Volvo EX30 estreia na Itália para ser o SUV elétrico mais barato da marca
EX30 pode ter dois tipos de baterias, mas potência do motor elétrico é sempre de 276 cv; SUV compacto tem visual inspirado no EX90 e chega ao Brasil em 2024
Volvo EX30 chegaria ao Brasil em maio, mas deve ficar para junhoCrédito:Vagner Aquino/Especial para o Estadão
Nos menores frascos estão os melhores perfumes. Menos é mais. Essas são frases amplamente utilizadas para se referir, por exemplo, a algo ou alguém cujo tamanho ou porte não têm influencia na qualidade, nos benefícios. Ao contrário. Pois é trilhando esse caminho que a Volvo acaba de lançar o EX30, seu novo SUV compacto. Menor que o XC40 e oferecido apenas em versões elétricas, o carro deve rivalizar até mesmo com modelos com motor a combustão. Além disso, foca o público que está ingressando no segmento premium.
Conforme noticiado, o modelo já teve teasers revelados e imagens de patentes divulgadas na internet. Entretanto, a convite da Volvo, o Jornal do Carro foi até Milão (Itália) conhecer o carro de perto durante sua apresentação mundial, que ocorreu na quarta-feira (7) e, de fato, o modelo lembra bastante o irmão maior EX90. O trabalho da equipe de designers, no entanto, deixou o SUV – produzido exclusivamente na China – com linhas bastante proporcionais.
Destaque para detalhes como grade fechada e faróis (com LEDs e acabamento pixelado) em formato “Martelo de Thor”, que não poderiam ficar de fora em se tratando de Volvo elétrico. Os arcos das rodas avantajados dão um ar mais esportivo ao SUV. O modelo das fotos (ainda pré-série) exibe rodas de 20″. E, olhando de lateral, dá para notar a linha do teto inclinada em direção à coluna C, que é bem larga.
Publicidade
Vagner Aquino/Jornal do Carro
Emprestado do EX90 também estão as lanternas traseiras divididas. Uma parte fica nas laterais do vidro traseiro e, outra, mais abaixo, em formato C A traseira (alta) também leva uma espécie de aerofólio no topo da tampa do porta-malas (com 320 litros).
Vagner Aquino/Jornal do Carro
Plataforma
O Volvo EX30 é baseado na plataforma elétrica SEA (Sustainable Experience Architecture) da chinesa Geely (proprietária da Volvo). É a mesma, por exemplo, do Smart #1, que a mulher de Cristiano Ronaldo ganhou da marca. Em medidas, tem 4,23 metros de comprimento e 2,65 m de entre-eixos. Indo ao encontro à ideia de minimalismo, o modelo, mesmo sem perder em qualidade, beleza ou segurança, trata-se do menor SUV da história da Volvo.
“O EX30 totalmente elétrico pode ser nosso menor SUV, mas é um grande negócio. (o EX30) É pequeno, mas poderoso, porque oferece tudo o que você deseja de um Volvo, mas em um pacote menor”, argumenta Jim Rowan, CEO da Volvo Cars.
Duas opções distintas
Para que o cliente possa escolher a tecnologia que melhor atende às suas necessidades, o Volvo EX30 pode ter dois diferentes tipos de bateria. Por exemplo, quem passa a maior parte do tempo na cidade ou tende a percorrer distâncias mais curtas entre as cargas, há a opção de motor único (sempre tração traseira) com uma bateria LFP – que usa química de fosfato de ferro e lítio. Por consumir menos recursos em sua produção, é mais econômica, mais barata e mais modesta. Tem 51 kWh e 276 cv. Assim, leva o modelo de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos. A autonomia total fica em 350 km.
Seja como for, quem quer autonomia extra dá para optar pela bateria de alcance estendido NMC. O componente possui lítio, níquel, manganês e cobalto. Entrega até 480 km. Mesmo mais eficiente, a versão também tem motor único. Em dados: 69 kWh, ou seja, os mesmos 276 cv. Entretanto, de acordo com números da marca, fica um pouco mais rápido, afinal, o 0 a 100 km/h é alcançado em 5,3 segundos.
A velocidade de carga pode chegar até 153 kW no EX30, dependendo da versão. Isso significa que a recarga de bateria entre 10% e 80% pode ser feita em pouco mais de 25 minutos. Por meio do display central do carro e de um aplicativo (em desenvolvimento), é possível definir a amperagem, o nível máximo de carga e quando o proprietário quer iniciar a o procedimento.
Sustentabilidade em foco
De acordo com a Volvo, o EX30 foi projetado para ter a menor pegada de carbono de qualquer carro da marca até o momento. Ao abordar as emissões em toda a produção e ciclo de vida, bem como um uso de materiais por dentro e por fora, a pegada de carbono total do carro, ao longo de 200 mil km de direção para menos de 30 toneladas. Ou seja,25% a menos em comparação com os irmãos XC40 e C40.
Ainda nesse sentido, cabe destacar que o EX30 agride menos o meio ambiente, também, por seu porte compacto. Ou seja, carro menor usa menos aço e alumínio para sua construção. Aliás, cerca de um quarto de todo o alumínio usado no carro é reciclado. No mais, cerca de 17% de todos os plásticos do EX30, de componentes internos a para-choques, são reciclados. No interior, por exemplo, tecidos como jeans e linho fazem parte dos materiais reciclados e renováveis.
Vagner Aquino/Jornal do Carro
Interior diferenciado
Por falar em cabine, nela figura uma barra de som que vai de uma ponta a outra do painel – a primeira desse tipo em um carro. Assim, exclui a necessidade de alto-falantes nas portas. Os interruptores dos vidros estão no console central. e o porta-luvas sai do canto convencional e, no EX30, é colocado sob a central multimídia. O console central é customizável.
