Audi Q3 e Hyundai ix35 têm em comum mais que o porte e o fato de serem utilitários-esportivos. Os dois receberam atualizações recentemente, incluindo reestilização e novas versões. O modelo da marca alemã, por enquanto importado da Espanha (no ano que vem, será brasileiro), passou a ter uma opção mais em conta, Attraction com motor 1.4 turbo a gasolina de até 150 cv. A tabela é de R$ 127.190, mas nas autorizadas o carro sai por R$ 119.990.
O ix35 é feito em Anápolis (GO) e também traz uma nova configuração. De topo, é tabelada em R$ 122.990, e, nessa faixa de preço, é a que tem o melhor pacote de equipamentos entre os rivais à venda no País. Mas isso não foi suficiente para fazer o Hyundai derrotar o Audi. O duelo foi muito equilibrado e o Q3 quase levou a pior por ter peças e seguro caros. A vitória se deve à superioridade na maioria dos aspectos considerados no comparativo.
O Audi é mais eficiente, rápido e tem acabamento superior ao do Hyundai. Seu visual também sobressai e o conforto é equivalente ao do rival. O ix35 tem no espaço interno outro de seus pontos fortes. Embora a distância entre os eixos seja praticamente a mesma do Q3, o brasileiro é mais amigável com o terceiro passageiro que viaja atrás, pois tem assoalho plano, enquanto o do rival tem túnel central alto.
Outra vantagem do Hyundai está no porta-malas. Os 728 litros de capacidade declarados pela fabricante parecem um tanto exagerados, mas o compartimento acomoda bem ao menos quatro malas médias. O do Audi, por sua vez, é um pouco menor. Mas também não deixa a desejar. Na lista de equipamentos, o Q3 Attraction vem com ar-condicionado, bancos de couro, sistema multimídia com tela de 5,8”, seis air bags, faróis de xenônio e rodas de liga de 17”. A mais que o Hyundai, há apenas o sistema start&stop, que desliga o motor em paradas de semáforos e congestionamentos, por exemplo.
O ix35 contra-ataca com ajuste elétrico do banco do motorista, ar-condicionado digital com duas zonas e rodas de liga de 18”. No Q3 1.4, esses equipamentos só estão na versão mais cara, a R$ 145.190, que inclui tampa do porta-malas com acionamento elétrico. Outras exclusividades do ix35 são câmera na traseira e controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo. Ele também tem navegador GPS de série.No Q3, o item é opcional.
Rodando, o Audi é bem superior ao Hyundai. É em movimento que o Q3 se mostra bem superior. O motor do ix35 é até mais potente, pois, com tecnologia flexível, gera 167 cv (etanol). Mas uma conjunção de fatores faz com que o Audi seja mais rápido. Mesmo com 17 cv a menos, o Q3 gera quase 5 mkgf a mais de torque, entregues a apenas 1.500 rpm. Já a força máxima do ix35 surge somente a partir das 4.700 rpm.
Além disso, o Audi tem o excelente câmbio automatizado de duas embreagens, ante o automático convencional do concorrente – os dois têm seis marchas. A transmissão do espanhol é muito rápida nas trocas, sem abrir mão do conforto das passagens suaves, quase imperceptíveis.
O resultado é um carro que, em acelerações e retomadas de velocidade, parece entregar bem mais que os 150 cv declarados pela fábrica. O ponto negativo do desempenho do Q3 surge na estrada. É quando ele demonstra mais dificuldade para responder, principalmente se for preciso elevar muito o giro do motor.
O Hyundai cumpre bem o seu papel. É ágil nas respostas ao acelerador, mas muito racional. Falta emoção ao volante. Os dois carros têm controle de estabilidade – o Hyundai traz também de tração -, mas o Q3 é mais estável em curvas e sua carroceria balança menos em curvas de alta velocidade. Ser baixo auxilia esse comportamento, mas o Audi tem também suspensão mais bem ajustada e sua direção responde melhor. Outra vantagem é o painel de instrumentos mais bonito, moderno e fácil de ler.
OPINIÃO: Transformação que resulta em rivalidades. Recebi nos últimos meses vários telefonemas de pessoas que queriam comprar um ix35 ou mesmo um Honda CR-V, e se surpreenderam ao saber que podiam ter o status de rodar em um Q3 ou em um Mercedes-Benz GLA gastando praticamente o mesmo valor. Mas Audi e Hyundai não podem ser rivais, certo? Errado.
O brasileiro é muito sensível a preço, e, se os modelos de mesmo segmento têm tabela próximas, são concorrentes. Sempre foi assim. Além disso, o mercado está em transformação. Só se dá bem quem oferece linha ampla, com diversas opções de motor, preço e bom custo-benefício. As montadoras estão ousando, com versões mais caras e mais baratas. Isso acaba aproximando carros e criando rivalidades. Mas cuidado com os extras. Para o Audi, os preços de peças e seguro são desanimadores.