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BMW i3, um autorama 1:1 para uma vida verde a dois

Aceleramos por uma semana o elétrico i3, que se mostrou tão divertido quanto consistente

Diego Ortiz

24 de mai, 2017 · 8 minutos de leitura.

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BMW i3 é energia motivacional
Crédito: Crédito: BMW

O ano era 1987 e o pequeno Diego, do alto de seus sete anos, ganhava de presente o autorama Duelo de Campeões, que trazia a Lotus de Senna e a Williams de Piquet em disputas acirradas, pelo menos em sua imaginação. O funcionamento do autorama, você sabe, era uma espécie de pistola que ao se apertar o botão o carro acelerava e quando soltava, ele parava. O segredo da vitória estava em justamente cadenciar a aceleração no dedo.

Agora o ano é 2017. 30 anos depois, o grande Diego (tá, valorizei) não ganha de presente, mas tem a chance de dirigir o elétrico BMW i3 por uma semana. Bastou apertar o pedal do acelerador e soltar metros depois para que aquela gostosa sensação de brincar de autorama fosse emulada em minha mente, só que de forma mais divertida ainda, em escala real. Reduzindo seu funcionamento ao máximo, o carrinho urbano da BMW age da mesma forma que o brinquedo, acelerando e estancando com o pressionar do pedal, exigindo o freio praticamente só para paradas definitivas.

Não sei ao certo se pelo poder viciante da nostalgia ou por ser uma coisa ainda muito nova dirigir carros elétricos, mesmo para a imprensa especializada, mas fazia tempos que não me divertia tanto trabalhando. E foi um choque me seperar do i3 no fim da avaliação.

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O BMW tem um motor elétrico que gera 125 kW, o equivalente a 170 cv, e um torque imediato de 25,5 mkgf, praticamente o mesmo do consagrado motor 1.4 TSI que a VW usa no Golf. Na versão importada para o Brasil, há ainda um motor bicilíndrico derivado das motos da marca que faz a função de gerador para as baterias quando a carga está abaixo de 20%.

Com ele, o i3 consegue uma autonomia total de cerca de 300 km, 100 km a mais do que sem o motorzinho a combustão. Isso também permite uma versatilidade maior, já que não se cria uma dependência à tomada, maior medo de quem compra carros elétricos no momento. O tanquinho de gasolina de 9 litros exige que se encha ele muitas vezes para rodar grandes distâncias, mas não dói no bolso, já que o carro faz cerca de 20 km/l só com o gerador ativado, e também é mais rápido do que carregar na tomada. No posto específico de recarga de carros elétricos do shopping Pátio Paulista, ele demorou mais de 4 horas para ficar com carga total.

Mesmo sendo um carro urbano elétrico quebrador de paradigma que parece ser montado de Lego, o i3 não deixa de ser um BMW. Isso fica evidente na escolha do lugar das baterias, juntas ao assoalho, o que gera um centro de gravidade baixo e boa capacidade de curva para o carro mesmo ele sendo altinho. Há também a distribuição perfeita de 50% de peso para cada eixo e tração traseira. Coisa de quem sabe fazer carro.


As suspensões são macias e com curso longo, portanto, boas de andar na cidade. E como o entre-eixos é curto, de 2,57 m, mas grudado no fim do carro de 4 metros, seu diâmetro de giro também é excelente e perfeito para manobras e balizas (sim, ele quase consegue correr atrás do rabo). Estas mesmas características também ajudam no espaço interno, ótimo para motorista e carona e bom para os dois passageiros traseiros – embora seu ápice de uso seja na forma de casal.

Já o desempenho é animador. Ele não é um M, óbvio, mas acelera firme e de forma consistente até os 80 km/h, até perder um pouco do fôlego. Difícil não se viciar em ser o Senna ou Piquet das largadas de semáforos e sentir o prazer invariável de não ser alcançado por ninguém. Não há câmbio, apenas um seletor de D, N, P e R e por isso sua usabilidade é a de como um carro com câmbio automático. Para selecionar, basta girar o botão, como nos liquidificadores modernos.

Por dentro, o i3 é bem diferente dos BMW tradicionais. Há botões e alguns elementos das linhas da marca, claro, mas o desenho dos bancos, ótimo por sinal, e materiais de acabamento são bem diferentes, com destaque para a fibra com cara de já reciclada que estrutura todo o painel e as portas.


O ar-condicionado não funciona muito bem, talvez já programado para não gastar muita energia. Ou ele é forte ou fraco, o meio termo, chamado carinhosamente de fresquinho, nunca está presente nas opções de refrigeração. Por fim, destaco uma das coisas mais legais deste urbanoide. Como o chassi é um monocoque ultra rígido de fibra de carbono, o carro não tem coluna B. Isso resultou em portas traseiras suicidas tão práticas quanto estilosas.

Portanto, se você gosta de se exibir com um carro diferente que gera perguntas sobre ele nas ruas a cada meia hora, ser olhado no trânsito por todo mundo que tem o mínimo interesse em automóveis, gastar pouco para rodar por aí e acelerar um modelo rapidinho que não faz barulho, não hesite em tirar R$ 159.950 do bolso. A BMW, o meio ambiente e seu ego vão dar like.

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