Todo fã de carro tem um “xodó”. Geralmente trata-se daquele modelo que ficou (ou etá) há tanto tempo com a gente que criamos uma espécie de relação afetiva. É o caso do Hyundai HB20 de 2106 do engenheiro de produção José Milton Balbino Junior, que acaba de atingir a marca de 300 mil km rodados. Como prêmio em reconhecimento ao HB mais rodado do País, a fabricante reformou o carro totalmente e não cobrou nada do cliente.
Junior é um cliente fiel. Fez todas as revisões do hatch na concessionária de Mogi Guaçu (SP). Ele conta que comprou o hatch, da versão Comfort Plus 1.0 no mesmo ano eu mudou de emprego. “Um amigo me convidou para trabalhar no pós-venda de uma empresa de cerâmica”, diz. Ele, então, passou a utilizar o HB20 para visitar clientes. Isso explica o motivo de a quilometragem ser bastante alta.
Quatro anos se passaram e chegou a hora de fazer a revisão. Como essa era a 30ª, Junior pediu ao gerente da oficina, Edson, que já virou seu amigo, um abatimento no preço do serviço. Quando o pessoal da área de marketing da fabricante ficou sabendo da história, resolveu recompensar o cliente pelo tempo de parceria.
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Assim que o HB20 foi levado para a revisão, Edson avisou que teria de ficar um pouco de tempo mais com ele. a justificativa seria a necessidade de realização de análises mais profundas. Durante esse período, Junior ficou usou um carro reserva oferecido pela Hyundai para poder trabalhar. .
Quando foi buscar seu carro de volta, o engenheiro não reconheceu seu companheiro. “Entreguei o carro que eu estava usando e perguntei ao Edson onde estava o meu. Ele, meio que encenando, falou que estava ali, só que eu não o reconheci.”
De fato, o HB20 era outro. O capô, que estava batido, foi recuperado. As rodas de aço com calotas foram substituídas por outras, de liga leve. O pára-choque dianteiro e o para-brisa, que estavam danificados, foram trocados por novos. No interior, algumas peças que estavam desgastadas, como o volante e a manopla de câmbio, foram substituídas.
O HB20 também ganhou novos itens como módulo elétrico de subida de vidros, protetores de soleiras, emblemas e organizador de porta-malas. As laterais também receberam frisos. Além disso, Junior ganhou uma placa de reconhecimento, um cartão no valor de R$ 2,5 mil para compra de combustível, uma camisa de seu time de coração autografada pelos jogadores e um voucher de jantar em um restaurante.
Ele afirma que pretendia trocar de carro, mas ficou tão surpreso e feliz que desisti da ideia. “Não pretendo me desfazer dele. Não estou preparado para trocar por um zero-km e dar ele no negócio”, diz.
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Inscreva-seHB20 com alta quilometragem é raridade
Segundo o vice-presidente comercial da Hyundai, Angel Martinez, é raro encontrar um cliente pessoa física com um carro tão rodado. Ele afirma que ficou muito satisfeito em poder realizar a ação: “Combinou o elo e a paixão por prestar um bom atendimento aos clientes com a robustez e qualidade dos nossos veículos que, no final, deu um casamento perfeito como esse do Junior”.
Martinez reafirmou a preocupação com a fidelização desde a venda do carro novo até as ações voltadas ao atendimento no pós-venda. “Gostamos de conhecer nossos clientes. E os concessionários são encorajados a compartilhar esse tipo de histórica com a fabricante. Queríamos reconhecer não só o cliente, mas também a equipe da revenda”.
Picapes com 1,6 milhão de km rodados
O caso de Junior é o primeiro conhecido no Brasil. Já nos Estados Unidos é comum as fabricantes premiarem seus clientes fiéis. Em 2016, por exemplo, uma picape Tundra 2007 atingiu a marca de 1,6 milhão de km rodados. Como reconhecimento pela longa relação com a empresa, o dono do carro, Victor Sheppard, ganhou da Toyota uma Tundra zero-km – a 16ª dele.
De acordo com Sheppard, sua 15ª Tundra nunca teve o motor ou o câmbio trocados nem danos na funilaria. No manual do da picape constam 117 trocas de óleo, substituições de correia e revisões regulares. A Toyota informou que ficou com o carro para avaliar o estado dos componentes após quase dez anos ininterruptos de uso.
Outro norte-americano, Brian Murphy, também rodou 1,6 milhão de km, mas com uma Nissan Frontier de 2007. A marca foi atingida neste ano pelo motorista que faz entregas em Chicago, no Estado de Illinois, e dirige, em média, 123 mil km por ano.
O motor e o câmbio manual de cinco marchas da Frontier ainda são originais. A embreagem que veio de fábrica durou por 1,2 milhão de km antes de ser substituída. O alternador e o radiador tiveram de ser reparados aos 724 mil km. Como “agrado”, a Nissan deu uma Frontier 2020 a Murphy.