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Nissan mostra protótipo que roda 600 km com 30 litros de etanol
Tecnologia

Nissan mostra protótipo que roda 600 km com 30 litros de etanol

Versão adaptada da van elétrica e-NV200 usa uma célula de combustível de bioetanol e pode ter Brasil como mercado principal

Thiago Lasco

09 de mai, 2017 · 5 minutos de leitura.

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Reduzir a emissão de poluentes e os acidentes de trânsito são os principais desafios das montadoras para o futuro. Enquanto o segundo objetivo depende de tecnologias de condução autônoma que ainda estão a caminho, para resolver o primeiro problema já existem diversos tipos de motores que usam fontes limpas de energia. Mas eles têm suas limitações. Os carros puramente elétricos têm autonomia limitada e precisam ser imobilizados para a recarga; os movidos a célula de hidrogênio convencional, além do custo elevado de peças como os tanques de titânio, esbarram na necessidade de implantar estações específicas para o reabastecimento com o hidrogênio.

Pois a japonesa Nissan criou um protótipo de carro que conseguiu resolver uma parte desses impasses. Trata-se de uma versão adaptada da van elétrica e-NV200 movida a célula de combustível de bioetanol. O modelo é abastecido pelo usuário unicamente com etanol e pode rodar mais de 600 km com um tanque de apenas 30 litros desse combustível – e sem emitir gases tóxicos.

Como funciona. O sistema é composto por cinco itens: um tanque de combustível de 30 litros, um reformador, uma célula de hidrogênio (SOFC), uma bateria de 24 kWh e um motor elétrico. O reformador recebe o etanol do tanque e o transforma em hidrogênio, que é enviado para a célula SOFC. A célula SOFC combina o hidrogênio recebido e o oxigênio do ar para gerar a carga elétrica que completa a bateria. Essa bateria, por sua vez, alimenta o motor elétrico, que envia potência rotacional às rodas, movimentando o veículo.

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Com isso, vários problemas são solucionados de uma só vez. Não é preciso abastecer a célula de hidrogênio em estações especiais, já que esse gás é obtido a partir da síntese do etanol, um combustível disponível em abundância no Brasil e que também pode ser produzido em outros países. O carro pode ser usado ininterruptamente, sem que seja necessário fazer paradas para recarregar a bateria. Como em qualquer carro elétrico, a operação tem baixíssimo nível de ruído e não gera gases poluentes – já que os resíduos de gás carbônico e vapor de água são reutilizados.

Outra vantagem é o baixo custo por quilômetro rodado: apenas R$ 0,10. É pouco mais que o custo do veículo 100% elétrico (R$ 0,09), mas um terço da despesa gerada pelos motores a combustão (R$ 0,30/km rodado, nos cálculos ilustrativos da Nissan). Isso tornaria o protótipo especialmente atrativo para uso comercial – como veículo de entregas, por exemplo.


A Nissan construiu apenas duas unidades desse protótipo. O próximo passo é analisar a viabilidade econômica do projeto, que dependerá, entre outros fatores, do desenvolvimento de uma cadeia própria de fornecedores de componentes. No atual horizonte traçado pela marca japonesa, se tudo correr bem, um modelo de série poderá vir a ser produzido a partir de 2020. Brasil, Estados Unidos e Ásia seriam mercados prováveis, até mesmo pela facilidade em produzir o etanol.

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