Não é de hoje que uma grave crise ameaça as atividades da Nissan no mercado global. No mês passado, o CEO da montadora, Makoto Uchida, anunciou planos para tentar minimizar os danos causados por más gestões da empresa nos últimos anos. Isso inclui redução na produção, corte de 9 mil empregos e até o atraso em importantes lançamentos. Até o próprio executivo decidiu abrir mão de 50% de seu salário para economizar. Entretanto, ele pode acabar perdendo tudo se não conseguir tirar a companhia do abismo em que se encontra.
E essa não será uma tarefa fácil. De acordo com reportagem da agência Reuters, fontes afirmaram que a Nissan teria apenas entre 12 e 14 meses de sobrevivência do jeito que está. Desse modo, precisa cortar custos e ao mesmo tempo manter uma produção suficiente – de carros com apelo ao consumidor – para poder levantar dinheiro. Assim, os próximos meses decidirão o futuro de Uchida.
Essa visão ameaçadora, contudo, não é compartilhada por todos. Acionistas que apostam em uma reviravolta na situação estão aumentando suas participações na empresa. Mas um dos grandes problemas será a nova administração presidencial nos EUA a partir de janeiro, que promete ser bem mais rígida que a atual.
Efeito Trump para a Nissan
Para começo de conversa, o presidente eleito Donald Trump já indicou que pretende aumentar as tarifas para carros importados do México e do Canadá, o que pode atrapalhar os planos da Nissan de aumentar os lucros no mercado norte-americano. Apesar de não prejudicar somente a marca japonesa, a medida pode agravar ainda mais a crise.
Mas um dos grandes problemas que fez a montadora chegar na atual situação é o fato de ter apostado todas as suas fichas em carros elétricos, deixando os híbridos para trás – especialmente quando falamos dos EUA. O próprio Uchida admite que eles não esperavam a demanda dos consumidores do país por modelos híbridos. Agora a Nissan terá de correr atrás do prejuízo. A fabricante chegou a oferecer o Rogue Hybrid por lá entre 2017 e 2020, mas não seguiu com a estratégia depois que o SUV saiu de linha.
Aposta nos elétricos
Ainda segundo a Reuters, a Nissan deixou os híbridos de lado por achar que os carros elétricos seriam uma aposta garantida no futuro. Mas o mercado não reagiu dessa forma. O preço alto dos EVs combinado com a falta de infraestrutura de carregadores públicos popularizaram os modelos híbridos aos olhos dos consumidores norte-americanos. E isso pegou a companhia de surpresa.
Agora que a realidade bateu na porta, a Nissan precisa correr para ajustar sua estratégia. Seu sistema híbrido e-Power, disponível no Japão desde 2016, deve estrear em algum veículo nos EUA em março de 2026. Além disso, um modelo plug-in também deve ser oferecido por lá. Entretanto, todas essas mudanças e cortes de custos deverão atrasar os planos ambiciosos de eletrificação da marca, que prometeu 30 novos carros até 2030.
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