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SUV sub-compacto, essa moda vai pegar

Sucesso do Renault Kwid pode levar a uma enxurrada de modelos assim no futuro

Diego Ortiz

17 de jun, 2017 · 5 minutos de leitura.

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Renault Kwid Intense
Crédito: Crédito: Renault

O Renault Kwid é um carro muito importante, bem mais do que parece. Ele é o lançamento mais decisivo da Renault no Brasil em anos e pode trazer a marca de volta ao coração dos brasileiros em grande volume. Mas, mais do que isso, o Kwid pode abrir uma jurisprudência no mercado que deixará todas as outras marcas com a boca cheia d’água. Todas!

A Renault está vendendo o carro, para o público, como o primeiro SUV realmente pequeno do Brasil. Por mais absurdo que possa parecer, ela está amparada pelo Inmetro e suas normativas, então não está fazendo nada errado, só sendo esperta. E ser esperto dentro da lei está tão difícil no Brasil que precisamos comemorar esse feito. Além disso, nesta coluna gostamos de todos os carros, torcemos por eles, e o Kwid e sua simpatia merecem olhos carinhosos.

Voltando ao lance da jurisprudência, se o Kwid fizer sucesso e as pessoas comprarem, literalmente, essa coisa do SUV pequeno, descartem novas gerações de HB20, Gol, Palio, seja o que for. O mercado será inundado de SUVs pequenos por todos os lados e não haverá ralo que comporte essa inundação.

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Há de ser feliz o profissional que trabalha em um mercado que vai bem e que atinge os anseios do consumidor, não é mesmo? É? Não sei, viu. Há nisto um comportamento de manada que não me agrada. Um hatch travestido de SUV para agradar o consumidor, mesmo que amparado pela lei, não me desce redondo pela goela. Pode ser que minha goela, que já defenestrou o Porsche Cayenne, por exemplo, seja purista demais. Mas eu também já defenestrei o Panamera e me rendi, já defenestrei as Big Trail, o SUVS das motos, e até hoje peço perdão quando subo em uma. Pode ser que mude de ideia de novo no futuro.

Portanto, mais uma vez deixarei o tempo decidir por mim. Mas já lanço aqui algumas ideias. Altura elevada e entre-eixos curto não costumam dar certo sem uma dose cavalar de eletrônica (oi Mercedes Classe A, tudo bem?), e o Kwid não tem isso. Mas tem rodas finas, mais um agravante. Fora isso, os ocupantes do carro ficam em posição elevada, aumentando o centro de gravidade do carro. Um Kwid cheio em uma curva de alta nas mãos de um motorista metido a piloto pode dar ruim (SIC). Não sou engenheiro, não acompanhei de perto o parto do Kwid e posso estar redondamente enganado. A Renault pode ter feito uma mágica que calará minha boca. Tomara que sim e saberemos em breve, na avaliação do carro.

Porém, a Renault é uma empresa séria. Uma outra marca nem tanto pode pegar essa jusrisprudência, criar um SUV pequeno e aí já viu. Este é o meu medo, que me fez lembrar a saga de Frankenstein, de Mary Shelley. Quem é o monstro afinal, a criatura ou o cientista que o criou? Deixo a resposta para você.


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