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E se os carros tivessem sentimentos?

Se os carros estivessem em redes que possibilitam o bullying, como o Sarahah, ficariam muito tristes com o resultado

Diego Ortiz

07 de ago, 2017 · 4 minutos de leitura.

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Esse não está nada animado

Eu fui mais um dos brasileiros a aderir a mania do Sarahah, um aplicativo de comunicação unilateral que serve para mandar recados ou dicas para pessoas, mas que na prática funciona como um bullying virtual. Recebi 38 mensagens, cinco elogios, quatro neutras e 29 “sapatadas”, a maioria delas muito, mas muito agressivas.

No universo dos cerca de 10 mil seguidores ou amigos que estão junto comigo neste mundo, mesmo que virtualmente, 29 não é um número muito alto, mas é estranho saber que há pessoas que te seguem pelo simples fato de odiarem você. É uma coisa importante para se refletir.

Porém, desde o início minha intenção foi mesmo a de transformar o bullying em números e sugerir a seguinte situação: e se os carros tivessem sentimentos? Eles são xingados diariamente nas redes sociais, na maior parte das vezes sem motivo claro ou de forma exagerada. Lixo é um adjetivo comum, mas não há nenhum carro que seja um lixo no Brasil, não mais. Há alguns carros ruins, como alguns chineses e o Mobi, um muito ruim, que é o Chery QQ, e só. O resto da gama das marcas presentes aqui é preenchida por projetos locais bem realizados ou modelos que são vendidos na Europa e nos Estados Unidos tranquilamente.

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Eles são caros demais para o que oferecem? Sim, quase que na totalidade dos casos, mas isso não quer dizer que o automóvel seja ruim, mas sim a prática comercial da montadora ou a carga tributária do governo (nos Estados Unidos é 7%, na Europa 14% e aqui mais de 50%).

Mas se os carros não têm sentimentos, quem os cria tem. Imagina um engenheiro ou um projetista que trabalha em um carro por três anos, vendo ele ser “podado” pelo marketing, pela parte financeira, pelo jurídico, pela rede… até o modelo chegar na rua e ser chamado de lixo. Deve ser triste demais.

O consumidor, claro, não tem culpa disso e nem estou fazendo um tratado sobre como é dura a vida de um projetista de carro. Mas seria legal se as pessoas respeitassem mais o trabalho das outras antes de vociferar sobre carros que as vezes nem estão nas ruas ou que elas sequer viram de perto.


Posso estar sendo inocente pedindo o fim dos haters, aliás, posso não, estou sendo. Mas é que não vejo este tipo de comportamento com nenhum outro produto. Talvez eles não despertem tanta paixão como os automóveis e por isso fiquem mais imunes, mas justamente por essa paixão que tenho por eles é que acho que a gente podia pegar mais leve com os carrinhos. O que vocês acham?

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