Desejos e preferências pessoais geralmente pesam na decisão de compra do automóvel zero-quilômetro. Afinal, colocar um carro novo na garagem é o sonho de muita gente. No entanto, é preciso tomar alguns cuidados para que o sonho não se torne um pesadelo.
A escolha do zero-quilômetro também merece uma avalição racional, como aconselha Cassio Pagliarini, diretor de Marketing da Bright Consulting, empresa de consultoria especializada na indústria automotiva.
“A estrutura que a marca oferece no pós-venda, que inclui período de garantia, serviços e assistência técnica, diz muito sobre custo-benefício, item fundamental para a decisão”, afirma.
Para o especialista, o automóvel e o pós-venda oferecido pela fabricante devem andar de mãos dadas na jornada de compra. “De que adianta adquirir o automóvel dos sonhos se, na primeira eventualidade, a marca não tem peças suficientes para o conserto?”, questiona.
O tamanho da rede de concessionárias nem sempre é um problema. A exceção fica em cidades pequenas, mais distantes dos grandes centros urbanos. “Para realizar as manutenções do veículo, o consumidor deve ter em mente que precisará se deslocar para muito longe”, diz. “Ele precisa saber disso antes de efetuar a compra.”
As letras miúdas dos contratos de garantia não podem ser ignoradas. Pagliarini observa que, além do prazo, é razoável entender se a garantia vale para o veículo ou para o consumidor enquanto tiver a posse do bem.
“A proteção contratual se mostra mais interessante. Caso o proprietário queira vender um modelo com cinco anos de garantia, depois de três anos de uso o bem ainda segue coberto pela marca e com mais argumento na valorização do bem”, explica.
Faça as contas
Pensar na revenda é outro assunto que não pode ser esquecido, segundo o consultor. Para ele, vale a pena pesquisar no mercado de seminovos o valor do veículo depois de alguns anos de utilização. “Se não for por uma razão excepcional – falta de produto nas lojas, por exemplo –, os modelos se desvalorizam uns mais que outros”, destaca.
Ainda antes da compra, é recomendável que o interessado faça as contas dos itens que representam o custo da propriedade, como o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), seguro, preços de peças de reposição, revisões e mão de obra.
O representante da Bright Consulting lembra que as fabricantes costumam divulgar os valores ou até mesmo determinar preços fixos das primeiras revisões programadas.
“É preciso ficar atento. Há casos em que nem sempre a simples troca de óleo coincide com a parada para a manutenção periódica. Isso, além de acréscimo no custo, não entrega conveniência”, salienta.
Ele conta que a reputação de grandes grupos econômicos representantes das fabricantes não impede possível dor de cabeça, mas entrega mais confiança. “Empresas multimarcas costumam estar bem-preparadas e com estruturas adequadas na oficina e no estoque de peças, a fim de atender plenamente o consumidor”, completa.
Por fim, sobre a relação custo-benefício, vale pesquisar as médias de consumo de combustível do carro. Para Pagliarini, o selo do Inmetro indica de maneira confiável e simples a eficiência energética dos carros por quilômetro rodado.