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Renovadas e flexíveis, S10 e Hilux voltam a se enfrentar
Comparativo

Renovadas e flexíveis, S10 e Hilux voltam a se enfrentar

Feitas para uso urbano, as versões flexíveis da Toyota Hilux e da Chevrolet S10, que acaba de ser lançada, fazem comparativo

Hairton Ponciano Voz, Voz

21 de mai, 2017 · 9 minutos de leitura.

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Toyota Hilux e Chevrolet S10. Crédito: JF Diorio/Estadão
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Picapes do porte de Chevrolet S10 e Toyota Hilux normalmente são associadas à vida no campo. Na publicidade, quase sempre estão atravessando lamaçais para chegar a algum lugar remoto. Mas há compradores que vivem na cidade, não precisam de motor a diesel, mas apreciam a robustez desse tipo de veículo. De olho nesse público urbano, a Chevrolet acaba de lançar (com atraso) a opção automática da S10 2.5 flexível. Ela vem para enfrentar a Hilux 2.7 bicombustível, que nem é vendida com transmissão manual.

Neste comparativo, as duas comparecem nas versões de topo e com cabine dupla: a S10 2.5 LTZ 4×4 custa R$ 129.990, enquanto a Hilux 2.7 SRV 4×4 sai por R$ 133.740 (o modelo fotografado é a SRV 4×2).

No geral, a S10 vence o confronto com boa vantagem, e ainda tem seguro mais barato.

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Começando pelo câmbio, há empate no número de marchas (seis). Porém, embora as duas façam trocas suaves, na S10 elas são mais rápidas. Seu motor também é bem melhor. Ambos têm quatro cilindros, 16 válvulas e comando variável, mas só o da Chevrolet traz injeção direta de combustível. Mesmo sendo menor que o da Toyota (2.5, ante o 2.7 do da Hilux), é mais potente (206 cv, contra 163 cv) e tem mais torque (27,3 mkgf, ante 25 mkgf).

Isso resulta em acelerações mais vigorosas na S10, que ainda por cima é bem mais econômica: com etanol, faz média de 5,3 km/l na cidade e 6,4 km/l na estrada. As marcas da Hilux são respectivamente 4,8 e 5,6 km/l, também com combustível renovável (números do Inmetro).

Tecnologia. Em termos de equipamentos, a S10 volta a ter vantagem. Nas versões de topo as duas oferecem ajustes elétricos no banco do motorista. Na Chevrolet, porém, pode-se ligar o motor a distância.


Trata-se de um recurso que já era oferecido nas versões mais caras da picape a diesel, e permite o acionamento da climatização (aquecimento ou resfriamento) um pouco antes de entrar no carro. Além disso, ela oferece sistema de alerta de desvio de faixa e de colisão (avisa se o carro sair da faixa sem dar sinal e se estiver se aproximando muito do veículo da frente).

Outros itens exclusivos da S10 são sensor de chuva, frenagem automática em declives e sistema multimídia com espelhamento de smartphones (Android Auto e Apple CarPlay). A tela central tem 8”, uma polegada a mais que a da Hilux.

As duas picapes trazem câmera de ré, mas a da Chevrolet acrescenta gráficos que auxiliam as manobras, e sensor de obstáculos na dianteira. São recursos especialmente úteis para veículos tão grandes (a Hilux tem 5,33 metros; a S10, 5,36 m).


A Chevrolet leva vantagem também por ter direção elétrica, mais eficiente que a hidráulica da Hilux. A picape da Toyota, no entanto, tem um air bag a mais que os dois obrigatórios (para os joelhos do motorista), além de coluna de direção ajustável em altura e profundidade (só altura na S10). Traz também DVD e TV. De qualquer forma, por questão de legislação, ela só funciona com o veículo parado e freio de mão acionado.

Na capacidade de carga, elas se equivalem (830 kg na Hilux e 816 kg na S10).

Câmbio automático vem para substituir transmissão manual


A chegada da transmissão automática à S10 2.5 bicombustível praticamente anula a oferta do câmbio manual. De acordo com o diretor de marketing da Chevrolet, Hermann Mahnke, as pesquisas da empresa revelam que 87% dos interessados em uma picape média optam pela transmissão automática.

A explicação é simples: quem dispõe de mais de R$ 100 mil para comprar um veículo (como os clientes dessas picapes médias) quer conforto, e não pretende trocar marchas manualmente.

As pesquisas da montadora demonstram que quem opta pela picape com motor flexível mora na cidade, e utiliza o veículo em caminhos ruins apenas eventualmente: “Ele não é um ‘heavy user’ (referindo-se ao dono de picape a diesel, que a utiliza o modelo para o trabalho), e deseja status”, diz Mahnke.


Com a nova opção de câmbio à S10 flexível, a briga entre ela e a Hilux pela liderança do segmento promete ficar mais intensa nos próximos meses. O modelo da Toyota estava sozinho nesse segmento, o que agora muda.

Atualmente, a Hilux é líder entre as picapes médias (9.921 unidades vendidas de janeiro a abril). No mesmo período, a S10 soma 8.066 unidades, mas, como não oferecia câmbio automático na versão flexível, o time estava desfalcado.

A empresa prevê aumento de vendas do modelo bicombustível. A participação dessa versão no total de vendas da picape, que era de 30%, deverá subir para 40% com a nova transmissão, informa a empresa.


OPINIÃO: De veículo de trabalho a sonho de consumo urbano

Picapes nasceram para o trabalho, mas os modelos com motor flexível e câmbio automático têm outra finalidade: em muitos casos, elas se tornaram sonho de consumo do habitante da cidade. Entre as razões, elas passam sensação de robustez e impõem respeito no trânsito urbano, normalmente agressivo nos grandes centros (como São Paulo). Mas há diversas desvantagens, que devem ser levadas em conta. Uma é estacionar: as picapes chamadas “médias” têm mais de cinco metros, e encontrar lugar para elas não é fácil, seja nas ruas, seja nas vagas de prédios residenciais. Além disso, alguns estacionamentos costumam cobrar mais de modelos grandes. A dirigibilidade, embora tenha melhorado muito nos últimos anos, ainda não é comparável à de automóveis convencionais. Como suas suspensões são preparadas para suportar peso, quando rodam vazias elas têm menos estabilidade. Outra peculiaridade é que as manobras são mais demoradas, porque o ângulo de esterçamento é maior. Por serem altas, exigem mais esforço dos ocupantes para se chegar à cabine. Com tudo isso, elas tendem a ser cansativas no dia a dia.


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