Poucos meses depois de chegar ao mercado, o Renault Sandero reestilizado ganhou opção sem pedal de embreagem, batizada de Easy‘R, que tem preço sugerido de R$ 50.760. Enquanto no modelo antigo o câmbio era automático de quatro marchas, o novo usa uma caixa automatizada, a exemplo do rival Volkswagen Fox, tabelado a R$ 59.921, que o enfrenta neste duelo.
Apesar de o preço ser um dos fatores determinantes neste segmento e a diferença a favor do Sandero ser extremamente alta, o Fox acabou levando a melhor, por apenas um ponto, justamente por causa da fragilidade do conjunto mecânico do concorrente. A transmissão do Renault é lenta e as três primeiras marchas são esticadas além do desejável, comprometendo a agilidade do hatch em trânsito urbano e deixando-o barulhento. Em ultrapassagens, ela hesita para fazer as reduções e, com o carro já embalado, demora para passar à marcha seguinte. A única solução para contornar tamanho torpor é fazer as trocas manualmente, abrindo mão de parte da comodidade.
Apesar de também automatizada, a caixa I-Motion faz trocas com mais suavidade e rapidez, permitindo um melhor aproveitamento das respostas do motor – 1.6 no caso dos dois modelos. Com 120 cv, o propulsor da Volks dá mais agilidade ao carro, além de ser mais moderno e silencioso que o da Renault, que entrega 106 cv e um nível de ruído elevado a partir dos 100 km/h.
No interior, o Fox traz acabamento superior e painel de instrumentos mais completo. Mas a central multimídia do Sandero tem tela maior e operação mais simples que a do rival, cujos comandos são menos intuitivos – leva tempo até se aprender a ajustar os graves e agudos do som, por exemplo.
Pesa a favor do Renault o conforto, seu grande trunfo. Os bancos são maiores, há mais espaço para as pernas e cabeça de quem viaja atrás e o ar-condicionado resfria a cabine com mais intensidade. Com porta-malas de 320 litros, ante 270 l do VW, ele se sai melhor como carro familiar. Os bancos do Fox, estreitos e excessivamente firmes, fazem mais a cabeça do público jovem.
E por falar em juventude, a reestilização fez maravilhas pelo Sandero. O desenho da coluna C ficou mais harmonioso e as entradas de ar com grade tipo colmeia deram um ar agressivo à dianteira. O visual do Fox ainda não cansou, mas a última atualização estética pela qual passou não foi tão impactante quanto a aplicada no concorrente.
PRÓS E CONTRAS
Volkswagen Fox
PRÓ
Conjunto mecânico – Caixa automatizada faz trocas mais suaves, sem comprometer o aproveitamento do motor, ágil e silencioso.
CONTRA
Preço – Tabela salgada deve afugentar comprador racional. Com todos os extras, chega a quase R$ 70 mil.
Renault Sandero
PRÓ
Conforto – Bancos são maiores que os do rival e há mais espaço para a cabeça e as pernas dos passageiros que viajam atrás
CONTRA
Câmbio – Caixa automatizada lenta nas trocas deixa o hatch “amarrado”, ruidoso e pouco agradável de guiar.
VW FOX
Ficha técnica
Preço sugerido – R$ 59.921
Motor – 1.6, 4 cilindros, 16V, flexível
Potência (cv) – 110 (G)/120 (E) a 5.750 rpm
Torque (mkgf) – 15,8 (G)/16,8 (E) a 4.000 rpm
Câmbio – Automatizado, cinco marchas
Porta-malas – 270 litros
Manutenção
Amortecedor traseiro – R$ 297,87
Farol dianteiro – R$ 423,42
Jogo de velas – R$ 160
Para-choque dianteiro – R$1.277,37
Pastilha de freio – R$ 223,95
Seguro
Bradesco – R$ 3.733,07
AIG R$ – 1.587,26
RENAULT SANDERO
Ficha técnica
Preço sugerido – R$ 50.760
Motor – 1.6, 4 cilindros, 8V, flexível
Potência (cv) – 98 (G)/106 (E) a 5.250 rpm
Torque (mkgf) – 14,5 (G)/15,5 (E) a 2.850 rpm
Câmbio – Automatizado, cinco marchas
Porta-malas – 320 litros
Manutenção
Amortecedor traseiro – R$ 215
Farol dianteiro – R$ 610
Jogo de velas – R$ 128
Para-choque dianteiro – R$ 556
Pastilha de freio – R$ 170
Seguro
Bradesco – R$ 3.202,27
AIG – R$ 1.428,38
OPINIÃO
Câmbio automatizado exige calma e pé leve
Caixas automatizadas têm sido a solução possível para aliviar o pé esquerdo do motorista sem pesar demais no orçamento. Mas a economia de custos mata boa parte do prazer ao volante, já que as trocas lentas e soluçantes limitam o desempenho. Para não se irritar, é preciso se adaptar, evitando “surpreender” o câmbio com acelerações bruscas. Isso vale sobretudo para o Easy ‘R da Renault, que parece dizer: mantenha a calma, tenha o pé leve e acelere como quem guia um carro 1.0, não 1.6. A solução só satisfaz quem tem uma tocada bastante tranquila.