Que beleza abre portas é inegável. Seja no mundo real ou na ficção, a aparência chama os holofotes para si. Nesse sentido, quanto mais belo, maior o sucesso. E no universo dos automóveis, não é diferente. Exemplo disso foi constatado recentemente, durante teste do Jornal do Carro com o Mercedes-Benz GLE Coupé, que fez das ruas verdadeiras passarelas. Mas será que, de fato, esse quesito é fundamental?
Objeto de desejo por onde quer que passe, a segunda geração do GLE Coupé (chegou ao Brasil em janeiro) não é um SUV convencional como tantos outros que rodam por aí. Seu principal chamariz é a caída do teto em direção à traseira, que o torna um SUV cupê, bem ao estilo BMW X6 – pioneiro nessa pegada.
Na frente, destaque para a enorme grade cortada ao meio por um filete cromado. Nas laterais, rodas de 20″ e, atrás, lanternas com cantos arredondados que invadem a tampa do porta-malas – neste, aliás, vão 655 litros. A tampa tem abertura e fechamento elétricos.
O porém é que esse desenho compromete alguns pontos. O primeiro deles é o espaço para as cabeças dos ocupantes traseiros. Quem está acima da estatura mediana do brasileiro sofre um pouco e raspa a cabeça no teto – rebaixado em relação ao GLE convencional. A visibilidade traseira também não é das melhores – mesmo porque a coluna “C” é bem larga.
Estacionar também não é das missões mais fáceis. Afinal, são 4,94 metros no comprimento e 2,16 m de largura. Entretanto, para ajudar nessa missão, tem o ParkTronic, que auxilia nas manobras de estacionamento.
Preço e conteúdo
A beleza sem dúvida é imprescindível em alguns casos. Mas é bem verdade que isso não se sustenta além do primeiro momento. Tem que ter conteúdo. Até mesmo a Gisele Bündchen precisou ser mais que uma carinha bonita. Nesse sentido, a Mercedes-Benz optou por rechear o GLE Coupé. Afinal, em ambos os casos, a ideia é ir além de um simples desfile.
Oferecido em única versão de acabamento 400 d 4Matic Coupé, o modelo custa nada menos que R$ 764.900 nas revendas da Mercedes-Benz. O preço é bastante salgado, mas tem equipamentos de série para todos os gostos. O ar-condicionado tem saídas na frente e atrás, há teto solar elétrico panorâmico, sete airbags e até porta-copos com aquecimento/resfriamento.
A iluminação externa é toda feita por luzes de LEDs. Por dentro, também. Inclusive, dá para mudar as cores dos frisos do painel, console central e portas por meio do cluster digital. Além disso, quando o carro para com as portas destravadas, o logotipo da estrela de três pontas é projetado no chão com luzes de LEDs.
O SUV cupê exibe interior bem acabado e, como é praxe na Mercedes-Benz, conta com boa dose de sofisticação. Couro, madeira e detalhes alumínio revestem várias partes da cabine. A ergonomia e a funcionalidade são excelentes. Finalmente, a marca deixou para trás aquele monte de botões e optou por painéis com visual clean.
A central multimídia e o quadro de instrumentos, por exemplo, se integram em uma só peça. Tem tecnologia MBUX (assistente de configuração com comando de voz) e 10 polegadas cada tela.
O volante tem ótima pegada. Entretanto, realizar funções como uma simples troca de música, por exemplo, não é das tarefas mais simples. Isso porque o SUV – e outros modelos da marca – conta com teclas sensíveis ao toque. Uma solução não tão inteligente, tampouco prática.
Tecnologia
Mas se a Mercedes pecou nessa solução, por outro lado, tem inovação de sobra. O painel de instrumentos, por exemplo, tem modos de visualização configuráveis e pode exibir informações do carro, estação de rádio/música tocada, mapa ou mesmo modos de condução. Estes últimos, no entanto, se dividem em opções que vão da forma mais econômica até a mais esportiva ou off-road. Mudam, nesse sentido, os comportamentos de suspensão, volante, motor, e por aí vai.
Ao volante
Falando em comportamento, o Mercedes-Benz GLE Coupé desenvolve 330 cv extraídos do motor 3.0 diesel de seis cilindros em linha. Para ligá-lo, chave no bolso, ou no console. Basta apertar tecla no painel – do ladinho do volante – e despertar a fera, que chega aos 100 km/h em apenas 5,7 segundos. Um número excelente para um veículo deste tamanho. E não pense que por ser diesel o modelo tem aquele barulho de caminhão. Pelo contrário. E o isolamento acústico é excelente.
Aliado ao propulsor, atua o câmbio 9G-Troinc. Eficiência é a palavra de ordem durante as trocas das nove marchas. O trabalho é manso e preciso. As relações, nesse sentido, podem ser trocadas por modo sequencial por meio de borboletas atrás do volante.
Em curvas, a precisão não é tanta. Mesmo com tração integral (como informa a inscrição 4Matic), estamos falando de um jipão com mais de duas toneladas e centro de gravidade alto. Mas cabe frisar que, em termos de torque, nada a desejar. São 71,4 mkgf, disponíveis a breves 1.200 giros. É bem disposto.
Por fim, dentre os demais méritos, direção elétrica e toda a parafernália tecnológica que segura o carro nos trilhos. Na lista, tem controle eletrônico de estabilidade com assistente de curvas e os assistentes de freio e de partida em ladeiras.
O SUVzão fabricado em Tuscaloosa (Alabama, EUA), claro, não deixaria a condução semiautônoma de lado. Afinal, até carro barato tem hoje em dia. Portanto, controle de cruzeiro adaptativo e de permanência em faixa estão presentes. Tem, também, assistente de ponto cego, carregador de smatphone wireless e câmeras por todos os lados (inclusive, 360 graus).