Luís Felipe Figueiredo
Ao tomar como referência a proposta original do “carro popular”, criada em 1993 por decreto do então Presidente da República Itamar Franco, mesmo o mais barato automóvel à venda no País está longe de poder ser chamado assim.
O decreto beneficiava os modelos com motor 1.0 com alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 0,1% e estabelecia que deveriam custar no máximo o equivalente a US$ 7,2 mil. Em valores atuais, seriam cerca de R$ 11.200.
Atualmente só há três carros no País com tabela abaixo de R$ 25 mil – mais que o dobro do “limite” de Franco. Além do Chery QQ, que chega no mês que vem por R$ 22.990, sobram o Fiat Uno Mille Economy, a R$ 23.220 e o chinês Effa M100, cujo preço sugerido parte de R$ 24.500.
Dos nacionais 1.0, Ford Ka e Renault Clio saem a R$ 25.240 e R$ 25.600, respectivamente, e o Chevrolet Celta, a R$ 26.115. O mais caro é o Gol G4, por R$ 27.530. Nas concessionárias Volkswagen, o preço promocional é de R$ 23.990.
Atualmente, a adoção de medida semelhante, principalmente com drástica redução do IPI, seria inviável, segundo especialistas. Os preços mais baixos estimulariam demanda excessiva, gerando inflação.
“É justamente o contrário do que o governo quer”, afirma o consultor da ADK Automotive Paulo Roberto Garbossa. “Melhor do que reviver os ‘populares’ seria remanejar as alíquotas de IPI por faixas de potência. Seria mais justo.”