É bem verdade que mesmo depois de 20 anos do início da popularização de motores flex, capazes de aceitar tanto etanol quanto gasolina, a dúvida sobre qual combustível usar ainda perdure. Com preços em alta em algumas capitais e os perigos de adulteração em postos de combustíveis, a pergunta permanece: na estrada, quem vale mais a pena: gasolina ou etanol?
Antes mesmo de considerar fatores ligados ao preço dos combustíveis, é preciso atentar-se a outras variantes que vão além do abastecimento. Segundo Flávio Domingos, técnico em manutenção automotiva pelo Senai/CE, apesar de se tratar de uma pergunta aberta, um dos fatores decisivos na escolha é a autonomia.
“Em uma viagem longa, deve-se priorizar a gasolina por conta da autonomia maior, se comparada ao etanol. Na gasolina, você consegue rodar mais tempo sem precisar abastecer, algo que usando etanol torna-se mais frequente”, afirmou. “Considerando viagens longas, geralmente feitas em velocidade constante, a gasolina, por render mais que o etanol em matéria de consumo, é mais vantajosa”, concluiu.
Adulteração do etanol ainda é frequente e perigosa
Além disso, outro fator que precisa de atenção é o risco de adulteração de combustíveis. Ainda que modelos flex consigam rodar com diversos percentuais diferentes na mistura etanol/gasolina, ainda são comuns os casos de postos que “mascaram” os combustíveis vendidos na bomba, que se consumidos pelo veículo podem acarretar problemas no motor e ao bolso do viajante.
“Outra questão para se atentar nessa questão do combustível na estrada é a adulteração. Ainda hoje o etanol muitas das vezes recebe água, principalmente em postos no interior, geralmente sem bandeira. Aí sofrem o motor e motorista”, afirmou Flávio. “Ainda que o etanol seja mais barato e te devolva alguns cavalos a mais no motor, de nada adianta se ele estiver adulterado”, completou.
A presença de água em excesso no etanol pode comprometer o funcionamento de elementos como bomba de combustível e bicos injetores. Além de ser danosa ao motor, por exemplo. Vale lembrar que a gasolina também pode ser adulterada, mas é comumente feita com etanol, então sua ‘tolerância’ no motor é maior, por exemplo.
Assim, é preciso que o motorista, antes da viagem, pondere questões como distância a se percorrer, autonomia, necessidade ou não de maior desempenho e até mesmo conhecimento prévio da “sede” do motor sob o capô. Contudo, considerando cenários importantes em um trajeto rodoviário, como autonomia, consumo, quantidade e qualidade dos abastecimentos, é mais seguro abastecer com gasolina.
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