Diego Ortiz
Em “Matrix”, filme de 1999, Neo, personagem interpretado por Keanu Reeves, tem de escolher entre a pílula azul, que o manterá sob a ilusão criada por máquinas, e a vermelha, que trará à tona verdades que ele desconhece. No caso do BMW M5, o efeito é inverso e o choque de realidade, surpreendente. É preciso ter R$ 558.950 para levar o esportivo alemão para casa e, sim, ele vale cada centavo.
Ao entrar no sedã, o motorista é envolvido pelo luxo. Os excelentes acabamento e nível de equipamentos (os itens de segurança, por exemplo, incluem controles eletrônicos de tração e estabilidade, freios ABS e muitos air bags) dão a impressão de se estar a bordo de um “mero” carro de luxo. Entre os detalhes, há LEDs na parte interna e externa das portas.
Mas a letra M no conta-giros, manopla de câmbio e volante, cuja costura traz as cores da divisão esportiva da BMW, faz lembrar que há muita energia prestes a ser liberada.
Basta ajeitar volante, bancos e espelhos e acionar o botão de ignição para o M5 mostrar por que é um dos carros mais cobiçados do mundo. O urro do despertar do motor V8 de turbos gêmeos é gutural e excitante.
Antes de sair para devorar o asfalto, o BMW permite que sejam feitos alguns ajustes finos por meio de botões no console. É possível escolher a intensidade de atuação da direção e da suspensão, controlar o giro do motor e até o tempo de abertura das válvulas. Essas opções fazem parte do modo Sport Plus – há ainda o Sport e o Comfort.
Surge uma reta livre que convida a pisar firme no acelerador. O câmbio automatizado de sete velocidades e dupla embreagem avança por conta própria e os 69,4 mkgf de torque, disponíveis a partir de 1.500 giros, jogam o esportivo para a frente, apoiado sobre os 560 cv.
As rodas de trás (a tração é traseira) teimam em tentar correr para o lado. Mas o controle de tração, cujo alerta pisca alucinadamente no painel, faz o carro seguir em linha reta.
Bastam 4,4 segundos para o M5 chegar a 100 km/h. Se não fosse limitada eletronicamente a 250 km/h, a velocidade máxima seria de 305 km/h!
E não é difícil supor que seria possível chegar a esse patamar com conforto e tendo o carro completamente sob controle.
História. O mais potente M5 desde que a versão foi criada, em 1985, é também o mais econômico. Segundo a BMW, o supercarro pode rodar 7,8 km/l. Uma lição de responsabilidade que merece aplausos.
Concorrência brava em todos os sentidos
O M5 não está sozinho no mercado. Embora em número reduzido, seus rivais são tão especiais quanto ele. O principal é o Mercedes-Benz E63 AMG, além de versões de Jaguar e Cadillac. Já a Audi abandonou, ao menos por ora, o nicho quando deixou de oferecer o RS6.
O Mercedes E63 AMG foi totalmente atualizado e vem com o pacote “AMG Performance 2015”. O sedã alemão tem motor 5.5 V8 de 518 cv de potência e 52,6 mkgf de torque.
Conforme a Mercedes, o esportivo leva os mesmos 4,4 segundos que o M5 para acelerar de 0 a 100 km/h. Há um pacote da AMG ainda mais nervoso que faz a potência saltar para 557 cv e reduz o tempo para partir da imobilidade e chegar aos 100 km/h. Sua tabela no País é de US$ 299.900 (aproximadamente R$ 630 mil).
Da Audi, a versão RS6 deixou de ser oferecida na nova linha A6 – a mais forte agora é a S6, tabelada a R$ 398.130, tem motor 4.2 V8 de 420 cv.
Lançado em 2009, o RS6 vinha com motor V10 de 580 cv e 66,3 mkgf igual ao do Lamborghini Gallardo. Essa usina de força o leva de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos. O S6 cumpre essa tarefa em 4,6 segundos.