Os esportivos conhecidos como “puro-sangue”, como modelos das italianas Ferrari e Lamborghini, são focados no alto desempenho, em detrimento do conforto.
A proposta dos carros preparados pelas fábricas é diferente. Eles podem acelerar forte, atingir altas velocidades e fazer curvas com maestria. Ao mesmo tempo, atendem às necessidades do dia a dia, oferecendo amplo espaço interno e, se necessário, rodando de modo suave. O Audi RS7 é a novidade da categoria no Brasil.
Por R$ 538.360 e com motor V8 biturbo de 4 litros e 560 cv, este notchback, ou “cupê” de quatro portas, como também é conhecido, tem entre os pontos altos as belas linhas, a esportividade interna e a impressionante capacidade de acelerar. Seu rival neste comparativo é o Mercedes-Benz E63 AMG, sedã cuja atual geração é de 2009, mas que recebeu várias atualizações no ano passado.
Com tabela de US$ 245.900 (em torno de R$ 550 mil) e motor 5.5 V8 de 557 cv, também biturbo, o E63 compensa o maior preço ante o rival ao entregar mais luxo e ser levemente superior na esportividade, quesitos que garantiram sua vitória neste duelo.
Apesar de o Audi ter linhas mais bonitas, ressaltadas pela coluna “C” inclinada, há detalhes externos no Mercedes que o diferenciam mais como a versão esportiva do Classe E – o RS7 é baseado no A7. Entre eles estão as rodas pretas e as ponteiras duplas do escapamento.
Por dentro, é o RS7 que aparenta mais esportividade, principalmente por causa do formato dos bancos dianteiros, de detalhes de fibra de carbono e do revestimento de alcântara em partes do painel e portas. Em ambos o volante tem base reta, algo típico de carros de alto desempenho.
No Mercedes-Benz, a cabine é mais luxuosa que no Audi, graças a detalhes como o sofisticado relógio analógico no centro do painel. Há, ainda, telas individuais na parte traseira dos encostos dos bancos, com direito a dois fones de ouvido sem fio.
Por falar nos passageiros de trás, há pouco espaço para as pernas de quem viaja no meio do banco do E63 AMG, pois o túnel central é alto. Ainda assim, há mais versatilidade que no RS7, que oferece acomodação para apenas duas pessoas no assento traseiro – no centro há um grande console. Os painéis de instrumentos desses esportivos permitem ótima leitura e seguem a linha geral das cabines.
O do E63 sugere elegância, embora a iluminação azulada remeta a um ar de modernidade, em contraste com os demais elementos, de aspecto clássico. No RS7, detalhes como os ponteiros vermelhos dos mostradores ajudam a compor a pegada esportiva.
PREPARADOS
Na hora de acelerar, o “cupê” de quatro portas da Audi e o sedã da Mercedes têm comportamento semelhante, já que potência e torque (71,5 mkgf e 73,4
mkgf) são entregues abaixo das 2 mil rpm. O câmbio automático do RS7 tem oito marchas, uma a mais que o do E63AMG, que compensa essa desvantagem por ser automatizado de duas embreagens e, consequentemente, é mais rápido para fazer as trocas.
A vantagem do Mercedes na aceleração de 0 a 100 km/h é apenas no cronômetro. O Classe E precisa de apenas 3,7 segundos para cumprir essa tarefa, ante os 3,9 segundos do Audi. Na prática, o ímpeto dos dois é equivalente. Ambos arrancam como “puros-sangues” e retomam velocidade com uma eficiência que não se vê em carros comuns. Quando o ponteiro do conta-giros alcança o limite, eles disparam como se fossem “foguetes” sobre rodas. O E63 chama a atenção pelo barulho que produz quando é provocado. Nas acelerações e retomadas fortes, seu V8 ronca bem mais alto que o do RS7, que decepciona um pouco neste aspecto. Dá para escutar também leves estalos nas reduções de marcha, situação na qual o câmbio dá trancos que evidenciam seu espírito esportivo.
Nesses dois alemães, é possível mudar as respostas de câmbio, amortecedores e até da entrega de potência do V8. Dá para alterar todas essas variáveis ao mesmo tempo ou individualmente. Tudo por meio de um botão giratório ao lado da alavanca de câmbio – o passo a passo vai sendo projetado na tela central. No Mercedes, há botões no console que acionam cada uma das funções.
No modo mais apimentado, a suspensão do Audi fica muito dura e praticamente deixa de filtrar os impactos com o piso. Isso, contudo, não melhora o desempenho em curvas.Em ambos a tração é nas quatro rodas. Mas o RS7 apresenta tendência levemente maior que o E63 de escapar, embora seja também extremamente estável em qualquer situação. Para deixar o Mercedes mais divertido, dá para desligar a assistência à estabilidade. Mas é preciso cuidado. Para o bem e para o mal, o carro ficará totalmente por sua conta.