Ele é meio hatch, meio monovolume, meio perua. Mas, apesar do espaço interno maior que o convencional para os modelos de sua montadora, a “pegada” não tem nada de familiar. Para o motorista, o Clubman, que chegou neste fim de semana às concessionárias por R$ 179.950, é pura diversão. Ainda assim, com ele, a marca pretende cativar um público que precisa de mais que prazer de dirigir. Os clientes de utilitários-esportivos são os principais alvos.
Mas como resolver um impasse: agradar um público com vocação mais familiar, ávido por conforto, sem abrir mão da esportividade características dos carros da montadora? A resposta: a Mini não o resolveu. O espaço extra está, de fato, disponível. Mas não espere grande conforto ao rodar.
A suspensão é dura e os pneus, baixos. O carro absorve mal os impactos com o piso e transmite à cabine o resultado do contato até superfícies nem tão irregulares. Isso em qualquer um dos modos de condução, que mudam as respostas da suspensão e do câmbio, entre outros parâmetros. Há o econômico, o normal, e o esportivo, no qual o desconforto é maior.
Pneus mais altos resolveriam esse problema? Talvez. Mas tirariam muito do deleite que é dirigir o carro da Mini em curvas. E nesse quesito, ele se sai bem demais. Mesmo nas mais travadas – e tendo um centro de gravidade mais alto que o do hatch -, a carroceria quase não rola e as rodas se mantêm muito firmes no chão.
Há sistemas de auxílio à direção, como o ESP, que corrige a trajetória das rodas. Porém, eles não deixam o carro anestesiado. O motorista se sente no comando. A direção com assistência elétrica tem boas respostas, mas não tanto quanto no hatch.
Trazido em única versão, a Cooper S, o Clubman tem motor 2.0 turbo, que gera 192 cv e 28,6 mkgf a apenas 1.250 rpm. Além do torque alto entregue a baixa rotação, o Clubman traz pela primeira vez à linha Mini o rápido câmbio automático de oito marchas.
Essa combinação dá um fôlego impressionante ao carro de 1.390 quilos, que se move com agilidade e faz retomadas muito vigorosas (em qualquer faixa de rotação), dessas de despertar emoção no motorista. Nas rodovias, em velocidade alta (que atinge com facilidade) e constante, o Clubman é bem silencioso.
No quesito espaço, dois adultos ficam bem acomodados no banco de trás. Há amplitude para as pernas e cabeça, já que o teto é mais alto que o convencional nos carros da linha. O entre-eixos, aliás, é 10 centímetros superior ao do hatch (totaliza 2,67 metros). O porta-malas acomoda 360 litros de bagagem.
Na lista de equipamentos, merece destaque o assistente à manobra de estacionamento – para vagas de baliza. Porém, é o único opcional da gama. Também há freio automático com função de frenagem de emergência.
A abertura das duas portas do bagageiro (feita como a de armários convencionais) é outro destaque: basta o motorista impulsionar os pés abaixo do compartimento para elas se abrirem automaticamente.
Apesar de serem práticas, as portas duplas têm um lado negativo. Quando fechadas, há uma faixa entre elas. Isso prejudica um pouco a visibilidade traseira do motorista.
Outros equipamentos são sistema multimídia com tela de 8,8” e som da marca Harmon/Kardon, bancos esportivos com ajustes elétricos e memória e seis air bags. Há também o recurso chamado de Head Up Display, que projeta diversas informações (como velocidade e dados do navegador GPS) em uma tela transparente à frente do volante.
Mercado.Apesar de querer um público novo com o Clubman, ele será de nicho. A expectativa da Mini é vender entre 150 e 200 unidades do modelo em todo o ano de 2016. Ainda assim, se consolidada a previsão, será uma carreira melhor que a da geração anterior, vendida aqui de 2009 a 2012, mas com volumes ainda mais baixos. A marca, na verdade, nem chegou a trabalhar comercialmente o automóvel.
O Clubman é feito sobre a mesma plataforma do monovolume BMW Série 2 Active Tourer, que é também a do novo X1, a ser produzido em breve em Araquari (SC) – por ora, a marca alemã, dona da Mini, ainda faz a antiga versão do utilitário. Isso pode representar a nacionalização do novo modelo da Mini?
De acordo com o diretor da marca, Julian Mallea, não necessariamente. Essa possibilidade, porém, não está descartada. Por ora, a marca se concentra no lançamento da versão nacional do Countryman, já feito em Araquari e com chegada às lojas marcada para janeiro.
Quanto ao Clubman, primeiramente a Mini vai trabalhar na aceitação do modelo no mercado. Se as metas forem cumpridas, em breve poderá vir uma versão menos equipada e mais barata. Porém, com o mesmo motor. O Cooper Clubman, com o 1.5 de três cilindros, por enquanto está descartado.
FICHA TÉCNICA
Preço sugerido – R$ 179.950
Motor – 2.0 turbo, 4 cil., 16V, gasolina
Potência – 192 cv a 5.000 rpm
Torque – 28,6 mkgf a 1.250 rpm
Câmbio – Automático, oito marchas
0 a 100 km/h – 7,1 segundos
Velocidade máxima – 228 km/h
Comprimento – 4,25 metros
Entre-eixos – 2,67 metros
Peso – 1.390 quilos
Porta-malas – 360 litros
FONTE: MINI