A Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi anunciou, esta semana, um plano estratégico para os próximos anos. O plano prevê uma aproximação das três marcas, acelerando o processo de colaboração no desenvolvimento das plataformas de carros, em especial as dos veículos elétricos. Cada uma das marcas terá um papel definido no processo. Além disso, segundo o comunicado, o trio lançará um total de 35 novos modelos eletrificados até 2030.
O foco das novas plataformas serão Europa e Ásia, mas é certo que elas irão beneficiar outros mercados, como o brasileiro. Isso porque, com o uso compartilhado dessas plataformas, surgem novas possibilidades para as operações. Aqui no Brasil, por exemplo, as três marcas possuem fábricas.
Dessa forma, a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi dá sequência à estratégia Leader-Follower (Líder-Seguidor em inglês) que foi definida em meados de 2020. Segundo ela, tecnologias específicas são desenvolvidas por uma marca líder, com o apoio das demais (seguidores), que em seguida adotam a novidade.
”Juntos, estamos fazendo a diferença para um novo futuro global e sustentável. A Aliança se tornará carbono neutro até 2050”, afirmou em nota o Presidente do Conselho da Aliança, Jean-Dominique Senard.
Estratégia global
Como parte da estratégia, a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi também vai aumentar o uso de plataformas comuns. A meta é alcançar 80% dos carros produzidos até 2026. Está definido que, por exemplo, cinco modelos das três marcas usarão a mesma plataforma: Nissan Qashqai e X-Trail, Mitsubishi Outalander, Renault Astral e um futuro SUV de sete lugares.
Serão cinco plataformas, que devem ser finalizadas até 2027. Para isso, a Aliança vai investir cerca de 23 bilhões de euros. Além disso, a Mitsubishi Motors vai fortalecer sua presença na Europa com dois novos modelos. Um deles será o Novo ASX, baseado em carros da Renault.
As cinco plataformas
No geral, a meta principal é que 90% dos modelos sejam feitos nessas cinco plataformas até 2030. A primeira será a CMF-AEV, uma das mais acessíveis do mercado e que é a base do Dacia Spring, ou Kwid elétrico. Logo depois vem a KEI-EV, destinada a veículos elétricos compactos, e a LCV-EV, com foco nos modelos comerciais.
Em seguida, vem a CMF-EV, uma plataforma global e flexível. Ela é a base do elétrico Nissan Ariya e do Renault Mégane E-Tech Eletric, por exemplo. No geral, ela conta com um novo motor elétrico de alta performance e uma bateria fina. Até 2030, ela será a base de outros 15 modelos.
Por fim, a peça fundamental da estratégia, a CMF-BEV. Ela é é uma plataforma elétrica compacta, que ser´a lançada em 2024, com até 400 km de autonomia. Comparada ao atual Renault Zoe, ela permite, por exemplo, uma redução de 33% nos custos e 10% no consumo de energia. Ela servirá de base para 250.000 veículos por ano para as marcas Renault, Alpine e Nissan.
Plano também inclui baterias
Além das plataformas, a Aliança também criou um planejamento focado nas baterias. O grupo quer reduzir os custos em até 50% em 2026 e a 80% em 2028. Até 2030, a meta é ter uma capacidade de produção de 220 GWh para baterias de veículos elétricos.
Além disso, a Nissan vai liderar um projeto para o desenvolvimento de baterias de estado sólido. Elas prometem o dobro de densidade de energia em comparação às baterias de íons de lítio líquidos, além de reduzir o tempo de recarga. A ideia é iniciar a produção em 2028 e, dessa forma, reduzir os custos dos veículos elétricos.
25 milhões de carros conectados
Ambiciosa, a Aliança ainda afirmou que deseja ter mais de 10 milhões de veículos conectados ao Alliance Cloud até 2026. Atualmente, esse número se encontra em 3 milhões. Assim, a expectativa é de ter em circulação cerca de 45 modelos equipados com sistemas de condução autônoma.
Com a realização da meta, o trio será o primeiro fabricante global a lançar o ecossistema Google em seus carros. Para isso, uma arquitetura eletrônica e elétrica está sendo desenvolvida e deve chegar ao mercado até 2025.