Leandro Alvares
Olhando por fora parece que esses dois japoneses híbridos não têm nada a ver entre si. O Toyota Prius é do tipo chamativo; faz questão de evidenciar sua proposta ecológica com sua carroceria de desenho futurista. Já o CT200h, da Lexus (divisão de luxo da marca Toyota), fica mais na dele, impressionando “apenas” com requintes de conforto e visual esportivo.
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Mas os “primos” são, sim, muito semelhantes. A começar pelo mesmo pacote técnico: motores 1.8 16V a gasolina e elétrico alimentado por baterias que, combinados, garantem 138 cv. O câmbio é do tipo CVT e a direção, elétrica. Outro ponto em comum está no preço salgado. O Prius tem tabela no País de R$ 120.830, enquanto o CT200h parte de R$ 149 mil.
A Lexus tenta justificar os quase R$ 30 mil de diferença apelando à superioridade no nível de equipamentos e itens de conforto. Na prática, não vale a pena gastar a mais por isso. O Prius oferece o melhor custo-benefício híbrido dessa dupla.
O Toyota satisfaz com a oferta de bancos de couro, ajuste elétrico para lombar nos assentos dianteiros, tela multifuncional sensível ao toque e até head up display (projeta informações do velocímetro no para-brisa), item que o Lexus não tem. O CT200h, por sua vez, ataca com faróis de xenônio, sensor de estacionamento dianteiro, retrovisor fotocrômico, bancos aquecidos, teto solar, etc…
Com 2,70 metros de entre-eixos – 10 cm a mais que o Lexus -, o Prius oferece maior espaço interno para os ocupantes. Cinco adultos se acomodam bem nele, enquanto apenas quatro viajam sem muito aperto no CT200h. O porta-malas do Toyota também é maior. São 445 litros de capacidade, ante os 375 l do concorrente.
No quesito economia, mais um “ponto verde” para o Prius que, por ter itens como rodas com desenho especial, pneus mais finos e carroceria com baixo coeficiente aerodinâmico (0,25 ante 0,29 do rival), consome menos combustível. Num mesmo percurso, o computador de bordo do Toyota exibiu média de 19,5 km/l e o do CT200h, 14,7 km/l.
Na manutenção, os custos são equivalentes. A exceção é para os preços do farol e do seguro do Lexus, que são mais caros.
Hatches são mansos, mas gostosos de guiar
Apesar do estilo esportivo da cabine do CT200h e futurista do Prius – que parece uma nave com sua ampla área envidraçada e console central flutuante -, o comportamento dinâmico do Lexus não difere quase nada do Toyota.
Os motores de 99 cv a gasolina e elétrico de 39 cv de ambos até são valentes em saídas de semáforo, por exemplo, graças ao ágil câmbio CVT de relações continuamente variáveis. Mas em retomadas a 60 km/h, o motorista demora a sentir a mudança de humor. O peso dos carros (1.390 kg no Prius e 1.465 kg no CT200h) contribui para o desempenho morno.
Mas não pense que guiar esses carros seja desinteressante. Ao pressionar o botão de partida, a ausência de chacoalhão da carroceria quando se liga o motor elétrico surpreende.
O quatro-cilindros a gasolina só passa a atuar em velocidades altas ou em situações em que é preciso mais força, como nas subidas. O entretenimento a bordo é garantido por ilustrações mostrando o gerenciamento dos motores, no painel, e pela manoplinha de câmbio, que lembra um joystick. Estabilidade e conforto são pontos em comum nesses híbridos. Nesse quesito, eles são competentes como um Corolla.
Tecnologia ainda inviável por aqui
Desde que foi lançado no Japão, em 1997, o Toyota Prius se tornou o híbrido mais popular do planeta, com mais de 3,5 milhões de unidades vendidas. É uma pena que não haja chance de esses números crescerem significativamente com a ajuda do Brasil. A culpa é da alta tributação para veículos híbridos no País e da ausência de incentivos fiscais a modelos desse tipo.
Por mais econômicos que eles sejam, não valem o que custam no mercado nacional. Com R$ 100 mil em mãos, é possível comprar carros de luxo de diversos estilos e muito mais sedutores, dotados de tecnologias como o sistema start&stop (que desliga o motor em semáforos e o religa ao tirar o pé do freio, por exemplo) para reduzir os gastos com combustível. O consumidor precisa ter vantagens para se interessar por um híbrido. Mas isso ainda não ocorre por aqui.
FOTOS: J. F. DIORIO/ESTADÃO