Um duelo ideológico entre a velocidade e a elegância poderia ter os mais variados desfechos, mas, na vida real, terreno onde a subjetividade não tem vez, o performático BMW 328i, tabelado a R$ 203.950, até tentou, mas não conseguiu vencer a nova geração do cativante Mercedes C 250, oferecido a R$ 189.900.
O embate foi apertado, com vantagem de um ponto para o sedã mais jovem, que mostrou-se um produto mais completo, apesar de exibir menos força em seu motor 2.0 turbo que o do rival de igual “litragem” e alimentação extra.
Por dentro, o C 250 mostra que está mesmo alguns anos à frente do 328i. Seu interior é bem mais sofisticado e moderno, com uma feliz escolha da Mercedes por um acabamento com detalhes de madeira escura e ranhuras que dão um extremo toque de classe ao habitáculo sem deixá-lo careta. Os bancos também são mais acolhedores que os do BMW, que precisa rapidamente resolver suas questões internas.
O acabamento da cabine de todos os carros da marca é muito igual e distante de seus concorrentes diretos em termos de visual. Sim, há uma inegável e aparente qualidade, mas carece, faz tempo, de um toque de modernidade.
Já o espaço interno é um pouco similar, mas ainda assim com vantagem para o C 250, que tem entre-eixos maior, de 2,84 metros, ante os 2,81 metros do 328i – que também é mais comprido. E isso sem sacrificar o porta-malas, receita adotada por muitas marcas atualmente. Ambos têm bons 480 litros de capacidade.
Na lista de equipamentos não há muitas diferenças. Versões intermediárias dos dois sedãs de luxo, tanto 328i quanto C 250 vêm completos de fábrica e com funções importantes para economia de combustível, como a opção de uma condução “verde” selecionada por botão. O destaque negativo fica por conta da atual escolha da Mercedes pela tela da central multimídia, uma exagerada espécie de tablet preso ao painel.
BMW corre mais, mas é bruto com o bolso. No desempenho, o belo dá lugar à fera. Os dois motores de 2 litros turbinados dos sedãs têm comportamentos diferentes, com vantagem para o BMW. Flexível, ele tem 245 cv (com qualquer um dos combustíveis), ante os 211 cv do Mercedes, só a gasolina.
No 328i, a potência máxima ainda entra mais cedo, a 5 mil giros, contra 5.500 do C 250. O curioso é que o torque é exatamente igual, de 35,7 mkgf a 1.250 rpm (1.200 no Mercedes), mas mesmo assim a aceleração do 328i é mais forte e linear. O “BM” leva 6,1 segundos para ir de 0 a 100 km/h, ante os 6,6 segundos do “Merça”.
Os “louros” vão para o câmbio automático de oito velocidades do BMW, com marchas mais curtas na entrada e mais longas na saída que as do também automático, mas de sete marchas, do Mercedes. A variação de comando na admissão e escapamento do 328i (o C 250 só tem na admissão) também melhoram a entrega de força para as rodas do espertíssimo sedã bávaro.
Na suspensão, o C 250 é um carro tão bem acertado que fica difícil perseguir defeitos. Mas o trabalho que a BMW fez no 328i pode ser resumido como perfeito. Um motorista acostumado a uma tocada esportiva sentirá total equilíbrio na aceleração de saída de curva mais veloz e “flutuação” delicada em buracos.
O BMW sofre um duro golpe no seguro, que custa o dobro do cotado para o C 250, que ainda não tem peças de reposição disponíveis. Por isso, não foi possível aferir esse critério.
Opinião. Entre as vísceras e os neurônios. Prazer de dirigir é algo importante para quem gosta de carros, como é o meu caso. Nisso, o BMW 328i é um primor. Direção precisa, motor flexível de ótima potência e torque e uma suspensão que deveria virar patrimônio da humanidade.
Mas aí chega o C 250, como quem não quer nada. Uma frente bacana, uma traseira nem tanto e um interior esculpido por projetistas inspiradíssimos. E ele anda bem também. Muito bem, por sinal. Além disso, na ponta do lápis, é quase R$ 14 mil mais barato que o concorrente e o seguro custa a metade.
Ainda analisando racionalmente, dá para aproveitar toda a pujança do 328i no trânsito caótico de São Paulo? Vale o investimento por algumas poucas aceleradas em saídas de semáforo? Não vale. E o prazer inicial do BMW, um automóvel melhor, perde a força para um produto mais completo como o novo Classe C.
Mercedes-Benz C 250
Prós
ACABAMENTO
Interior bonito, elegante e moderno é o que mais chama atenção na nova geração do Mercedes C 250.
Contras
MULTIMÍDIA
O sistema não é ruim, mas chega ao motorista por meio de uma tela exagerada que parece uma gambiarra.
BMW 328i
Prós
DIRIGIBILIDADE
Motor potente, direção bem direta e suspensão excelente criam o conjunto perfeito para quem gosta de guiar.
Contras
SEGURO
Não pode um rival direto ter um custo de seguro 50% menor, mesmo que seja um novato ainda sem sinistros.