NÍCOLAS BORGES
Este mês, a Jaguar Land Rover ganhou um novo diretor-presidente para América Latina e Caribe. Trata-se de Flavio Padovan, que está desde a década de 1970 no setor e acumula em seu currículo 25 anos na Ford e nove na Volkswagen, onde deixou em junho a vice-presidência de Vendas e Marketing, que ocupava desde 2007. O executivo quer aproveitar essa bagagem de grandes montadoras para retomar a liderança no segmento de luxo, que esteve com a Land Rover até 2007. A partir do ano seguinte, as alemãs Audi, BMW e Mercedes-Benz se beneficiaram da redução do IPI para veículos com motores até 2 litros (que a inglesa não tem). Falamos com Padovan durante o Salão do Automóvel, um dia depois de ele assumir a nova função.
Como vai ser atuar com marcas premium depois de tantos anos em montadoras generalistas?
É um desafio diferente, mas acredito que minha experiência nessas empresas maiores, com grandes volumes, junto com a experiência de vender veículos importados na Volkswagen, como o Touareg e Passat CC, me dá a oportunidade de usar meu networking, meus relacionamentos nessa nova função.
É complicado trabalhar com duas estruturas distintas, uma da Land Rover, pela qual vocês são responsáveis por toda a operação, e a da Jaguar, que tem um importador independente (Sérgio Habib, ex-Citroën e agora também da chinesa JAC)?
Os volumes de vendas das marcas são muito diferentes. A Jaguar é realmente exclusiva, de nicho. Não faz sentido em alguns mercados você assumir toda a parte de importação e distribuição quando se pode dar isso para um importador que tenha experiência de varejo. Já a Land Rover é diferente, tem um volume muito maior, então requer uma rede grande. Das atuais 29 concessionárias e vamos para 35 em 2011.
O fato de a Jaguar ter uma rede muito pequena não a impede de competir mais fortemente contra os sedãs de Audi, BMW e Mercedes-Benz?
O mercado de luxo ainda está em maturação. Há muito para crescer e não só em volume, mas na expansão geográfica das vendas, tem muita coisa para acontecer. A Jaguar vai se posicionar.
Pode haver algum preconceito para com a Jaguar e a Land Rover, por pertencerem a um grupo indiano (Tata)?
Não acredito. As marcas são fortes e independentes. Os próprios indianos são inteligentes. Eles são os donos mas a gestão é totalmente separada. Eles sabem que não pode haver interferência. A gestão, o desenvolvimento, tudo continua na mãos dos ingleses.