Equipamentos e segurança
Como era de se esperar, tecnologia é o que não falta no EX90. Sua tela única de 12,3 polegadas tem Google integrado e a versão mais recente do sistema de infoentretenimento da marca. O equipamento reúne todas as informações e comandos a bordo. Nele, informações de direção (como velocidade e níveis de carga, são posicionadas com destaque na parte superior, com navegação, mídia e controles. São quatro tipos de interior disponíveis e cinco diferentes temas de iluminação ambiente.
Vagner Aquino/Jornal do Carro
O EX30 vem com uma funcionalidade de chave digital. Isso facilita o compartilhamento do carro com outras pessoas. O aplicativo dedicado ao carro contém serviços relevantes como carregamento até, por exemplo, encontrar seu carro em um estacionamento movimentado, trancá-lo e aquecê-lo. O modelo recebe atualizações de software over-the-air (OTA).
O sistema de estacionamento (Park Pilot Assist) tem nova geração. Pode encontrar diversos tipos de vagas de estacionamento, incluindo o estilo curvo, paralelo, perpendicular e diagonal. E opera o acelerador e o freio, bem como a direção, sozinho.
Para mais segurança, o carro tem recurso especial para bicicletas. Desse modo, alerta quando os ocupantes estão prestes a abrir a porta na frente de um ciclista, scooter ou corredor.
Mercado
O EX30 terá pré-vendas iniciadas em setembro e chega ao Brasil no primeiro trimestre de 2024. Conforme antecipado por Luis Rezende, presidente da Volvo Car Latin America, em conversa coma imprensa nacional, o modelo chega ao mercado para concorrer com rivais do porte de Peugeot e-2008 e pode incomodar até marcas como a Jeep, por exemplo. Afinal, a ideia é ousada, custar aproximadamente R$ 230 mil na configuração mais barata. Na Europa, o modelo sai por cerca de 36 mil euros (quase R$ 190 mil na conversão direta). Ou seja, bem menos que o atual modelo de entrada da fabricante sueca, o XC40, de R$ 329.950.
De acordo com os executivos da Volvo do Brasil, a ideia é ampliar o número de revendas (hoje, são 40), bem como os postos de recarga. Os pontos de recarga rápida, por exemplo – hoje em 10 unidades espalhadas pelo País – serão ampliadas para 28 em cerca de três meses. Tudo isso para dobrar o número de vendas da marca, que quer sair de 10 mil para 20 mil carros no País já em 2023.
*O jornalista viajou para Milão (Itália) a convite da Volvo
Carros elétricos estimulam busca por fontes de energia renovável
Energia fornecida pelo sol e pelos ventos é uma solução viável para abastecer veículos modernos
19 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.
A eletromobilidade é uma realidade na indústria automotiva e o crescimento da frota de carros movidos a bateria traz à tona um tema importante: a necessidade de gerar energia elétrica em alta escala por meio de fonteslimpas e renováveis.
“A mobilidade elétrica é uma alternativa para melhorar a eficiência energética no transporte e para a integração com as energias renováveis”, afirma Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
O Brasil é privilegiado em termos de abundância de fontes renováveis, como, por exemplo, a energia solar e a eólica. “É uma boa notícia para a transição energética, quando se trata da expansão de infraestrutura de recarga para veículos elétricos”, diz o professor.
Impacto pequeno
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil tem condições de mudar sua matriz energética – o conjunto de fontes de energia disponíveis – até 2029. Isso reduziria a dependência de hidrelétricas e aumentaria a participação das fontes eólicas e solar.
Mesmo assim, numa projeção de que os veículos elétricos poderão representar entre 4% e 10% da frota brasileira em 2030, estudos da CPFL Energia preveem que o acréscimo no consumo de energia ficaria entre 0,6% e 1,6%. Ou seja: os impactos seriam insignificantes. Não precisaríamos de novos investimentos para atender à demanda.
Entretanto, a chegada dos veículos elétricos torna plenamente viável a sinergia com outras fontes renováveis, disponíveis em abundância no País. “As energias solar e eólica são intermitentes e geram energia de forma uniforme ao longo do dia”, diz o professor. “A eletromobilidade abre uma perspectiva interessante nessa discussão.”
Incentivo à energia eólica
Um bom exemplo vem do Texas (Estados Unidos), onde a concessionária de energia criou uma rede de estações de recarga para veículos elétricos alimentada por usinas eólicas. O consumidor paga um valor mensal de US$ 4 para ter acesso ilimitado aos 800 pontos da rede.
Segundo Delatore, painéis fotovoltaicos podem, inclusive, ser instalados diretamente nos locais onde estão os pontos de recarga.
“A eletrificação da frota brasileira deveria ser incentivada, por causa das fontes limpas e renováveis existentes no País. Cerca de 60% da eletricidade nacional vem das hidrelétricas, ao passo que, na Região Nordeste, 89% da energia tem origem eólica.”
Híbridos no contexto
Contudo, a utilização de fontes renováveis não se restringe aos carros 100% elétricos. Os modelos híbridos também se enquadram nesse cenário.
Um estudo do periódico científico Energy for Sustainable Development fala das vantagens dos híbridos, ao afirmar que suas emissões de gases de efeito estufa são inferiores às do veículo puramente elétrico.
“Os veículos híbridos possuem baterias menores, com proporcional redução das emissões de poluentes. Essas baterias reduzem o impacto ambiental da mineração dos componentes necessários à sua fabricação. Os resultados demonstram que a associação de baterias de veículo que usam biocombustíveis tem efeito sinérgico mais positivo”, conclui o documento.
