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Volkswagen projeta vender só carros elétricos até 2035, mas não no Brasil
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Volkswagen projeta vender só carros elétricos até 2035, mas não no Brasil

Política e infraestrutura farão marca seguir com diferentes estratégias. Volkswagen vai virar a chave para carros elétricos já em 2026

Eugênio Augusto Brito, Especial para o Jornal do Carro

29 de jun, 2021 · 8 minutos de leitura.

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Volkswagen Golf Woerthersee-GTE 2021
Volkswagen Golf Woerthersee-GTE 2021
Crédito:Foto: Divulgação/Volkswagen

Depois de a Audi anunciar seu arrojado plano de eletrificação, a Volkswagen confirma que também já tem um prazo para encerrar a oferta de carros com motores a combustão. De acordo com o chefe comercial da marca alemã, Klaus Zellmer, a montadora alemã projeta acabar com os modelos tradicionais entre 2033 e 2035, e vender apenas carros elétricos na a partir deste ano. Isso no mercado europeu.

Segundo o executivo, nos Estados Unidos, na China e em outras regiões, como a América do Sul e o Brasil, a fabricante ainda não determinou um prazo para o fim dos veículos com motores a combustão interna. Isso porque o Velho Continente tem regras de emissões de CO2 extremamente limitantes (redução de emissões em 60%) a partir de 2030.

Os planos de Volkswagen para fabricar carros elétricos foram anunciados em dois momentos por executivos da gigante alemã. Primeiro, em um comunicado oficial sobre metas para transição do atual modelo para a entrega de carros eletrificados, conectados e autônomos no futuro. Depois, uma entrevista ao jornal Münchner Merkur, de Munique.

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Eletrificação gradual

“Na Europa sairemos do negócio de veículos com motor de combustão entre 2033 e 2035, nos EUA e na China um pouco mais tarde”, afirmou Klaus Zellmer, chefe global de marketing, vendas e pós-vendas da VW. Segundo o executivo, que também é do conselho da VW, o total de carros elétricos a bateria na Europa vai subir a 70% das vendas até 2030.

Para o executivo, alguns países já verão a eletrificação total mesmo antes disso. É o caso da Noruega, que só permitirá a venda de modelos totalmente elétricos a partir de 2025. Mas a VW quer que governos permitam uma certa “margem de manobra” nestes limites. Sobretudo por conta do uso de carvão como fonte de energia em diversos países.

VW Thomas Ulbrich Klaus Zellmer
Klaus Zellmer (à direita) e Thomas Ulbrich, chefe global de P&D da VW (Divulgação)

Ponto de virada

Para Klaus Zellmer, o ano de 2026 (citado pela Audi) será um “ponto da virada” para as diferentes marcas do grupo Volkswagen, por causa da introdução de novas tecnologias e metas para uso da plataforma MEB. Assim, o executivo acrescenta que 2026 terá o surgimento da “trindade” carro elétrico de longo alcance, carregamento rápido e alto grau de digitalização.

A MEB é a base modular para fabricação de veículos elétricos que serve não só à Volkswagen (com a linha ID). A base para elétricos também pode reduzir custos, bem como ampliar lucros em escala em diferentes marcas do grupo, incluindo as de veículos comerciais.

“Graças a essas economias de escala, temos o potencial de tornar as inovações digitais acessíveis e adequadas para a produção em massa para o mercado”, disse Zellmer. Essa renovação de linha será vista também com Audi, Seat, Skoda e Volkswagen Veículos Comerciais.


Política atrasa carros elétricos no Brasil

Assim, Brasil, China e Estados Unidos vão conviver normalmente com carros comuns, e menos com carros elétricos, por mais algum tempo, segundo chefões da Volkswagen. Por isso, Zellmer aponta que a eletrificação “vai demorar um pouco mais na América do Sul e na África, por falta de condições de enquadramento político e infraestrutural”.

“Como um fabricante de volumes, a Volkswagen tem que se adaptar às diferentes velocidades de transformação de cada região”, afirma Zellmer. Dessa forma, a VW não pode determinar um prazo para o fim dos veículos a combustão nessas regiões, bem como EUA e China.

De qualquer forma, Zellmer aponta que a China já tem uma “ofensiva em andamento”: “Nossos carros elétricos tiveram uma excelente recepção. Nosso objetivo é vender cerca de 450.000 carros eletrificados este ano, incluindo modelos totalmente elétricos e híbridos plug-in”.




Brasil tem alternativa?

Anteriormente, o CEO da Volkswagen na América Latina e no Brasil, Pablo Di Si, afirmou que alternativas ganham força na região. É o caso do uso do etanol em forma de célula de combustível que pode ser convertido em hidrogênio para alimentar as baterias. Dessa maneira, o uso do etanol pode facilitar a recarga de carros elétricos no Brasil, apontou Di Si, em evento no começo do ano.

“Não é importante só ter o carro elétrico, mas como abastecê-lo. Por que não usar o etanol? A tecnologia ainda não existe, entretanto temos o etanol, e com pesquisas, podemos (desenvolver)”. Ainda segundo Pablo Di Si, a Volkswagen, assim como a indústria local de carros, precisa “estudar como transformar o etanol e abastecer o carro elétrico”.

Até quanto haverá “motor a combustão”

Klaus Zellmer disse que a VW fará motores a combustão “por mais alguns anos”. Para justificar, o executivo usou o exemplo do motor a diesel, que domina as operações comerciais em diferentes mercados. “Existem perfis de direção para os quais os motores a diesel ainda são muito procurados, especialmente entre clientes com alta quilometragem”, apontou.


Sendo assim, a saída é investir na atualização dessas diferentes tecnologias, buscando eficiência. “Continuaremos investindo na otimização de nossos drives. Claro, isso se aplica ao diesel”, concluiu.

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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”