Líder do segmento de monovolumes, o Honda Fit recebeu mudanças profundas no visual e alterações na suspensão, além de câmbio CVT, em substituição ao automático convencional. Equipado com a nova transmissão, o paulista enfrenta seu principal rival, o mineiro Idea. E justifica a preferência nas vendas ao vencer o Fiat na maioria dos critérios deste comparativo.
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A partir de R$ 54.500 na versão DX, o Fit se destaca em desempenho, conforto, estabilidade e desenho. Mas o que chama a atenção é a operação de seu câmbio. No Idea Essence, tabelado a R$ 54.637, por outro lado, a caixa automatizada Dualogic é a maior falha. Ela cumpre a missão de dispensar o pedal de embreagem, mas causa desconforto ao produzir trancos muito acentuados nas mudanças de marcha.
Além disso, seu funcionamento é confuso. Vez por outra faz trocas nas “horas erradas”, em rotações altas ou baixas demais, comprometendo o desempenho do bom motor 1.6 de até 117 cv (com etanol) – o 1.5 do Honda rende até 116 cv. Além disso, como o Idea é 200 quilos mais pesado que o Fit, é mais lento para acelerar e retomar velocidade. O Honda é auxiliado pela ótima transmissão. De relações infinitas e com cinco marchas virtuais, traz conversor de torque, componente incomum neste tipo de transmissão.
Por isso, diferentemente do que ocorre com os CVT convencionais, quase não “patina” nas trocas de marcha. O resultado são mudanças rápidas e boa agilidade no trânsito.
O Idea supera o Fit em dois quesitos: equipamentos e espaço interno. O Fiat oferece lista mais extensa de itens de série e opcionais (leia mais na próxima página). E, apesar de ter entre-eixos igual ao do rival, acomoda melhor o passageiro que viaja no meio do banco de trás. Ao contrário do Honda, que tem um porta-objetos invadindo a parte de trás da cabine. Além disso, o Idea traz 17 cm a mais na altura.
Duelo entre espaço e prazer ao dirigir
A boa altura do Idea é garantia de mais espaço interno, mas compromete o comportamento do monovolume. A carroceria rola muito em curvas e balança demais em alta velocidade. A suspensão, cujo ajuste é voltado ao conforto, ajuda a ressaltar essa sensação.
No Fit, a posição de guiar é boa e fácil de encontrar. Isso apesar de o ajuste de altura do banco, que é item de série no Idea, ser oferecido no Honda a partir da versão LX (que tem tabela de R$ 58.800) e o de profundidade do volante vir da EX (R$ 62.900) em diante. A direção com assistência elétrica do Honda se comporta melhor que a hidráulica do Fiat. É precisa e direta em alta velocidade e muito leve na hora das manobras.
O Fit sai de fábrica com ar-condicionado, direção, vidros e travas elétricos. O Idea tem a mais que o rival equipamentos como faróis de neblina, hastes para trocas de marcha atrás do volante, retrovisores elétricos e som. No Honda, esses dois últimos itens só estão disponíveis a partir da versão LX.
Não ter opcionais é a maior falha do Fit. Quem quiser um carro mais equipado terá de partir para uma versão superior – a EX traz, como destaque, a câmera de ré, e a EXL, que começa em R$ 65.900, tem bancos e volante de couro. No Idea, há vários itens vendidos em pacote. Com isso, é fácil compor a configuração ideal. As fotos deste comparativo foram feitas com as versões EX do Fit e Attractive do Idea.
Sobre câmbios e monovolumes
Monovolumes derivados de hatches compactos são, no geral, carros desengonçados, com dirigibilidade ruim. O Fit não padece desse mal. Tem a versatilidade de um familiar com o prazer de dirigir dos hatches. Quanto aos câmbios, os automatizados de uma embreagem, como o do Idea, nasceram para ser uma solução barata para se ter um carro sem pedal de embreagem.
Eles passam por evolução, mas continuam desconfortáveis, a ponto de não compensarem a praticidade de não ter de trocar marchas. A solução? Usar duas embreagens, uma para as pares e outra para as ímpares. Com isso, os problemas de desconforto e lentidão são resolvidos. Entre os carros de menos de R$ 50 mil, o Fiesta já traz esse sistema, ao preço de R$ 4.500, só R$ 1,5 mil a mais que o Dualogic do Idea. Na parcela do financiamento, este valor extra nem chega a pesar.