O Jornal do Carro vai publicar a partir de hoje, semanalmente, uma avaliação ou comparativo antigos, para você relembrar modelos clássicos e que marcaram época. Os textos mostram uma visão do momento da indústria automobilística nacional e o avanço da tecnologia nos carros. No comparativo abaixo, de 11 anos atrás, as versões de topo de Astra e Civic se enfrentavam para mostrar quem oferecia mais conforto e requinte a seus ocupantes.
Melhor conjunto faz Astra derrotar Civic
Com motor bicombustível e câmbio automático mais completo, modelo da GM superou o eficiente Honda
Igor Thomaz
Se o mercado de sedãs grandes não vai muito bem, as montadoras tratam de investir no segmento dos médios. E essa briga continua atraindo um bom número de consumidores, ainda mais depois que a Toyota deixou o Corolla mais moderno e a Honda tratou de atualizar o visual doCivic para a linha 2004.
A GM optou, recentemente, por outro caminho, equipando o Astra com o motor Flexpower, que funciona com gasolina, álcool ou a mistura de ambos em qualquer proporção.
Reunimos nesse comparativo as versões EX do Honda, vendida por R$ 62.670, e Elite do Chevrolet, que tem preço sugerido de R$ 62.230, ambas topo de linha equipadas com câmbio automático. Apesar das diferenças entre os motores, eles são equilibrados. Mesmo assim, o GM venceu o comparativo por oferecer air bags laterais (além dos frontais), maior capacidade para bagagem e acabamento mais refinado.
O Astra, em sua versão bicombustível, conta com propulsor 2.0 8V, que gera menos potência que o 1.7 16V do rival – são 127,6 cv a 5.200 rpm, com álcool, contra 130 cv a 6.300 rpm. Por outro lado, o torque máximo doCivic é menor: são 15,8 mkgf de torque a 4.800 rpm, ante os 19,6 mkgf a 2.400 rpm do GM quando roda com álcool.
Na prática, isso quer dizer que o Chevrolet arranca mais rápido e com aceleração linear. Mesmo assim, o desempenho deles é equilibrado. Por outro lado, o Honda faz a diferença quando se observa o consumo de combustível. Na cidade, o modelo percorre a média de 8,1 km/l de gasolina, enquanto seu rival, que oferece a vantagem de rodar também com álcool, fez tímidos 6,4 km/l com o combustível vegetal e 7,8 km/l com gasolina -de acordo com as medições realizadas por Autos.
Ágeis no trânsito.No trânsito urbano, eles são bem equivalentes, ganhando e retomando velocidade com boa agilidade. A diferença em favor do Chevrolet está nas programações do câmbio. Para quem dirige mais calmamente, o modo convencional é mais indicado. Nessa opção, a transmissão troca as marchas quando o motor trabalha em giros intermediários, o que deixa o carro mais econômico.
Os mais apressados também têm vez. Para eles, o Astra tem uma tecla que pode deixar as mudanças mais esportivas. Esse botão, com a inscrição “S”, fica na própria manopla da alavanca de mudanças. Quando a pressiona, o condutor percebe rápido a diferença. O câmbio “segura” mais as marchas para que o carro ganhe e retome velocidade mais rápido. É como esticar as marchas em um carro mecânico. Por fim, o Chevrolet tem também uma tecla para pisos escorregadios, que faz o sedã partir em terceira marcha para que os pneus não patinem.
O Civic não oferece esses recursos por meio de teclas, mas nem por isso sua transmissão deixa de ser bem eficiente. As trocas de marchas também ficam mais rápidas quando se dirige o Honda com tranqüilidade. Basta uma pisada mais forte no acelerador para acordar o motor e o seu sistema VTEC, que varia o tempo de abertura das válvulas, deixando o carro muito rápido. A diferença é que, no Chevrolet, essa alternância entre a forma mais calma e a mais agressiva de se conduzir fica menos brusca com o acionamento da tecla S.
Conforto. Além de andar bem, os dois sedãs oferecem bastante conforto por conta da suspensão. Nas curvas o comportamento é parecido, revelando a boa estabilidade de ambos.
Por dentro, os sedãs garantem o conforto dos viajantes. Aí, quem leva a melhor é o Honda. Está certo que os bancos, de couro tanto noAstra Elite quanto no Civic EX, acomodam muito bem os ocupantes, mas quem se senta no banco traseiro viaja melhor no Honda, por causa do assoalho plano.
Quanto ao acabamento, eles são montados com materiais de boa qualidade. Alguns detalhes são diferentes, como a tecla que aciona as travas das portas. No Civic, ela está melhor posicionada ao lado da maçaneta interna.
No Astra ela fica mais longe, no console central, à frente da alavanca do câmbio. Por outro lado, ela está ao alcance também do passageiro. Exclusividade do GM são os botões para controle de volume e estações do rádio ao lado da capa do volante.