Você está lendo...
Qual o segredo do sucesso da Porsche no Brasil?
Notícias

Qual o segredo do sucesso da Porsche no Brasil?

Com alta de 62,5% nas vendas até setembro, marca alemã de carros de luxo já superou o volume de 2019. Sem estoque disponível, revendas da Porsche negociam unidades que serão entregues em 2021

Diogo de Oliveira, special para o Estado

21 de out, 2020 · 6 minutos de leitura.

Publicidade

recall
Porsche 911 é um dos três modelos envolvidos no recall
Crédito:Porsche/Divulgação

A indústria automobilística foi drasticamente afetada pela pandemia em 2020. Tendo fechado fábricas e concessionárias no início do surto da covid-19. A Anfavea – Associação Nacional das Fabricantes de Veículos – prevê um recuo de 31% nos emplacamentos deste ano sobre 2019. Mas a Porsche parece imune à crise. Com estoque zerado, as lojas já negociam os carros de 2021. Mágica?

“Com dinheiro no bolso e vontade de ter um Porsche, a oportunidade foi perfeita”, explica Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de negócios da consultoria Jato Dynamics. “Além de ser uma marca forte com produtos de ponta, existe a questão do dólar. Que subiu sem impactar diretamente a empresa. Mas os novos preços chegarão mais para frente”, pondera o especialista da Jato Dynamics.

porsche, cayenne, SUV, luxo, vendas, sucesso

Publicidade


Foto: Porsche/Divulgação

No acumulado até setembro, as vendas da marca estão 62,5% maiores neste ano em comparação com o mesmo período de 2019. A Porsche emplacou 2.023 carros em solo brasileiro no período, resultado muito maior que as 1.245 unidades somadas no mesmo intervalo de 2019. O total, inclusive, já supera as 1.849 unidades somadas pela montadora de janeiro a dezembro do ano passado.

“Tivemos um excelente início de ano por causa dos contratos assinados em novembro e dezembro de 2019. A Porsche tem um conceito diferente, chamamos as vendas de entregas, pois as encomendas são feitas com antecedência. Atualmente, mais de 70% dos veículos da marca são vendidos por encomenda no mundo”, explica Rodrigo Soares, head de comunicação e porta-voz da Porsche Brasil.

O grande segredo é que o modelo de vendas da marca garante que não haja tanta interferência do câmbio nos negócios. Quando o cliente faz o contrato, ele paga um sinal de 10% do valor do veículo e o preço final é garantido pela empresa. O comprador só precisa calcular o dólar do dia. Isso dá uma confiança comercial, por não ter surpresas lá na frente, no momento da entrega do veículo.




porsche, macan, suv, luxo, vendas, sucesso, brasil
Foto: Felipe Rau/Estadão

911 supera SUVs e é o mais vendido

Algo curioso e que foge à tendência é o ranking dos modelos. Enquanto os SUVs Cayenne e Macan são os campeões de vendas no mundo, no Brasil o icônico 911 é o mais licenciado da marca em 2020. Ao todo, 651 unidades do esportivo mais famoso da Porsche foram emplacadas, ante 519 unidades do Cayenne, e 434 unidades do Macan, que é o mais barato da marca, a partir de R$ 339 mil.

De acordo com a Porsche, a alta do dólar dos Estados Unidos tornou o 911 Carrera mais barato no Brasil do que no exterior, e isso talvez tenha ajudado o esportivo. “Nosso cliente não compra necessariamente com base no preço. Não é um aspecto que pesa sobre os esportivos. Talvez influencie mais os SUVs. De toda forma, o preço é igual ou menor que na Europa e EUA”.


porsche, taycan, elétrico, turbo, pré-venda, brasil
Foto: Porsche/Divulgação

Recentemente, a filial brasileira da marca alemã voltou a promover encontros com clientes depois de meses de paralisação por causa da pandemia. Essas ações de marketing são um grande fomentador de vendas, relembra Milad Neto, da Jato Dynamics. “Não pode ser ignorada a atuação da Porsche com eventos específicos, gerando interesse crescente pela marca”, pontua o especialista.

Além da retomada dos eventos e cursos da marca, Soares lembra que a modernização da gama de veículos e a ampliação da rede de concessionários também estão influenciando nos resultados. A marca quer chegar a 13 revendas em 2021, e tem mais lançamentos previstos, com destaque para o elétrico Taycan, que está em pré-venda e já registra volume de pedidos bem acima do previsto.


O Jornal do Carro está no Youtube

Inscreva-se

Deixe sua opinião
Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”