De Sant’Agata Bolognese, Itália
A Lamborghini é a marca do homem que desafiou a Ferrari. Muitos conhecem assim a história da mítica empresa italiana que acaba de completar 50 anos. Mas a fabricante de superesportivos sediada em Sant’Agata Bolognese, que revolucionou o design automotivo ao criar, em 1966, o Miura, um dos carros mais bonitos de todos os tempos, o Countach, em 1974 (os dois saíram das pranchetas do estúdio Bertone) e o Aventador (foto acima), é muito mais que o produto de raiva e orgulho.
++ Siga o Jornal do Carro no Facebook
++ Oficina no centro lembra museu
++ Galeria: uma viagem pela história da GM
++ ‘Rei’ Roberto dirigi Lamborghini de R$ 1,6 milhão
++ Veja mais notícias sobre a Lamborghini
Fabricante de tratores e apaixonado por touros, Ferruccio Lamborghini era um dos endinheirados integrantes da elite italiana que costumavam desfilar a bordo de modelos da Ferrari em Modena, cidade onde fica a mítica marca do cavallino rampante. Inconformado com os constantes defeitos da transmissão de seu carro, que quebrava a toda hora, ele aproveitou para se queixar do problema quando foi levar seu esportivo para uma revisão na oficina da fábrica. E a reclamação foi feita diretamente ao comendador Enzo Ferrari.
O tom da conversa ficou acalorado e Ferrari, num arroubo de irritação e para pôr fim à discussão, disse ao cliente: “Você é apenas um agricultor. Vá andar de trator e não fale mal dos meus carros”. Depois disso, virou-se e foi embora.
“Eu vou lhe mostrar, então, como se faz um carro!”, bradou Lamborghini, que se sentiu desafiado. E foi assim que teve início a marca que se tornaria objeto de desejo de fãs de esportivos em todo o mundo.
Aberto em 2001, o Museu Lamborghini reúne peças marcantes da trajetória da fabricante e dessa doce vingança orquestrada em forma de metal e borracha. Entre os míticos modelos do acervo está o 350 GT, primeiro carro da marca, feito em 1964 e lançado no Salão de Genebra (Suíça) daquele ano.
A trajetória da empresa inclui crises e vendas sucessivas (inclusive para a Chrysler, que usou motores da italiana na Fórmula 1) até passar às mãos do Grupo Volkswagen, em 1998. Outra curiosidade é que, para a paixão de Lamborghini por touros e touradas era tão grande que os carros da marca passaram a ser batizados com nomes de animais famosos.
350 GT: primeiro carro produzido em série pela Lamborghini, em maio de 1964. Foi lançado no Salão de Genebra no mesmo ano com motor 3.5 V12 de alúmínio. Sucesso logo no início, conseguiu manter a marca no caminho do desenvolvimento de outros carros. Foi feito até 1966.
400 GT: Sucessor do 350 GT (na verdade era apenas uma versão alargada do 350), tinha configuração 2+2 e era ainda mais esportivo. Vendido de 66 a 68, o modelo tinha motor 3.9 V12 e câmbio manual de cinco marchas.
Miura: Um dos maiores classicos da Lamborghini, o Miura foi lançado em 1967 e durou até 1973. Pelo distanciamento de visual em relação ao 350 GT e 400 GT, já se percebe o quanto ele foi revolucionário. Criado pelo estúdio Bertone, tinha apenas 950 quilos e um motor V12 que gerava 350 cv. A versão exposta no Museu é ainda mais especial, a SV, de “super veloce”, que tinha 15 cv a mais.
Sesto Elemento: Visto pela primeira vez no Salão de Paris de 2010, o super carro da Lamborghini tem um motor 5.2 V10 de 570 cv que o leva de 0 a 100 km/h em apenas 2,7 segundos. O nome é uma referência ao número atômico do carbono, já que ele é todo coberto da fibra desse material. A produção foi limitada em 20 unidades somente para uso em pistas de corrida.
Reventón: Um 6.5 V12 de 650 cv. É isso que traz sob o capô o Reventón, modelo lançado no Salão de Frankfurt de 2007. Inspirado no caça F22-Raptor, o carro também teve apenas 20 unidades feitas (a que está no museu é a vigésima), todas destinadas a clientes escolhidos pela Lambo.
P140: O P 140, destinado a ser o sucessor do Jalpa, nunca chegou a ser produzido. A Lamborghini queria lançar algo pequeno para brigar com os Posche e decidiu pela produção do modelo. Mas após uma série de desencontros de projeto, esse peque esportivo com motor V8 foi deixado de lado para a marca se concentrar no Diablo.
