Foi uma disputa bastante equilibrada entre carros altos, espaçosos e com aptidão familiar. Renovado neste ano, o crossover 3008, feito na França, saiu na frente em quesitos como conjunto mecânico, desempenho e preço. O utilitário-esportivo mexicano CR-V contra-atacou com superioridade em conforto, ergonomia e suspensão. Por apenas um ponto, o Honda acabou levando a melhor sobre o Peugeot por um fator ligado a pós-venda: tem seguro mais em conta.
O 3008 é tabelado no País a R$ 100.190. Já o CR-V parte de R$ 98.900 na versão LX, mas a equivalente à do Peugeot, EXL, sai a R$ 110.900. Por isso, no critério “preço” do quadro de notas (ao lado), consideramos a relação entre tabela e os itens que vêm de série. Em “equipamentos”, avaliamos conteúdo de fábrica e opcional.
Quanto aos motores, o 1.6 do Peugeot é mais eficiente por ter turbina. A gasolina, gera 165 cv, ante os 155 cv (com etanol) do 2.0 flexível com aspiração natural do Honda.
Com torque maior em rotação mais baixa e câmbio automático de seis marchas mais eficiente que o de cinco velocidades do rival, o 3008 leva vantagem em retomadas. Não que seja um carro muito esperto – até sofre pouco para ganhar velocidade. É o CR-V que é “manco” – aliás, essa é uma de suas principais falhas. Contribui para isso seus 38 quilos a mais (1.518 kg, ante os 1.480 do Peugeot).
O mexicano vai bem no acerto da suspensão, que, além de deixá-lo mais estável que o 3008, filtra as imperfeições do solo com maior eficiência. O conjunto do Peugeot é barulhento e dá muitos baques. Além disso, a carroceria do crossover rola mais em curvas.
A favor do modelo francês está a direção com assistência eletroidráulica, mais precisa que a hidráulica do concorrente. O 3008 também tem controle eletrônico de estabilidade, mas apenas na configuração EXL, de topo da linha.
Por dentro, disputa foi decidida nos detalhes – Na cabine, a qualidade dos materiais é boa em ambos, mas o 3008 é mais bonito. Uma das novidades que veio com a reestilização é a tela retrátil sobre o painel, que projeta funções do sistema de som e do navegador GPS. Os bancos são revestidos parcialmente de couro.
No CR-V, os bancos são de tecido na versão LX. Para ter a cobertura de pele, assim como o sistema de navegação, é preciso passar para a EXL. Mas a tela onde os mapas são projetados é muito pequena, de meras 5”.
Nos dois carros, os painéis de instrumentos agradam, pois são modernos e fáceis de ler. O Honda leva vantagem na ergonomia. É mais fácil acessar as principais funções, a posição de guiar é melhor – apesar de a alavanca de câmbio ser alta, como em minivans – e sua visibilidade é mais ampla.
O crossover e o utilitário se equivalem em espaço. Com entre-eixos e largura semelhantes, acomodam bem três passageiros no banco de trás. O porta-malas do Honda é um pouco maior, além de poder acomodar bagagem até o teto. As mudanças estéticas feitas no 3008 foram leves. Os faróis estão mais afilados e ganharam LEDs – a grade também foi atualizada.
Apesar disso, só os mais detalhistas notarão as diferenças. No geral, o carro é atraente, como a maioria dos Peugeot, mas está longe de ter visual arrebatador. O CR-V, que mudou de geração em 2013, está menos careta. Tem desenho sem muita criatividade, mas agradável.
Opinião – Um duelo em que faltou emoção – O 3008 não é um jipinho. Está mais para minivan, mas também tem traços de utilitário – essa mistura o classifica como crossover. Mas talvez seja a falta de identificação com o segmento ao qual pertence o CR-V o principal motivo para justificar as baixas vendas do Peugeot. De janeiro a setembro foram emplacadas 545 unidades. O CR-V, por sua vez, somou 5.507 emplacamentos no período. Não que esse número seja lá muito expressivo.
Em volume de vendas o Honda está atrás de quase todos os seus rivais diretos – Hyundai ix35, Mitsubishi ASX, Kia Sportage e Toyota RAV4, por exemplo. Posiciona-se à frente apenas do VW Tiguan, que é bem mais caro. Talvez, o motivo seja falta de emoção. Tanto no CR-V quanto no 3008 falta tempero no visual e no desempenho. São carros corretos, mas que não empolgam. Um pouquinho de pimenta cairia bem nessa dupla.
Honda CR-V
Prós – SEGURO – Apesar de ser mais caro na versão equivalente em itens, carro da Honda tem apólices com valores menores.
Contras – DESEMPENHO – Falta eficiência ao conjunto mecânico do mexicano. Com torque mais baixo que o do rival, utilitário é manco.
Peugeot 3008
Prós – PREÇO – Comparado ao CR-V com os mesmos equipamentos, francês é R$ 10.710 mais em conta. Uma diferença e tanto.
Contras – SUSPENSÃO – Sistema tem muitos baques e gera desconforto na cabine. Além disso, carroceria do crossover rola bastante em curvas.