A Citroën acaba de celebrar 100 anos de uma história marcada pela inovação. A começar pelo duplo Chevron, símbolo da marca, que reproduz o desenho do de duas engrenagens helicoidais e surgiu em uma época em que o comum era o uso de sistemas com dentes retos.
Em abril de 1919, a empresa criada pelo engenheiro francês Andre Gustave Citroën, anunciou o lançamento do Type A. O primeiro veículo da companhia surgiu em julho do mesmo ano, com motor de quatro cilindros e 1,3 litro que podia acelerá-lo a 65 km/h.
Para mostrar a robustez de seus carros, Citroën criou o “Scarabée d’Or” (Escaravelho de Ouro). Em 1922, o modelo com pneus no eixo da frente e lagartas atrás desbravou as areias do deserto do Saara, na África e se tornou o primeira veículo a concluir tal façanha.
Em 1934, surge o Traction Avant, primeiro carro do mundo com carroceria monobloco e tração dianteira. Por ter menos componentes na transmissão, caso do eixo cardã presente em veículos com tração traseira, o modelo era mais leve e eficiente, tanto na entrega da força do motor às rodas quanto em consumo de gasolina.
‘FUSCA FRANCÊS’
O 2 CV foi um dos Citroën mais emblemáticos. O projeto do carro, que ficou conhecido como o “Fusca francês”, começou antes da Segunda Guerra. Mas ele só ganhou as ruas após o conflito, em 1948.
A alusão ao alemão se deve a aspectos como o baixo custo e a valentia. A única grande alteração implementada no carro até seu fim de linha, em 1990, foi a suspensão independente.
Mas o 2 CV não foi o único Citroën a fazer história. O DS chegou em 1955 e brilhou pelo visual ousado, por ter freios a disco e por “popularizar” a suspensão hidropneumática desenvolvida pela companhia.
O Mehari, por sua vez, entraria para a história por ter carroceria feita de plástico. O simpático jipinho feito entre 1968 e 1987 era imune à corrosão.
No Brasil, um dos carros mais importantes da marca foi o Xsara Picasso. Com cinco bancos e amplo espaço interno, a minivan foi o primeiro Citroën feito na fábrica de Porto Real (RJ), inaugurada em 2001.
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GUIANDO O TRACTION AVANT
Durante as celebrações dos 100 anos da marca, pudemos guiar um Traction Avant de 1956. O carro pertence a um colecionador brasileiro. A porta, do tipo suicida (abre-se para trás), facilita entrar na cabine. Para dar a partida, é preciso acionar a embreagem.
Piso fundo no pedal, giro a chave e o motor pega de primeira. O freio de estacionamento é uma alavanca centralizada sob o painel, longe do motorista.
A alavanca de câmbio fica no painel, à direita do volante, e os engates são em forma de “H”. A primeira só engata com o carro parado – há três velocidades à frente, mais ré. Como não há sincronizador, é preciso cuidado nas trocas de marcha.
Lanternas e setas são pequenas. Na dúvida, é bom por o braço para fora para sinalizar. É preciso algum tempo para o motorista se habituar com a dianteira comprida e o volante de respostas lentas.
O rodar suave surpreende. O mérito é da suspensão dianteira independente e do sistema traseiro com eixo de torção. O motor 2.9 de seis cilindros em linha gera 15 cv. Com ele o carro alcançava os 130 km/h, segundo dados a Citroën.