Rivais históricas, Fiat Palio Weekend e Volkswagen Parati travavam uma batalha entre suas versões de topo na época, Sport e GLSi, respectivamente, para mostrar qual das duas entregava mais ao consumidor familiar. Com aspecto mais esportivo, a Fiat levou o comparativo graças ao motor mais eficiente e visual moderno, enquanto as duas alternavam a liderança do hoje esquecido segmento das peruas. Confira abaixo nas palavras do repórter Hairton Ponciano para o Jornal do Carro de 11/01/1998
Palio ganha por pouco duelo entre peruas
Weekend e Parati têm se alternado na liderança do segmento
Hairton Ponciano
Com desenho externo mais atual, a perua Palio Weekend Sport 16V venceu o teste comparativo com a Parati GLS 2.0, mas foi uma vitória apertada. São as duas peruas mais vendidas no Brasil, e ultimamente têm se alternado na liderança do segmento.
A Weekend, da Fiat, é uma novata, mas desbancou por alguns meses, em 97, a velha líder Parati, campeã disparada de vendas na categoria desde que chegou aomercado, em 1983. A reação da Volkswagen já foi iniciada, com o recente lançamento das versões de cinco portas das Paratis CL e GL; no caso da GLS, porenquanto não está disponível no mercado a versão de cinco portas, embora já faça parte até da lista de preços da fábrica.
A Palio Weekend tem frente em cunha bem inclinada, teto 5,9 centímetros maiselevado que o da Parati e aparência mais encorpada. A Parati tem visual mais sóbrio, sem deixar de ser elegante. O par adicional de portas garantiu visual
mais harmonioso à lateral. E engana-se quem acha que somente os ocupantes do banco traseiro vão se beneficiar da inovação: com portas dianteiras mais estreitas, elas ficaram mais leves e até o acesso ao cinto de segurança melhorou.
Por dentro elas são bem diferentes entre si. No modelo Fiat, os ocupantes ficamem posição elevada, enquanto na Parati o motorista fica meio afundado atrás do painel. A regulagem de altura do banco resolve em parte o problema. Os bancos da Recaro têm revestimento sóbrio e são confortáveis.
O acabamento interno agrada em ambas. Na Parati, um dos destaques são os puxadores internos cromados, que nas portas dianteiras formam um belo efeito visual em conjunto com tweeters. Na Weekend Sport, o volante é revestido de couro; os pedais são iguais aos de carros de competição e há detalhes prateadosnas manoplas de câmbio e de freio de mão.
Na Weekend, a mão raspa nos bancos durante trocas de marcha, se eles estiverem em posição avançada. Os botões de ajuste dos retrovisores continuam em péssima posição, abaixo da alavanca. É ruim, também, ajustar o encosto do banco, pois a mão raspa na alavanca do freio de mão. Na Parati, os botões de acionamento elétrico dos vidros dianteiros ficam no centro do painel, em posição pouco prática. Porém, nela é possível acionar vidros mesmo após desligar a ignição. A Parati também possibilita subida ou descida totais com um toque rápido na tecla, ao contrário da Palio. Ambas têm acionamento elétrico para os vidros de trás, mas só na Parati eles descem integralmente.
As duas peruas têm apoio de cabeça e cintos de três pontos no banco traseiro, bem como cintos dianteiros reguláveis. A Palio leva vantagem por ter duas bolsas infláveis, mas em frenagem a Parati foi bem melhor, apesar de ambas possuírem freios antitravamento.
As duas têm painel de fundo claro, mas o da Parati é mais agradável, graças aos instrumentos maiores e ao estilo mais limpo. A perua da Volkswagen dispõe de computador de bordo de sete funções. A única ressalva é quanto ao hodômetro parcial, que não informa fração de quilômetro. A direção é hidráulica de série em ambas, mas só a Palio tem coluna e altura de facho de farol ajustáveis. Ambas têm rodas aro 14, mas as da Weekend são mais bonitas.
As duas peruas têm quase a mesma potência, apesar da grande diferença de cilindrada dos motores. A Parati tem 109,5 cv; a Palio, 106 cv. No carro da Volkswagen, a potência é extraída de um propulsor 2.0 com comando simples e oito válvulas. Já na perua Fiat, comando duplo e cabeçote de 16 válvulas permitiram obter potência proporcionalmente maior de um propulsor bem menor, com 1,6 litro de capacidade cúbica. Na Fiat ele está na transversal, enquanto na Parati ainda ocupa posição longitudinal.
A Parati mostrou-se ligeiramente mais rápida nas acelerações e obteve maior velocidade (187 km/h contra 180,9 km/h da Palio). A maior vantagem, no entanto, aparece nas retomadas de aceleração, situação em que o motor de oito válvulas tende a ser melhor. A Parati, por outro lado, apresenta marcha lenta levemente instável. Por isso, o motorista precisa acelerar sempre um pouco mais na hora de sair. A alavanca de câmbio está mais bem posicionada na Parati, mas os engates já não são tão precisos como costumavam ser.