilômetros, o gasto é de mil litros de gasolina. Supondo que o litro custe R$ 4 reais, o custo é de R$ 4 mil reais de gasolina por ano e aproximadamente R$ 2,4 mil de manutenção.
VEJA TAMBÉM: OS 20 CARROS MAIS VENDIDOS DE NOVEMBRO