O mundo mudou. Enquanto no Brasil os carros de duas portas deixaram de ter a preferência há muito tempo, por causa da necessidade de reduzir as emissões de poluentes os europeus estão sendo estimulados a compartilhar seus veículos. Este contexto fez surgir algo improvável: pela primeira vez, a Mini tem um hatch de quatro portas, que começa a chegar às concessionárias do País com tabela entre R$ 105.950, para a configuração Cooper, com motor 1.5 turbo, de três cilindros e 136 cv, e R$ 139.950, para a Cooper S Top (2.0, quatro-cilindros turbo de 192 cv). O câmbio é automático de seis marchas.
O novato tem um desafio igualmente inédito. Vai concorrer com os hatches médios “premium” Audi A3, Mercedes-Benz Classe A e BMW Série 1.
Além da praticidade das portas extras, o Mini ganhou espaço para acomodar bem até cinco pessoas, segundo informações da marca. Houve, aliás, alterações no banco traseiro.
O ganho foi de 7,2 centímetros no entre-eixos e 1,6 cm na altura. Cresceram o comprimento, assim como o porta-malas, que ficou 30% maior.
Na prática, duas pessoas de até 1,90 metro de altura conseguem movimentar bem as pernas atrás. E sem bater a cabeça no teto. Agora dá para fazer viagens longas sem sofrimento.
Mas mesmo havendo três apoios para cabeça, o espaço no meio é limitado e os ombros do terceiro passageiro ficam raspando nos dos outros dois. Além disso, o túnel central é alto e, para piorar, há ali um grande porta-objetos. Ou seja: quem se sentar ali viajará com as pernas abertas, invadindo o espaço dos que estão ao lado.
Em todas as versões, a cabine é bem acabada e moderna, mesmo sem abrir mão de elementos retrô típicos do carrinho. Nesta terceira geração, uma boa novidade é a posição do velocímetro, que foi deslocado do painel central para o quadro de instrumentos. Isso se traduz em evolução em termos de ergonomia e segurança.
RESPOSTAS DIFERENTES
Cooper e Cooper S oferecem três modos de condução, que alteram as respostas do motor e a rigidez dos amortecedores, entre outros parâmetros. A opção Green prioriza a economia de combustível e a Mid, normal, é para o dia a dia.
A estabilidade é melhor na Sport, que deixa o carro “duro” e troca as marchas próximo do limite de giro. Além disso, a assistência eletrônica entra imediatamente em ação para corrigir a trajetória das rodas quando, ao ser levado ao extremo em curvas muito fechadas, o carro escapa de dianteira.
Nas acelerações há um abismo entre as duas versões. Os dois motores têm injeção direta de combustível e comando variável de válvulas duplo.
O 1.5 de três cilindros do Cooper deixa um pouco a desejar. Os 136 cv decepcionam em um hatch mais pesado que o de duas portas. Ele sofre nas arrancadas, mas mostra vigor em retomadas a partir dos 40 km/h, o que lhe dá desenvoltura para o dia a dia em uso urbano.
Com o Cooper S e seu 2.0 de 192 cv, a história é diferente. No modo Sport, falta conforto, mas sobra fôlego. Na pista em que foi avaliado, o hatch não precisou nem de um terço da reta de cerca de 500 metros para chegar aos 100 km/h partindo da imobilidade.
Com 28,5 mkgf a 1.250 rpm, a impressão é que o carro precisa de menos que os 6,9 segundos divulgados pela Mini para ir de 0 a 100 km/h. E há ainda o ronco instigante do motor.
Um ponto ruim é que o motorista bate com frequência o braço nas abas laterais do banco, exclusivas da versão S, que são altas. Isso incomoda bastante.
FARTURA DE EQUIPAMENTOS
Todos os Mini de quatro portas têm ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura, controles de estabilidade e tração e seis air bags. Na Cooper, a tela do sistema multimídia é de 5,5” e as rodas, de 16”. Na Cooper S, o monitor é de 6,5” e inclui navegador GPS.
Por R$ 122.500, essa configuração traz também rodas de 17” e faróis e lanternas com iluminação total por LEDs. O pacote Top acrescenta Head Up Display, que permite ao motorista visualizar informações do carro sem precisar olhar para o quadro de instrumentos.
O sistema Drive Assistant inclui, entre outros itens, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e multimídia com tela de 8,8”, além de navegador GPS e sistema de som mais modernos. Há também teto solar.
As versões se distinguem ainda pelo acabamento. Hastes no volante para trocas de marcha e bancos de couro só vêm na Cooper S, bem como as saídas de escape duplas e central. Na Cooper, há apenas uma.
Diretor geral da Mini Brasil, Julian Mallea aponta o Audi A3 (a partir de R$ 96.990) e o Mercedes-Benz Classe A (tabelado a R$ 113.900) como principais rivais do Cooper. Questionado sobre a concorrência com o Série 1, da BMW, marca que é dona da Mini, ele admite: “Sim, haverá briga por clientes”. O BMW começa em R$ 124.950.
“Esperamos também trazer clientes de modelos de marcas mais generalistas, como o Volkswagen Golf. Especialmente na versão GTI (R$ 108.500)”, acrescenta o gerente de produto da Mini, Rodrigo Novello.
FICHA TÉCNICA
Preço sugerido: A partir de R$ 122.500
Motor: 2.0 turbo, 4 cil., 16V, gasolina
Potência (cv): 192 a 6.000 rpm
Torque (mkgf): 28,5 a 1.250 rpm
Entre-eixos: 2,56 metros
Porta-malas: 278 litros