Apesar de muito caros, os carros usados e seminovos continuam em alta no Brasil. É tanto que os números de vendas no acumulado do ano já superam o registrado no ano passado. De acordo com relatório divulgado pela Fenauto, entre janeiro e agosto deste ano, as comercializações já superaram as 10 milhões de unidades. Um recorde.
Em números específicos, a associação dos revendedores de veículos afirma que o acumulado do ano registrou exatas 10.238.396 unidades vendidas. Desse modo, são 8,4% a mais que o mesmo período do ano passado, quando houve 9.444.206 comercializações de carros usados.
“Os resultados positivos estão dentro do previsto pela nossa entidade. Teremos eleições em outubro, o que pode provocar algum impacto nas vendas, mas continuamos acreditando na manutenção desse movimento positivo até o fim do ano”, afirma Enilson Sales, presidente da Fenauto. Para ele, há expectativa de fechar 2024 com algo em torno de 15,5 milhões de unidades vendidas.
Carros mais velhos nas ruas…
Por um lado, recordes e mais recordes de vendas parecem algo bom, afinal, movimentam a economia. Mas, por outro, a situação esconde problemas, como a idade da frota, por exemplo. Como carro zero km está caro, o jeito é comprar os mais velhinhos. É tanto que cerca de 1/3 do montante vendido tem idade superior a 13 anos, em média, apontam estudos. Para se ter noção, na lista dos dez mais vendidos, por exemplo, seis já estão fora de linha. E a maioria sequer conta com opções de seminovos – com três anos de uso, em média -, porque já deixaram as linhas de produção há mais tempo.
…e mais caros nas lojas
Que carro usado está caro, é notável. Hoje, o interessado em, por exemplo, comprar um Renault Kwid 2021, precisa ter no bolso (ou em crédito), pelo menos, R$ 50 mil. E, para justificar a situação, Sales explica que “Os veículos usados estão sobrevalorizados, especialmente nos últimos meses, por um motivo muito simples: o giro dos estoques das lojas”. Em síntese, com um giro cada vez maior, é necessário comprar cada vez mais rápido (para repor o estoque), e isso exige uma oferta melhor. Ou seja, se a loja comprou mais caro, também vai vender mais caro ao cliente.
Já Milad Kalume Neto, consultor independente do mercado automotivo, aponta que os carros zero km estão com valores muito altos e que, consequentemente, o mercado de usados está bombando. Assim, seguindo a lei da oferta e da procura, inevitavelmente, os preços sobem. “O aumento de preço acontece por causa da maior procura pelos usados. E isso acontece em todos os segmentos, que vão dos seminovos aos mais velhinhos”, resume.
De acordo com o consultor, “toda essa movimentação está ocorrendo em função dos preços exorbitantes dos carros novos. Se for analisar, R$ 72 mil em um carro novo é um valor muito alto. São mais de 50 salários mínimos”, completa. Por essas e outras razões (some aí questões de juros e crédito, por exemplo), muitos clientes acabam encontrando a solução no mercado de usados.
Siga o Jornal do Carro no Instagram!