Murciélago LP 670-4 Super Veloce: Essa verdadeira máquina de comer asfalto vinha de fábrica com um motor 6.5 V12 de 670 cv. Com baixíssima relação peso/potência de 2,3 kg/cv, vai de 0 a 100 km/h em apenas 3,2 segundos. Já a velocidade máxima é de 342 km/h.
Miura Concept: Para comemorar os 40 anos do Miura, a Lamborghini mostrou ao mundo, em 2006, uma versão modernizada do icônico carro. A apresentação foi no Salão de Detroit e especulava-se que a marca lançaria uma releitura do modelo em edição limitada, o que acabou não acontecendo.
Minardi F1 191/L: Participante do campeonato da Fórumula 1 de 1992, esse Minardi é uma das poucas contribuições da Lamborghini em esportes à motor. O carro só fez um ponto durante toda a competição e é considerado uma das “ovelhas negras” da F-1.
LM002: Primeiro utilitário-esportivo de uma marca de luxo no mundo, o LM002 acabou servindo apenas para uso militar. Foi produzido de 1982 a 1993 e até chegou a ter boas vendas nos Estados Unidos e no Oriente Médio, local para onde ele foi projetado originalmente. Tem carroceria de alumínio e fibra de vidro, mas mesmo assim pesa 2.700 quilos. O motor é um 5.2 V12 (montado na frente do carro).
Jarama: Feito de 1970 a 76, o Jarama é um dos modelos mais caretas da Lamborghini. O desenho, de Marcello Gandini, da Bertone, foi feito para tentar agradar o mercado dos Estados Unidos, principal destino do carro. Mais confortável que esportivo, virou o carro de uso de Ferruccio Lamborghini até ir parar no museu.
Gallardo: O único Gallardo que está no museu é um criado para a polícia da Itália. A inusitada parceria chamou a atenção do mundo em 2004 e foi feita para festejar os 152 anos da corporação. Modelo de entrada da marca, se tornou o mais popular da Lambo até hoje, citado em muitas músicas e filmes. Tem motor 5.0 V10 de 520 cv.
Estoque: Mais uma vez na frente, a Lamborghini mostrou que o caminho familiar poderia ser uma boa saída para marcas esportivas ganharem mais dinheiro. Assim surgiu o sedã para cinco pessoas Estoque, no Salão de Paris de 2008. Com motor 5.2 V10 de 560 cv, não chegou a ser lançado, mas a marca sempre afirma que ele ainda está nos planos. Enquanto isso, seu potencial rival, o Porsche Panamera, segue de vento em popa.
Diablo: O Diablo foi criado com a dura missão de ser o sucessor do Countach, um dos modelos mais desejados da história do automobilismo. Com o mesmo motor 5.7 V12 de seu antecessor, chegava a 325 km/h de máxima e ia de 0 a 100 km/h em menos de 4 segundos. Sem tanta revolução no visual em relação ao Countach, teve como grande mérito a introdução do luxo em esportivos, algo pouco comum no início da década de 90. Um exemplo: o banco do motorista era feito sob encomenda com as medidas do comprador do carro.
Countach: Desenhado por Marcello Gandini, do estúdio Bertone, o mesmo criador do Miura, o Countach assombrou o mundo quando foi mostrado como conceito em 1971. Anguloso e esguio, tinha portas que abriam para cima, em formato de tesoura, interior todo em couro e motor a mostra. A produção começou em 1974 e acabou em 90, e ele teve três opções de motores, todas V12: 4.0, 5.0 e 5.2. Para alimentar os “canecos”, seis carburadores Weber foram instalados.
Countach 25 Anniversary: Lançado em 1988 para celebrar os 25 anos, o Countach 25 Anniversary tinha algumas mudanças estéticas como as lanternas traseiras mais estreitas e entradas de ar alargadas. Os pneus também foram trocados para as medidas 345/35R15, os mais largos usados no mundo em um carro em produção na época.
Concept S: Feito sob a plataforma do Gallardo e mostrado no Salão de Genebra de 2005, o Concept S é uma releitura dos roadsters monopostos de antigamente – só que para duas pessoas, sentadas individualmente. Por se tratar de um conceito, o modelo se permitia algumas “loucuras”, como o vidro traseiro retrátil para permitir que o motorista visse o motor pelo retrovisor.
VIAGEM FEITA A CONVITE DA DUCATI