O Volkswagen Passat não é mais vendido no Brasil. O sedã, que tem o mesmo nome do hatch feito no País de 1974 a 1988, era importado da Alemanha. O modelo, que está na oitava geração, vem perdendo vendas no mundo inteiro por causa da mudança de comportamento do consumidor. As famílias estão trocando os sedãs pelos SUVs. Além disso, com o euro cotado em torno dos R$ 6,30, o carro perdeu competitividade. Seu preço sugerido era caro e quase encostava nos R$ 170 mil.
Mesmo com visual elegante e um bom motor 2.0 turbo de 220 cv de potência, o sedã da Volkswagen nunca foi bem aceito no mercado brasileiro e, com isso, vinha patinando em vendas. De janeiro a julho de 2020, foram emplacadas apenas 124 unidades. Para comparação, líder de licenciamentos do segmento no Brasil, o BMW 320 (parte de R$ 226.950) teve 2.176 vendas no mesmo período.
No ano passado inteiro, foram vendidas 1.048 unidades. E a queda do interesse do consumidor não está restrita ao Volkswagen Passat. O Honda Accord (R$ 224.900), por exemplo, que disputa o mesmo segmento, teve apenas 177 emplacamentos em 2019. O Toyota Camry (R$ 276.990) nem aparece na lista dos 12 mais vendidos. Os dados são da Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionárias instaladas no Brasil.
Até o Fusion, um médio grande considerado também como concorrente, sucumbiu à queda nas vendas. O sedã da Ford, que deixou de ser importado no fim do ano passado, acaba de sair de linha. O modelo, que custava entre R$ 149.990 e R$ 182.990, era feito no México e vendido em vários mercados, inclusive os Estados Unidos – até o último dia 31.
Trocado por um SUV
O motivo dessa aposentadoria é, justamente, dar espaço para a produção do Bronco Sport. Trata-se de um SUV médio que deve chegar ao Brasil no ano que vem. Ou seja, mesmo reunindo atributos como porta-malas generoso (514 litros) e soluções como opção de motorização híbrida, o modelo não conseguiu enfrentar o forte apelo dos utilitários esportivos, que vêm conquistando cada vez mais clientes com esportividade, tecnologia e até mais espaço que os três-volumes.
Por falar em espaço, esta continua sendo a cartada dos poucos sedãs que persistem no mercado. Para se ter ideia, o Camry transporta até 593 litros de bagagem no porta-malas. No Accord, esse espaço cai para 574 litros. Em relação a entre-eixos, ambos são generosos. Oferecem os mesmos 2,83 metros. Porém, enquanto o Honda se move com o auxílio do 2.0 turbo de 256 cv, a Toyota investiu num 3.5 V6 de 310 cv.
Passat brasileiro era igual ao Audi 80
Embora tenha o mesmo nome, cabe salientar que o modelo retirado da gama Volkswagen no Brasil nada tem a ver com o hatch fabricado por aqui no passado. O modelo da foto acima era baseado no Audi 80 (marca que também pertence ao Grupo VW).
Foi a partir do sedã da marca das quatro argolas que o renomado designer italiano Giorgetto Giugiaro conferiu ao Passat uma carroceria com perfil fastback. Lançado em meados de 1973 (1974 no Brasil), tinha versões com duas e quatro portas. A configuração perua, da primeira geração, não chegou a ser vendida por aqui.
Demais opções
Aliás, já importado – a partir da quarta geração, nos anos 1990 -, o Passat passou a comercializar a versão station wagon no País. Mas a falta de interesse da clientela acabou por encerrar sua comercialização há cinco anos.
Foi, justamente, nessa época que o Passat de oitava geração desembarcou no Brasil. O sedã ainda passou por mudanças visuais na Europa em fevereiro de 2019. Porém, o mercado local não acompanhou a atualização.
De acordo com a Volkswagen, as últimas unidades à venda do Passat Highline ainda estão disponíveis em algumas concessionárias do País. Mas é pouco provável que o consumidor cogite a compra do estoque, afinal, a empresa oferece modelos como Jetta GLI (R$ 165.490) e Tiguan R-Line (R$ 208.590), que têm conjunto mecânico semelhante e melhor relação custo-benefício. Ambos são importados do México, o que facilita até mesmo o pós-vendas.
A Volkswagen até cogitou a importação o Passat GTE para o Brasil. O modelo híbrido chegou a ser mostrado no Salão do Automóvel de São Paulo em 2018, mas o plano não seguiu em frente.