Para tentar abocanhar uma fatia do sucesso do Ford EcoSport, que foi o primeiro SUV compacto do mercado e conquistou milhares de clientes, a Renault criou o Duster. Aliás, criar, não, já que o modelo nada mais é que o SUV homônimo lançado em 2010 pela Dacia – marca romena de baixo custo do grupo na Europa. Por aqui, chegou há 10 anos (em outubro de 2011) e, com duas gerações, acumula quase 320 mil unidades emplacadas.
A história começou, bem dizer, lá em meados da década de 2000, quando a plataforma B0, usada no Clio, mas com retrabalho da engenharia da Dacia, deu origem ao Logan. Foi, então, a partir do sucesso do sedã que os planos foram revistos e a marca decidiu fabricar derivados para vender mundo afora. É essa a origem do hatch Sandero e do SUV Duster.
O utilitário, entretanto, ganhou o mundo e chegou a ser vendido em mais de 100 países ao longo da última década – ainda hoje, é comercializado em 65 mercados. Em relação às vendas, de acordo com a Renault, foram mais de 3,5 milhões em todo o mundo até o momento.
Histórico
Feito com base na filosofia do baixo custo, o Duster logo fez sucesso no Brasil. O visual nunca foi um primor, mas o consumidor mais racional, que buscava boa altura em relação ao solo e amplo espaço, passou a ver o Duster com outros olhos. Para se ter ideia, seu porta-malas – o maior da categoria – tem 475 litros de capacidade.
Embora de início fosse bastante beberrão e, nas versões mais caras, tivesse a companhia do velho câmbio automático de quatro marchas, o Duster evoluiu ao longo do tempo. Ganhou soluções mais eficientes – como o atual câmbio CVT, emprestado dos modelos da aliada, Nissan – e até fez inveja à concorrência, com uso de soluções como tração 4×4.
Apesar de discreto nas vendas nos últimos anos, o preço acessível sempre o ajudou a se manter na disputa mesmo com a chegada de novos adversários, como Jeep Renegade, Nissan Kicks e Honda HR-V. Cabe salientar, nesse sentido, que nem mesmo a estreia do Captur intimidou o Duster. Pelo contrário, ele vende mais que o irmão com design francês.
Atualmente, seu portfólio conta com as versões Zen, Intense e Iconic. Os preços vão de R$ 96.190 a R$ 118.390. Todas carregam o motor 1.6 SCe flex de até 120 cv (com etanol no tanque) e 16,2 mkgf.
Facelift e séries especiais
Em 2015, o Duster ganhou seu primeiro redesenho – praxe quando o veículo atinge meia-vida, com cerca de 4 anos. O facelift em questão – um ano depois da comemoração de 1 milhão de unidades produzidas em todo o mundo – rendeu nova grade, faróis e lanternas, console central reestilizado, além de painel de instrumentos inédito e mais equipamentos.
Nesse meio-tempo, o SUV produzido no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR) teve várias séries limitadas. A primeira delas foi a Tech Road (2012), que trazia a multimídia Media NAV. No ano seguinte, veio a Tech Road II, com atualização de conteúdo.
Em 2015, estrou a série limitada Dakar, que prestava homenagem ao rali mais famoso do mundo. Em 2017, foi a vez da Dakar II. Já em 2019, a parceria com a GoPro rendeu edição limitada com foco no público que curte registrar momentos de aventura.
Nova geração
Mas foi só em 2020 que o Duster mudou (quase que) completamente. Embora a marca chame de segunda geração, o modelo ficou bem parecido com o anterior visualmente – porém, com linhas mais musculosas. Segundo a Renault, a ideia foi manter a identidade. O interior, contudo, passou por reformulação total em qualidade e equipamentos.
Dessa maneira, cabe destacar a inclusão de multimídia Easy Link, com tela de 8 polegadas e os sistemas Android Auto e Apple Carplay. Outro mimo que a Renault resolveu oferecer aos clientes do Duster foi o sistema Multiview. Nele, há possibilidade de enxergar os quatro lados do veículo para auxiliar em situações off-road. E tem novidade chegando em breve por aí, afinal, a Dacia já apresentou novo facelift do Duster (abaixo).
Nota zero no Latin NCAP
Mas também há pontos para ajustar. Em agosto, o novo Duster tirou nota zero no teste de impacto do Latin NCAP. Com apenas dois airbags, o SUV demonstrou fragilidade na segurança, com baixa proteção para os ocupantes. Teve até vazamento de combustível durante a colisão frontal provocada pelo órgão, que recomendou recall ao SUV.
De acordo com o Latin NCAP, o teste de impacto lateral registrou invasão acentuada da coluna B (do meio). E a porta dianteira do lado do passageiro abriu, resultando em proteção ruim para o tórax do respectivo ocupante. Para o motorista, a proteção do tórax também foi considerada ruim pelo órgão, assim como a proteção aos joelhos dos ocupantes dianteiros.