DIEGO ORTIZ
Apenas 1% das motocicletas vendidas no Brasil tem freios com ABS. E mesmo as marcas que colocam o equipamento de série em todos os modelos, como a BMW fará a partir de 2013, o fazem porque vendem produtos caros. Culpa do consumidor, que não quer gastar mais para ter o sistema, ou das fabricantes, que ainda cobram muito pelo recurso? A resposta é difícil, mas, se depender da Bosch, o equipamento ficará mais acessível a partir do ano que vem.
(Confira a fan page do Jornal do Carro no Facebook: https://www.facebook.com/JornaldoCarro)
A empresa mostrou a nona geração de ABS para motos. É a primeira desenvolvida especialmente para o segmento de duas rodas, e não mais adaptada da de carros.
A empresa pretende oferecer o equipamento às montadoras por cerca de R$ 2 mil, preço que pode ser reduzido se houver ganho de escala.
Como pode ser instalado em qualquer modelo com freio a disco e atuação hidráulica, o ABS é uma das ferramentas de segurança ativa mais importantes para quem anda de moto. Ao avaliar o sistema foi possível perceber que ele representa a diferença entre cair ou desviar e permanecer montado em uma situação de emergência.
Em pista molhada, a frenagem total sem ABS só não levou o piloto ao chão graças às rodinhas laterais, como as colocadas em bicicletas infantis. Com o sistema, a moto ficou sob controle e parou sem muito susto.
Em situação corriqueira, com asfalto seco, quando o manete de freio é apertado até o fim, as rodas travam, a moto desliza e surge um risco maior, que é quando a roda traseira levanta por inércia. Como faz 25 leituras por segundo, o ABS impede o travamento das rodas e elas permanecem coladas ao chão.
A nova geração do sistema da Bosch tem a metade do tamanho da antecessora e pesa apenas 700 gramas. Bom para um veículo cuja distribuição de peso é muito importante.
Na Europa há um projeto para tornar o ABS obrigatório em motos em 2017. A ideia surgiu de um estudo que aponta que cinco mil vidas podem ser salvas nos próximos dez anos se todas as motos tiverem o sistema.
O governo brasileiro ainda não se sensibilizou para essa questão. Mas devia, já que o número de mortes de motociclistas, segundo o Ministério da Saúde, cresceu 21% em 2011, passando para 10.825. Os custos do SUS saltaram 113% de 2008 para 2011, e chegam a R$ 96 milhões.