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Carro ainda é ostentação, mas até quando?

Com o crescimento dos planos de compartilhamento e autonomia, o poder de status dos carros vai diminuir drasticamente

Diego Ortiz

28 de ago, 2017 · 4 minutos de leitura.

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Novo Land Rover Range Rover Velar
Crédito: Crédito: Land Rover

Estava eu no auge do ócio criativo, vendo mais uma vez o filme "Esquadrão Suicida", que é horrível, mas tem seus bons momentos - leia-se a Margot Robbie brilhante como a Arlequina -, quando toca a música "Purple Lamborghini", do Rick Ross. Dei uma pausa e fui ver o clipe dela no Youtube. Na sequência veio outra música do rapper, chamada Aston Martin, que em seu clipe mostra Rick Ross ainda criança com alguns amigos sonhando com um carro da marca e ouvindo que nunca teria um igual. Corta o plano e lá está ele, rico, dirigindo um.

Todo este prólogo serve para mostrar o quanto os carros ainda são um baita símbolo de status no mundo moderno. Quanto mais caro, mais dinheiro a pessoa tem. É assim que funciona no imaginário popular. São raros os casos em que endinheirados têm modelos básicos que todo mundo pode comprar. Eu mesmo, se fosse rico, teria um penca de modelos legais, mas por enquanto só os coleciono em forma de miniatura.

Porém, uma ruptura no tecido social (adoro este termo, acho chique) no que diz respeito aos carros está prestes a acontecer. Com eles migrando para algo menos individualista, com os planos de compartilhamento e autonomia, ter um veículo caro não será sequer necessário. Talvez seja uma mudança que não veremos, mas nossos filhos certamente sim. Pensando que os automóveis são ícones de sucesso financeiro desde 1890, é uma mudança e tanto de paradigma.

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Aqui na redação, por exemplo, chegou hoje para avaliação um Land Rover Range Rover Velar, um primor em termos de visual e construção. É o tipo de automóvel que não dá margem para erro. Se você tem um é porque é rico e ponto final. A Land Rover espera com ele oferecer um degrau acima para quem já está "cansado" de ter um Evoque e pensa em algo a mais (custa iniciais R$ 382 mil). O Velar é maior e mais sofisticado (seu painel e telas são todos virtuais), mas entrega um pouco menos em termos de revolução visual. É lindo, mas não é o Evoque. O Evoque foi o bilhete premiado na Land Rover, vai demorar um pouco para aparecer outro igual.

Painel virtual do Velar
Painel virtual do Velar

Quanto ao futuro dos carros, eu certamente serei aquele velhinho resistente que não usa veículo autônomo e prefere dirigir um modelo esportivo poluente mesmo recebendo multas do governo. Serei um pária da sociedade e estarei em várias fotos do Instagram da época passando vergonha. Já estou preparado psicologicamente para isso. E você?


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