O escândalo do Top Gear na Argentina deve render punição para Jeremy Clarkson e sua equipe, de um jeito ou de outro. Após serem expulsos do país por um piquete em protesto contra as placas de identificação de um Porsche, que traziam os caracteres H982 FKL, numa suposta alusão ao ano de 1982 e à palavra Falklands, como os ingleses chamam as Ilhas Malvinas, data e motivo de confronto entre os dois países, surgiram agora mais placas intrigantes.
O apresentador deu sua versão oficial para o incidente, alegando que foi tudo uma infeliz coincidência. Segundo Clarkson, o carro chegou na Patagônia sem a placa dianteira e com “letras sem sentido” na identificação traseira. Ele disse ainda que se quisesse intimidar os argentinos teria sido mais explícito. “Não era W3 Won”, afirmou, em alusão ao que poderia ser interpretado como “nós vencemos”.
O problema é que depois que os ingleses já estavam em seu país de origem, no conforto de seus lares, a polícia portenha fez perícias nos carros apedrejados e abandonados, e encontrou um terceiro par de placas, com a inscrição Bell END, numa alusão ao termo bellend, que é uma gíria para a expressão “cabeça de pênis” na Inglaterra.
O ponto de defesa de Clarkson e sua equipe estava em que a famigerada placa era a licença “original” do Porsche. Mas com essas outras encontradas, fica difícil não dizer que o Top Gear, pode sim, ter tido a intenção de fazer as suas costumeiras provocações usando as placas dos veículos.
Além disso, a placa H982 FKL foi substituída por outra, durante o trajeto pela Argentina, com a inscrição HI VAE. Mesmo que não seja interpretada como mais uma piada sem graça, em território argentino é infração grave trafegar com o veículo com placa adulterada. A pena vai de seis meses a três anos de prisão. Mesmo que os fatos sejam esclarecidos, Clarkson não deve pisar em solo argentino tão cedo.