Os valores e convicções transmitidos de pai para filho costumam incluir o amor por um time de futebol, preferências políticas e, não raro, a paixão por uma marca ou modelo de carro. Na família Bernardes, o enredo seguiu a direção oposta: foi o empresário Fabio que influenciou o pai, o motorista Miguel, a apreciar o Maverick.
O Ford estava na cabeça de Fabio desde sua infância. “Ele dizia que um dia teria um Maverick. Só deu uma acalmada na adolescência”, lembra Miguel. Ele apenas esperava o momento ideal para realizar seu sonho.
Em 2009, dois anos após se casar, o empresário iniciou uma busca pelo Ford e se encantou pelo cupê bege das fotos desta página – um LDO 1979 pelo qual ele pagou R$ 14 mil. “Assim que o vendedor levantou a capa, meus olhos brilharam. Só restam três carros dessa cor.”
Com pintura, mecânica e acabamento originais, o Maverick precisou de reparos na suspensão, carburador e freios. O arremate só foi feito há quatro meses, quando o motor foi retificado. “Com uma ‘pimentinha’, o quatro-cilindros passou a andar como um V8”, diz Fabio.
Não satisfeito, ele resolveu influenciar o pai. E começou, por conta própria, a procurar um segundo Maverick para Miguel.
Quando achou um cupê Super Luxo 1974 branco reformado, ele arriscou uma jogada ousada: propôs ao vendedor o Volkswagen Gol 2003 de Miguel como pagamento.
Miguel ficou surpreso e feliz. “Fui taxista e, no ponto onde eu trabalhava, havia alguns Mavericks. Para quem guiava um Fusca, como eu, aqueles eram carros muito distantes”, conta.
A ala feminina da família Bernardes precisou de algum tempo para se acostumar com a novidade. “Minha mulher não ligava para o Maverick. Mas hoje, além de achá-lo bonito, ela curte o molejo da carroceria, que a deixa relaxada”, diz Fabio.
Com sua mãe não foi diferente. “Ela viu que o carro era legal quando o pessoal da minha rua começou a tirar fotos dele. Hoje, ela diz que, se eu tiver de vendê-lo, devo jogar o preço lá em cima”, diz Miguel.
Mas essa ideia não passa pela cabeça de pai e filho, que curtem os carros sempre juntos, como um autêntico ritual familiar. “A sensação de dirigir o Maverick é única. Só experimentando para saber”, conta Fabio.
Miguel é mais enfático. “Ele é muito duro para a cidade, mas na estrada é um espetáculo. Parece que você está nas nuvens.”