Estereotipar os carros - entre outras coisas, pessoas e assuntos - é um dos esportes preferidos do brasileiro. Tem carro de mulher, carro de rico, de playboy, de tiozão, de coxinha... E por aí vai.
Outro dia, sobre o Corolla Altis, de quase R$ 120 mil, uma amiga disse: "Nossa, mas como este carro é classe média!" Um carro de R$ 120 mil agora é classe média, não mais de rico?
Pelo jeito, sim. Inclusive, já debatemos isso aqui: o carro de rico hoje demanda muito mais investimento - de R$ 200 mil em diante. O carro classe média me parece ser aquele tipo de veículo que não desperta admiração na própria.
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Dois conceitos interessantes são o carro de playboy e o de rico. Playboy é um estilo de vida. Rico é uma condição financeira. Em outras palavras, dá para comprar um carro de playboy sem ser rico - mesmo que seja um usado.
Abaixo, veja alguns estereótipos comuns dos carros brasileiros - visto muito frequentemente em redes sociais e fóruns automotivos. E também exemplos de modelos que se enquadram neles. Será que o seu faz parte de algum grupo?
CARRO CLASSE MÉDIA
É aquele carro entre R$ 80 mil e R$ 150 mil, talvez um pouco mais, ou um pouco menos. No geral, o carro classe média é aquele tipo certinho, que não dá dor de cabeça, tem bom espaço, manutenção baixa e revenda fácil.
Além disso, é o tipo de automóvel que, geralmente, não é muito admirado pela própria. No entanto, há alguns "eleitos" que ganham o respeito desse grupo, e acabam se transformando em fenômeno de vendas. Três exemplos: Compass, Corolla e Toro.
CARRO DE COXINHA
Embora o "coxinha" seja bastante associado à classe média, existem representantes desse estilo de vida em todas as classes sociais. O "coxinha" gosta de impressionar. Então, o carro tem de ser bonito, admirado, símbolo de status.
Porém, ele tem pavor a fazer um negócio ruim. Por isso, o medo de ousar impera: e se o automóvel desvalorizar muito? Entre Onix e HB20, o "coxinha" vai preferir sempre o segundo. Ele acredita que a Hyundai tem mais status que a Chevrolet, e acha o carro da sul-coreana mais bonito.
As picapes em geral também os agradam, pois são grandes e chamam a atenção nas cidades. Toro, L200 e Hilux estão nessa lista. Entre os SUVs, eles vão preferir um que chama mais a atenção, como o Renegade, que tem um visual inusitado.
Civic e Corolla sempre serão boas opções para esse público. O primeiro, pelo design. O Toyota, por ser um bom negócio. Para o "coxinha", o Mercedes-Benz Classe C é praticamente um sonho de consumo, assim como o Land Rover Discovery Sport.
CARRO DE MULHER
Há mulheres que gostam de carros rápidos, com dirigibilidade esportiva. Algumas adoram os pequenos e não estão nem aí para porta-malas (meu caso, por exemplo). Mas somos minoria.
De acordo com pesquisas das montadoras, as mulheres são mais racionais na hora da compra. Querem espaço interno, posição de guiar alta e amplo porta-malas. Com desempenho elas não se importam tanto, mas nem por isso querem carros lentos.
Design, porém, é o toque emocional do público feminino. Elas fazem questão de carros belos.
Em outros tempos, carros da Citroën em geral, e o C3 em particular, eram considerados carros de mulher. Hoje, sem dúvidas, elas gostam mesmo é dos SUVs.
Os preferidos são os compactos mais espaçosos, como HR-V e Creta. O Renegade, por isso, não faz a cabeça delas. É apertado e rústico demais. Entre os maiores, são dois os preferidos: Outlander e Santa Fe.
CARRO DE TIOZÃO
No Brasil, esse termo acabou se tornando a maneira de designar a antítese do carro de jovem. É o tipo de modelo que não tem ousadia. Nem na estética exterior, nem na cabine, nem no quesito tecnologia.
Sistemas de conectividade, por exemplo, não são mandatórios para esse público. Já o visual sóbrio é. Ser lento? Pode ser. Há quem diga que o carro de "tiozão" é aquele modelo conservador que não anda nada.
No Brasil, o Corolla é um dos maiores ícones do grupo de carros de "tiozão". Os sedãs (principalmente os asiáticos e americanos), em geral, são assim taxados.
Accord, Camry, Azera, Chrysler 300C estão entre os carros de "tiozão". E qualquer Mercedes, do Classe C ao S. Principalmente nesta fase, em que a marca abriu mão da ousadia da geração anterior e voltou a investir no visual conservador.
Se o "tiozão" tiver família grande, dois ícones são as vans grandalhonas Chrysler Town& Country (a ser substituída pela Pacifica) e a Kia Carnival (veja mais na galeria abaixo).
CARRO DE RICO
É o carro que a classe média quer, mas (ainda) não pode ter. Em outras palavras: é o sonho de consumo da classe média.
No geral, são os modelos que custam mais de R$ 200 mil. E, como são os SUVs que estão em alta, há diversos nessa lista. Exemplos são os Volvo XC90 e XC60, o BMW X5, Porsche Macan, Jaguar F-Pace e todos os Land Rover.
CARRO DE PLAYBOY
Carro de playboy não é carro de rico, pois existem playboys em todos os níveis sociais. É um grupo que faz questão de refletir, no automóvel, seu estilo de vida. Um visual esportivo é primordial e, se o carro for rápido, melhor ainda.
É para o playboy que as montadoras fazem os carros com apelo visual esportivo, como o Fox Pepper e o Argo HGT, por exemplo. É o playboy, seja ele homem ou mulher, o público alvo do Mini Cooper.
E se o playboy for rico, não há limites. Ele vai logo comprar um Porsche de dois lugares, ou um sedã preparado, como o BMW M3.
Conforto não importa. Importam carros rápidos e viscerais. A BMW, aliás, está para o playboy assim como a Mercedes para o "tiozão". Isso porque, entre as fabricantes alemãs, é a que produz os carros com pegada mais esportiva.
Leia aqui a lista de carros de playboy para todos os gostos e bolsos.
CARRO DE MACHO
Esse estereótipo existe, e é bem sem noção, não é? Por isso, prefiro não falar dele. Para que dar asas ao machismo?
VEJA TAMBÉM: OS CARROS MAIS DE TIOZÃO DO BRASIL
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