Muito iguais até na cor dos exemplares desta reportagem, o Audi A4 com o novo motor 1.8 turbo e o BMW 320i 2.0, também turboalimentado, são carros que tentam conquistar o comprador pelo conforto e bom desempenho, mesmo que estejam quase na base do que as duas fabricantes podem fazer em ambos os quesitos. Entre eles, quase tudo está no mesmo nível: potências, entre-eixos, lista de equipamentos… Dependendo do quesito, cada um tem uma sintonia melhor.
Por causa desse equilíbrio, o duelo foi decidido, a favor do brasileiro da BMW, por custos, como o de manutenção e o preço. O 320i sai por R$ 137.950. O rival, feito na Alemanha, tem tabela de R$ 138.990. O Audi leva vantagem no valor do seguro. É um jeito não muito efusivo de ver um campeão, mas disputas por pontos corridos são mais justas que no mata-mata.
O renovado A4 recebeu melhorias para se distanciar, no Brasil, do A3 Sedan. Para isso, ganhou equipamentos (e peso, por tabela) e ficou mais caro. Seu 1.8, além disso, é 10 cv menos potente que o 2.0 de antes, mas, segundo a Audi, mais econômico em 21%.
Mesmo com as mudanças, o Audi não conseguiu superar o conjunto do BMW em termos de desempenho. Economia é importante, ainda mais em tempos de aumento dos preços do combustível. Mas quem quer um sedã alemão geralmente está mais preocupado no que o pedal da direita tem a dizer. E o do 320i é mais contundente em suas investidas.
São 184 cv a 5 mil rpm e torque de 27,5 mkgf a 1.250 rpm, quase em marcha lenta. Números não muito distantes dos 170 cv a 3.800 rpm e 32,6 kgfm a 1.400 giros do A4. Porém, mesmo com a força de arrancada menor (torque vale mais que potência no uso urbano), o 320i leva vantagem na relação peso/potência, de 7,72 kg/cv, ante os 8,65 kg/cv do Audi, e no trabalho do câmbio automático de oito marchas, mais rápido e com as três primeiras mais curtas que as do CVT do rival. Câmbios continuamente variáveis são aposta focada em conforto e menos consumo de gasolina.
Há ainda a vantagem crucial de o motor do BMW ser flexível, o que fará ainda mais diferença em breve, quando a gasolina com 27% de etanol anidro começar a ser vendida.
A suspensão dianteira com braços sobrepostos também não ajuda o Audi, que acaba oferecendo menos estabilidade que a independente McPherson do BMW. Mas o conforto ao passar em buracos é o mesmo. Os freios são excelentes nos dois modelos, assim como as direções assistidas.
As dimensões internas mantêm as similaridades, com a diferença para os ocupantes de trás do BMW terem um pouco mais de espaço para a cabeça e o Audi ser mais largo para os ombros. Na lista de equipamentos, o A4, com a última incrementada, agora não deve nada ao 320i e oferece tudo que um modelo deste preço e nome deve ter.
Um 7×1 no coração do motorista cotidiano
O BMW 320i e o Audi A4 1.8 turbo são capazes de arrebatar motoristas com muita facilidade. Carros alemães (embora o BMW seja montado no Brasil) geralmente são assim, mas estes dois sedãs chamam a atenção por estarem longe do topo das duas marcas e mesmo assim serem tão bem projetados e fabricados que ninguém precisa de mais do que eles oferecem – nem mesmo em termos de potência.
Porém, o modelo da BMW é ainda mais agradável quando o assunto é direção esportiva. Em uma analogia ao futebol, tem a agilidade de um bom segundo atacante e a força de um volante de contenção, mas sem nunca perder a classe de um meia lançador, daqueles que jogam com a cabeça erguida. E ainda é mais barato e tem a manutenção mais em conta, embora peque bastante no preço do seguro, o que rende um cartão amarelo que sai direto do bolso do motorista.