De todas as letras da “sopa de letrinhas” que vem se tornando comum aos carros mais tecnológicos, o ESP é um dos mais antigos e está fazendo aniversário. Criado há 25 anos, o controle de estabilidade equipou o primeiro veículo de produção em 1995.
O ESP foi registrado pela Bosch. Porém, seu “código” varia conforme o sistemista ou fabricante do veículo: ESC, VSC, VSA, AFU, VSE, DSC, VDC, são só algumas das abreviações dos nomes dados ao mesmo sistema. Desenvolvido pela marca alemã, ele equipa hoje 82% dos veículos de passeio e picapes novos produzidos no mundo, segundo a companhia.
História
Mas o caminho desse sistema até equipar o primeiro carro não foi curto. O sistema começou a ser pensado em 1983, depois que engenheiros da empresa, analisando os sistemas de ABS (antitravamento dos freios) começaram a criar ideias para evitar que as rodas escorregassem. Em 1984, a empresa montou uma time de desenvolvimento apenas para cuidar desse projeto.
O foco desse time era encontrar uma maneira de usar o ABS como base para desenvolver um sistema de controle de freio que oferecesse melhoria no controle do veículo quando estivesse derrapando em uma curva ou situações de perda de estabilidade. A meta era “manter o veículo esterçável e estável o suficiente o quanto as leis da física permitissem”.
Essa meta levou a, em 1992, criação de uma parceria com a Daimler, grupo que controla a Mercedes-Benz. Assim, a montadora alemã garantiu a primazia do uso do sistema em seus veículos. O acordo previa o desenvolvimento final do controle de estabilidade para a entrada em produção dentro de 3 anos.
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Lançamento no Classe S e chegada ao Classe A
Como acontece com a maioria das novas tecnologias, elas surgem primeiro em carros de ponta – os modelos mais caros. Em maio de 1995, o controle de estabilidade estreava no Mercedes-Benz Classe S Coupé. O sedã seria apresentado em setembro do mesmo ano, também equipado com o novíssimo sistema. O ESP era de série nas versões de topo, equipadas com o motor V12, enquanto nas V8 era um opcional.
Foi de um momento constrangedor que o sistema acabou de popularizando – ao menos na Europa. Durante uma avaliação do então novíssimo Classe A, o carro mais barato da Mercedes, em 1997, pela revista sueca Teknikens Värld, que realiza o temido “teste do alce”.
O teste consiste em realizar uma manobra evasiva em alta velocidade, como se um alce tivesse atravessado a pista. Infelizmente, o Classe A capotou com tremenda facilidade, mostrando como ele era pouco estável. Para resolver o problema, a Mercedes tornou a tecnologia de série no compacto monovolume.
Controle de estabilidade: como funciona
O controle de estabilidade usa informações de sensores no veículo que detectam se o carro está na mesma direção na qual o motorista está esterçando o volante. Se há uma diferença entre esses vetores, a eletrônica faz o ESP intervir. Para isso, os sensores comparam a trajetória do veículo e do ângulo do volante 25 vezes por segundo.
Quando esses parâmetros não estão em acordo com o padrão projetado, o ESP, com o controle de tração, faz o torque do motor ser reduzido por meio da central eletrônica (ECU) e aplica frenagem individual nas rodas. Assim, o sistema traz o carro de volta para a trajetória correta, evitando acidentes.
Há uma série de situações que podem fazer com que o ESP entre em ação. Mudança bruscas de trajetória em alta velocidade é a mais comum. Mas entrar muito rápido em curvas pode acionar o sistema, pista molhada ou de baixo atrito e curvas fechadas, também podem acionar.
A maioria dos carros tem um botão para desativar o sistema por dois motivos distintos. O primeiro é situações de baixa aderência. O condutor pode desativar para passar por cascalho, terra ou neve e em baixa velocidade. É preciso permitir que as rodas girem soltas. Geralmente, ao superar determinadas velocidades, o sistema volta a funcionar 100% (ele não desativa por completo).
O segundo motivo é o uso esportivo. Ele permite a desativação para o uso em pista em track days, por exemplo. Isso permite, por exemplo, realizar manobras de contra esterço e drift com o veículo. Em alguns o sistema é calibrado para ficar muito permissivo ao ser “desligado”, em outros pode ser desligado por completo realmente, caso dos Porsche 911 e dos modelos ‘M’ da BMW.
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Com o passar dos anos, o sistema foi sendo melhorado. Ficou mais compacto, ágil e mais barato com a popularização para mais carros. Em 2013, a companhia chegou a marca de 10 milhões de unidades produzidas de controles de estabilidade. Hoje, já são mais de 250 milhões de unidades.
Com sua funcionalidade comprovada em melhorar a segurança e salvar vidas, o sistema foi se tornando obrigatório ao redor do mundo para veículos novos. Nos Estados Unidos, todos carros zero-km têm que ser equipados com ESP desde 2012. Na União Europeia, a implantação foi gradual. Desde novembro de 2011 para novos produtos no mercado, carros de passeio e comerciais leves. E a partir de novembro de 2014, para todos os veículos à venda.
E no Brasil?
Aqui a regra de obrigatoriedade do sistema começou a valer este ano. Qualquer produto novo que entrou no mercado em 2020 precisa ter controle de estabilidade de série, desde o dia 1º de janeiro. A partir de 2022, nenhum carro poderá ser oferecido no mercado nacional sem que seja equipado com o sistema.