LUÍS FELIPE FIGUEIREDO
Spielberg (Áustria) – Ao pensar em um esportivo, a primeira imagem que vem à cabeça é a de um cupê ou sedã, certo? A Audi subverte essa máxima com a RS4 Avant, versão mais envenenada da perua A4. Com motor V8 de 450 cv, a nova geração chega ao País no ano que vem, mas, em outubro, deverá mostrar suas belas formas no Salão do Automóvel. O preço deverá ficar em torno dos R$ 450 mil, mesma faixa do “primo” RS5.
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Fomos à Áustria acelerar o modelo em dois locais bem distintos: em estradinhas sinuosas e no autódromo da Red Bull. Trata-se do antigo Österreichring (depois A1 Ring), no qual foi disputado o grande prêmio da Fórmula 1 austríaco nos anos 80 e de 1997 a 2003.
Na pista, a RS4 Avant nem parece ser uma perua e pesar quase 1.900 quilos, tamanha a desenvoltura para acelerar. Ela pode ser pilotada como um carro de competição, aceitando frenagem forte próxima às curvas. Então “aponta” para o sentido desejado com equilíbrio e exibe tração impecável nas saídas. A distribuição do torque pelas quatro rodas é variável na mais recente geração do sistema Quattro.
Conforme informações da Audi, 60% da força vai para a traseira e 40% para a dianteira. Mas, se necessário, as rodas de trás podem receber até 85% do torque e as da frente, 70%.
Na estrada, a perua alemã agrada. Há solidez o bastante para rodar a 150 km/h com toda a calma e silêncio a bordo. Nos trechos de curvas, o carro comporta-se como um hatch compacto.
Só a direção, com assistência elétrica e relação de 16,3:1, tem respostas um tanto lentas para um esportivo. A da RS6 Avant, com 12,6:1, era mais rápida. Mas há muita precisão. Para isso ajudam os pneus 265/35 R19. A suspensão é firme. Qualquer ranhura ou buraco é percebido a bordo, como se a Audi usasse sapatilhas de sola fina.
De acordo com dados da Audi, a RS4 Avant vai de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos. A velocidade é limitada a 250 km/h, mas pode ser liberada para 280 km/h.
No “trio de ferro” alemão, a Mercedes-Benz tem nesse segmento o esportivo C 63 AMG e a BMW, o M3. A Audi opta por uma perua como seu esportivo médio. A justificativa é bem alemã: “porque é nossa tradição”, diz o responsável pelo desenvolvimento técnico da RS4 Avant.
Com 4,2 litros e aspirado, o motor V8 responde por metade do prazer proporcionado pela perua. Basta ver o regime em que ocorre a potência máxima: os 450 cv surgem às 8.250 rpm, com o limite a 8.500 giros. Nessas rotações o som é de arrepiar e lembra o de carros de competição. Abaixo disso o bom isolamento acústico acaba com o ruído.
Diferentemente da anterior, nessa geração não haverá outras opções de carroceria (leia abaixo). Nem câmbio manual, a exemplo das antecessoras. A oferta é apenas do automatizado de dupla embreagem e sete marchas batizado de S-tronic. Isso pode desagradar a puristas, mas serão poucos: a caixa é tão boa que deve ter seu séquito.
Nos trechos repletos de curvas, com o modo esportivo ativado por botão no painel, o câmbio fica parecido com o de carros de rali. As marchas são esticadas e há uma redução sempre que se levanta o pé do acelerador.
Nas unidades avaliadas, os freios dianteiros eram de compósito de cerâmica e carbono. Mesmo após as várias voltas em ritmo forte no autódromo eles mantinham total eficiência. Conforme informações da fabricante, esse conjunto é 4,5 quilos mais leve que o de metal.
Por falar nisso, os convencionais têm desenho ondulado, também para diminuir o peso. Nesse caso, são 2,5 quilos a menos que os sem essa solução.
Viagem feita a convite da Audi