Leandro Alvares
D o lançamento do carro aos vídeos de divulgação, a Volvo deixou evidente a missão do V40: derrotar os rivais alemães, que reinam entre os hatches médios sofisticados. Para descobrir se o belga, tabelado no País a partir de R$ 115.950, está pronto para a batalha, selecionamos um oponente de forte calibre, o Audi A3 Sportback, cuja terceira geração estreou em julho no País por R$ 124.300, com motor 1.8 turbo de 180 cv – o do V40 é 2.0 turbinado, com mesma potência. Os dois têm injeção direta de gasolina.
Mesmo com preço menor na versão de entrada e tendo o piloto Rubens Barrichello em um de seus filmes publicitários, não foi desta vez que o Volvo ficou na frente. O Audi venceu por ser mais confortável e mais equipado de série.
Além disso, o alemão não deixa a desejar em desempenho. O cinco-cilindros do V40 ronca bonito e entrega mais torque – 30,6 mkgf a 2.700 rpm – que o quatro-cilindros do A3, que tem 25,5 mkgf. O que torna o Audi muito ágil é o fato de a força surgir já aos 1.250 giros.
O câmbio automatizado de sete marchas e dupla embreagem contribui para a esperteza do A3 em acelerações e retomadas de velocidade. As trocas são precisas e há possibilidade de executá-las por meio de aletas atrás do volante – a direção de assistência elétrica tem respostas diretas, como a do V40.
A caixa automática de seis velocidades do Volvo faz mudanças suaves. Mas, para se obter o mesmo nível de arrojo do rival, é preciso posicionar a alavanca no modo esportivo.
O A3 se destaca também pela estabilidade superior e o melhor acerto das suspensões independentes. As do V40 são muito firmes e maltratam os passageiros ao rodar em pisos irregulares. A banda de rolagem dos pneus não filtra tão bem o contato com o solo e gera ruído na cabine. O espaço em ambos é satisfatório, mas os grandões ficam com a cabeça rente ao teto no Volvo.
Segurança e luxo são ‘armas’ dessa dupla
Tanto o A3 quanto o V40 trazem bons itens de segurança e conforto de série. Ar-condicionado digital (com saída de ventilação atrás no Audi), controles de estabilidade e tração, pacote com sete air bags e start&stop (que desliga o motor em semáforos e o religa ao tirar o pé do freio, por exemplo) são alguns dos recursos disponíveis.
O Volvo vai além com a oferta do inédito air bag para pedestres, assistente a manobras de estacionamento e controlador de velocidade adaptativo, que freia sozinho quando o veículo se aproxima demais do carro à frente. Mas esses dispositivos são vendidos em pacotes. Com todos os recheios, a tabela do hatch passa dos R$ 150 mil.
No A3, o único opcional é o navegador GPS com tela escamoteável e tecnologia que possibilita escrever com a ponta dos dedos o endereço sobre a superfície de seletor no console – o preço é de R$ 9.900. Faróis de xenônio e teto solar (o panorâmico é opcional no V40) são de série no Audi.
Um dos diferenciais do Volvo é o quadro de instrumentos, que possibilita três tipos de visualização: Elegance (padrão), Eco (econômico) e Performance (esportivo). Os mostradores do Audi são convencionais, mas há um botão no painel que permite alternar os modos de condução. No dinâmico, as trocas de marcha são feitas acima das 7 mil rpm.
O que assusta no modelo alemão são os preços da apólice de seguro e a manutenção. A melhor cotação foi de R$ 10.501, ante os R$ 5.680 para o rival. O jogo de velas custa R$ 483 nas autorizadas da Audi, ante os R$ 374 das peças do Volvo.
Eles atraem fácil muitos olhares
Uma das maiores dificuldades durante o comparativo foi definir qual dos dois hatches despertou maior interesse de curiosos. Mesmo não sendo tão estiloso e diferenciado visualmente quanto o V40 (o mais bonito na minha opinião), o A3 atraiu muitos olhares – críticos, aliás, para as linhas da traseira.
A forte atração despertada pelo modelo da Audi merece outra ressalva: ele é, infelizmente, bastante visado por ladrões. Prova disso está no preço absurdo da apólice de seguro, que passa dos R$ 10 mil.
Apesar da derrota, o V40 mostrou que está à altura dos alemães. O deslize surge na oferta de recursos diferenciados, como o air bag para pedestres, disponível apenas nos pacotes mais caros. Pessoal da Volvo: GPS deveria ser um item de série, não é? Por isso, assim como Barrichello, o hatch continuará ouvindo o “hoje sim” nas disputas.
FOTOS: ROBSON FERNANDJES/ESTADÃO