A chamada “geração digital” tornou-se um “problema” para as montadoras do mundo todo. Entre as que estiveram no Salão de Paris, que terminou no domingo, há o consenso velado de que os smartphones tomaram do carro a posição de “símbolo da vida adulta”, diferentemente do que ocorria há alguns anos – os jovens estão dispostos a gastar mais em aparelhos de última geração do que em automóveis.
No evento francês, várias fabricantes deram grande destaque a recursos como muitas entradas auxiliares no sistema de som, comandos por voz e recepção de rádio por internet. “Antes, falávamos mais de dirigibilidade, motores e coisas assim”, afirma o vice-presidente de Qualidade na Ford europeia, Gunnar Herrmann. “Isso está perdendo lugar para a conectividade.”
De acordo com o vice-presidente sênior de Marketing e Vendas da Volvo, Douglas C. Speck, a geração que está chegando agora, que será consumidora de automóveis pelos próximos 20 anos, é peculiar. “Eles gostam de iPhone e iPod mais do que de automóveis”, concorda o executivo chefe da Land Rover, Ralf Speth. “Apesar disso, todo mundo ainda precisa ir de um lugar para o outro”, arremata.
Também é consenso entre os líderes das montadoras que o carro deve ser diferente do atual. Em primeiro lugar, precisa ser mais estiloso. E, embora o desempenho continue sendo importante, não é tanto quanto a tecnologia – ainda mais se o tornar “ecologicamente correto”.
A BMW participa de um programa de desenvolvimento de plataforma livre para troca de dados entre vários equipamentos, como celulares, TVs e sistemas de som do carro. Tudo por meio de navegação “em nuvem”.
A mudança no mercado não reflete apenas a competição com os smartphones e outras tecnologias, mas tem a ver com o aumento no número de pessoas em todo o mundo morando em áreas urbanas. Carros são cada vez menos necessários.
Em muitos casos, tornam-se um fardo em lugares nos quais há boa infraestrutura de transporte público e para o uso de bicicletas.
Na Europa, o jovem que quer um carro acaba optando por um pequenino, como o Smart, que é mais fácil de estacionar, ou um elétrico, como o Twizy. Meio carro, meio scooter, o Renault tem quatro rodas e os dois ocupantes se sentam em fila.
Compartilhamento
Crescidos em um ambiente de redes sociais, os jovens também podem ser mais atraídos por programas de compartilhamento de carros. Empresas de aluguel de veículos e serviços de compartilhamento, como o Autolib’, em Paris, ou a Zipcar, nos EUA, devem também se tornar mais importantes como frotistas.
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Mais recente é a tendência de buscar modelos de categorias inferiores repletos de recursos antes oferecidos apenas em modelos grandes e caros. A esperança das fabricantes é que os jovens, quando começarem a envelhecer, partam para carros maiores, que são os mais lucrativos.