O Jornal do Carro colocou, lado a lado, dois SUVs médios conhecidos dos brasileiros há alguns anos. O Jeep Compass é o líder absoluto da categoria desde que estreou em 2016, já com produção nacional em Pernambuco. Por sua vez, o Chevrolet Equinox veio do México no fim de 2017 como substituto do Captiva, que foi vendido no País entre 2008 e 2016.
Ou seja, estamos diante de dois SUVs tipicamente norte-americanos, embora um seja feito no Brasil e o outro no México. Como característica principal, ambos apostam na oferta de mais espaço na cabine e no porta-malas em relação aos modelos compactos, que são os mais vendidos. Bem como trazem motores modernos, com turbo e injeção direta de combustível.
Diferenças mecânicas
O Compass naturalmente apresenta vantagens por ter produção local. Uma delas é o novo motor 1.3 turbo flexível, que gera até 185 cv com etanol, além de 27,5 mkgf de torque máximo com ambos os combustíveis. No Equinox, o 1.5 turbo bebe somente gasolina e é menos potente, com 172 cv. Mas tem um torque máximo superior, de 27,8 mkgf.
O SUV médio da GM já foi mais interessante quando tinha o motor 2.0 turbo a gasolina do Camaro, com 262 cv e 37 mkgf. Entretanto, na recente atualização, o Equinox ganhou a versão de entrada RS, com visual esportivo e preço mais acessível. Ela tem tração dianteira, enquanto a opção tipo de linha Premier (que avaliamos neste comparativo) tem tração integral AWD.
No Jeep, as versões flex oferecem somente tração dianteira. Assim, deixa o 4×4 com reduzida para os modelos com motor 2.0 turbo diesel de 170 cv e 35,7 mkgf. Porém, para este duelo, o JC trouxe o Compass Série S T270 flex, com preço de R$ 218.555. Assim, temos um embate bem parelho com o Chevrolet Equinox Premier, que tem tabela de R$ 221.990.
Equinox leva a melhor em estilo e porte
O Jeep Compass é um “primo” da picape Fiat Toro, bem como é “irmão” do Jeep Renegade. Portanto, é um SUV compacto esticado para parecer um médio. Neste ponto, o Chevrolet Equinox dá um banho, com muito mais espaço para cabeça, ombros, joelhos, pessoas e bagagens. São 4,65 metros de comprimento e 2,72 m de distância entre-eixos para o SUV mexicano. Por sua vez, o Jeep nacional tem 4,40 metros e 2,63 m de entre-eixos – é um tanto menor.
No porta-malas são pelo menos duas malas médias de vantagem para o Chevrolet, com 470 litros contra 410 litros no compartimento do Compass. A única vantagem do Jeep é a maior altura em relação ao solo, com 202 mm contra 160 mm do Equinox. Assim, é mais ajustado para o Brasil.
Parelhos em equipamentos
Conectividade completa com espelhamento sem fio via Android Auto e Apple Carplay, som premium e painel com display digital. Bancos elétricos, ar-condicionado de duas zonas, porta-malas com abertura elétrica e teto panorâmico. Tudo isso são equipamentos comuns aos dois SUVs, embora o Jeep Compass cobre o teto solar à parte – custa quase R$ 9 mil.
Na segurança, alerta de colisão e frenagem automática de emergência com reconhecimento de ciclistas, pedestres e obstáculos também estão em ambos. Há ainda iluminação Full LEDs com ajuste automático do farol alto, sensores de faixa e reconhecimento de placas de velocidade, detector de cansaço, assistente de estacionamento (Park Assist) e ACC.
Tudo isso era uma vantagem de mercado do Equinox, mas, agora, é “padrão” no segmento. Se um SUV médio não tiver isso, está devendo. Tanto que a GM entrega o Equinox com um ano de internet grátis a bordo (pacote de 20 GB mensais) e tag do Sem Parar de fábrica. Mas a Jeep também tem isso, por exemplo, na versão híbrida plug-in do Compass, que avaliamos no Jornal do Carro. Aí, fica melhor para o Compass, que custa menos e tem mais versões.
Motor: Equinox perdeu sua grande vantagem
Entre 2017 e 2021, o Chevrolet Equinox tinha como trunfo o motor mais potente do segmento. O SUV da gravata dourada vinha do México com o motor 2.0 turbo a gasolina de 262 cavalos e 37 mkgf, também presente na versão de entrada do esportivo Camaro nos Estados Unidos. No caso do utilitário, tinha ainda o câmbio automático de nove marchas e tração integral.
Problema é que o preço era alto para a época, na faixa de R$ 150 mil. Assim, na prática, o Equinox não decolou nas vendas. Agora, em 2021, o SUV da GM trocou o 2.0 turbo pelo 1.5 turbo, também a gasolina, que entrega interessantes 172 cv e 27, 8 mkgf de torque, com a mesma tração integral. Ou seja, “downsizing” na veia!
Só que a Jeep sempre se valeu de motores a diesel e com tecnologia flexível. Antes, tinha o 2.0 Tigershark e, em 2021, ganhou o novo 1.3 turbo flex de injeção direta, com 185 cv de potência e 27,5 mkgf de torque máximo. Este motor herdou o câmbio automático de seis marchas da Aisin. Recentemente, o Jeep ainda ganhou versão híbrida plug-in que recarrega em tomadas.
Assim, mesmo maior nas dimensões e com a nova mecânica, o Chevrolet Equinox não é páreo para o Compass, que entrega até 13 cv a mais de potência, com torque virtualmente empatado. Só que o Jeep é menor e mais leve. Na prática, ambos aceleram com vigor e entregam retomadas eficientes com os câmbios de seis marchas bem ajustados. Só que o SUV feito em Pernambuco tem mais fôlego e o consumo menor, tanto na cidade quanto na estrada. Para completar, a autonomia do Compass é maior e alcança 726 km com gasolina no tanque, enquanto o Equinox roda até 637 km com o tanque cheio.
No bolso, vantagem toda do Jeep Compass
Aqui é só seguir o mapa do mercado: está tudo muito caro e, mesmo com mais de R$ 200 mil para comprar um SUV médio, o consumidor pode ter dificuldades em encontrar exemplares nas lojas. Na ponta do lápis, os preços de revisão são bem próximos, na faixa dos R$ 5 mil, e os de seguro também. Mas o Jeep Compass tem mais versões, por isso parte de R$ 170 mil, o que permite uma escolha mais próxima daquilo que o comprador quer.
No topo, Compass S custa R$ 217 mil, contra R$ 222 mil do Equinox. Assim, somando tudo, a vantagem é do Jeep, que tem liquidez. O SUV pernambucano é o mais vendido, e emplaca de 12 a 15 vezes mais que o Equinox. Ou seja, tem maior oferta e facilidade de revenda.
O veredicto
Embora tenha trunfos importantes, como a cabine e o porta-malas maiores, e a tração integral AWD (no caso da versão Premier), o Equinox se modernizou menos que o rival da Jeep na recente reestilização. Além disso, o SUV médio da Chevrolet é mais caro que o Compass, que mostra maior sintonia com o mercado brasileiro. O utilitário feito em Goiana (PE) tem cabine mais moderna, multimídia maior e conectada, e itens como o quadro de instrumentos com display Full HD configurável. Para completar, tem motor turbo flex mais potente.