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Volante liga homem e máquina há 120 anos
História

Volante liga homem e máquina há 120 anos

Volante é o principal ponto de contato do motorista com o carro, mas corre risco de desaparecer no futuro, com veículo autônomo

Hairton Ponciano Voz

13 de abr, 2020 · 8 minutos de leitura.

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volante mercedes sslk 1932
Mercedes-Benz SSKL “silver arrow” (flecha de prata) de 1932 era um carro de corrida com um grande volante e acabamento esmerado
Crédito:Daimler/Divulgação

Antes que os primeiros automóveis começassem a ganhar as ruas, nos anos 1880, alguns desafios precisavam ser vencidos. O primeiro deles era como colocar essas máquinas em movimento sem auxílio de cavalos. Vencida essa etapa, a próxima era como fazê-la parar com o mínimo de segurança. O terceiro obstáculo era como fazer para mudar de direção, já que as rédeas haviam saído de cena juntamente com os animais. Faltava o volante.

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A mudança de direção feita por um volante circular chegou ao automóvel depois do motor e dos freios. Os primeiros modelos automotores (que se movimentam por meios próprios, sem auxílio de força animal) tinham uma haste rudimentar (aliás, como quase tudo nos primórdios dos veículos) conectada ao eixo dianteiro. Era essa peça que estabelecia a ligação entre homem e máquina.
Um sistema como esse foi o responsável por indicar a direção a seguir do primeiro veículo motorizado patenteado, que recebeu o nome de Patent-Motorwagen. O nome era uma indicação clara para não deixar dúvidas sobre seu pioneirismo. Isso foi em 1886, na Alemanha. O motor de um cilindro gerava menos de 1 cavalo (0,9 cv, para ser preciso).

Sem volante, controle era limitado

A rápida evolução da velocidade passou a exigir a instalação de sistemas de freios e de direção que acompanhassem o ritmo dos motores. Caso contrário, o carro não pararia ou não faria a curva de forma adequada. Ou os dois. O primeiro volante circular de que se tem notícia foi utilizado em uma competição em 1894. A prova, nos primórdios da história do automóvel, reforça a tese de que as corridas com carros começaram assim que o segundo automóvel foi criado.
Foi esterçando para lá e para cá um volante circular que o francês Alfred Vacheron disputou a primeira corrida de automóveis da história. Ela ocorreu em um percurso de 128 km entre Paris e Rouen, na Normandia, França. O Panhard com motor Daimler chegou em 11º lugar, marcando o início de um futuro bastante promissor.


Apesar dessas experiências pontuais, até a virada do século a maioria dos carros ainda saía das garagens onde eram feitos com uma espécie de manivela giratória para a realização de manobras. Ou um comando simples operado com uma das mãos, semelhante ao utilizado em motores de popa de barcos, só que instalados na dianteira.

Em 1900, surgiu o termo ‘volant’

Com a chegada do novo século, a direção em forma de circunferência tornou-se comum. Em 1900, a peça foi imediatamente apelidada de “volant”, termo que resiste até hoje – em português com um “e” no final.
O sistema tornou tão intuitiva e simples a operação do veículo que os primeiros Mercedes, produzidos pela Daimler, foram batizados de Simplex.
O próximo passo foi inclinar a coluna de direção. No começo, a barra ficava quase na vertical, sobre o eixo, e portanto o volante ficava deitado. Essa posição permaneceu quase inalterada por décadas em caminhões, ônibus e até em modelos como a Volkswagen Kombi. Mas aos poucos a coluna foi sendo reposicionada para a diagonal. Por isso, o volante assumiu uma posição mais vertical.
Outra evolução importante ocorreu no tamanho. Sem nenhuma assistência hidráulica, no começo os volantes tinham de ser grandes. A razão é que, quanto maiores, menor o esforço para girá-los.

Direção hidráulica veio para facilitar

Em 1958, a Mercedes lançou a direção com assistência hidráulica, que deixou o sistema muito mais leve. Assim, o esforço do motorista diminuiu, e o volante teve o tamanho reduzido.
O passo seguinte foi o acúmulo de funções, muito além da buzina. No quesito segurança, a peça passou a abrigar o air bag destinado a proteger o motorista em caso de acidente. Já no que diz respeito a conforto (e também segurança), o volante passou a incorporar comandos do sistema de som, hastes para mudanças manuais de marcha, teclas de telefonia celular e controlador automático de velocidade, entre outros.

Fórmula 1 tem todos os controles à mão

O ponto máximo da tecnologia aplicada em um volante está nos carros de Fórmula 1, como neste exemplar da Renault. A peça concentra todos os ajustes e controles do carro. Por meio de botões é possível acessar vários comandos, como preparar o carro para a largada com a máxima potência possível, selecionar ponto morto, limitar a velocidade para entrar nos boxes, avisar a equipe sobre uma parada, conversar com o engenheiro, balancear os freios entre a frente e a traseira, etc.
O próximo grande passo do volante na escala da evolução deverá ser seu desaparecimento. Mas para isso será preciso que os carros cheguem ao nível máximo de automação, no qual não será mais necessária a presença de um motorista. Vai demorar.
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Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.