A nova geração do Volvo XC90 pode não ter quebrado tantos paradigmas quanto a primeira, mas é uma bela evolução em relação à pioneira. Repleto de tecnologias, o novo carro sueco tem tabela a partir de R$ 319.900, é maior, mais moderno e apto a levar sete passageiros com conforto e luxo. Já o inglês Land Rover Discovery 4 tem tabela de R$ 341 mil e também é luxuoso, amplo e acomoda o mesmo número de pessoas que o rival. Lançado no País em 2011, é mais defasado em soluções tecnológicas, mas contra-ataca com a capacidade off-road e o motor a diesel, única versão oferecida no Brasil.
Ainda assim, não foi páreo para o concorrente que, além de ser R$ 21.100 mais barato, é seguro e melhor de dirigir. A versão avaliada, Momentum, é a de entrada, mas, ainda assim, nada básica. Além de equipamentos como bancos com ajustes elétricos e aquecimento, traz uma enorme tela central de 9”, que se assemelha a um tablet embutido no painel do carro. Com tela sensível ao toque, é fácil de usar e comanda ar-condicionado, sistema de som e navegador GPS, entre outras configurações do veículo.
O sistema do XC90 é bem superior ao do Discovery, que cumpre sua função, mas com menos brilho. A interface não esconde a idade – é lenta e tem tela menor, de 7”. Por outro lado, no painel central do Land Rover há botões de atalho para algumas funções do sistema multimídia.
O espaço é o ponto alto dessa dupla. No XC90 são 2,98 metros de entre-eixos, 10 cm a mais que no Discovery. Como comparação, são 31 cm a mais que no sedã Honda Civic, por exemplo.Isso se traduz em ampla área para as pernas de quem viaja no banco traseiro. Já a terceira fileira é mais espaçosa no Discovery, cujo acesso também é melhor.
Mas é ao volante que a balança pende para o Volvo. Ao entrar em movimento, uma série de sensores acompanha e orienta cada ação do motorista. Além de ter controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e monitores de ponto cego, o XC90 freia sozinho se detectar obstáculos à frente, como veículos e pedestres.
A cereja do bolo é o sistema semiautônomo, que pode guiar o carro sozinho a até 50 km/h em vias onde há faixas de rolamento pintadas no piso. O XC90 acelera, freia e segue o traçado sem intervenção do condutor.
No Discovery 4, os 61,2 mkgf do V6 a diesel fazem a diferença e, mesmo sendo mais pesado, o inglês salta na frente em saídas de semáforo, por exemplo. Ainda assim, o 2.0 a gasolina do XC90, com bons 320 cv e 40,7 mkgf (graças a um turbo e um compressor), surpreende pela valentia.
Opinião: O tradicional e o utilitário do século XXI
XC90 e Discovery são nomes bem conhecidos na seara de utilitários-esportivos de luxo. O Volvo mudou de geração após 13 anos de sucesso no mundo todo, enquanto o Land Rover nasceu simples e foi ganhando (muito) requinte e prestígio ao longo do tempo. Tanto que passou a ser mais visto na porta de colégios tradicionais das grandes cidades do que na lama, para onde foi projetado. O XC90 nunca se preocupou em se sujar e sempre cumpriu a função de ônibus escolar de luxo com excelência. Agora, a segunda geração dá um show de tecnologia e é uma janela para o futuro, quando os carros andarão sozinhos por aí, prometendo nos dar mais tempo para fazer qualquer outra coisa que ficar ao volante. Mas, que criança não gostaria de descer de um Land Rover sujo de lama até o teto na porta da escola?
Um hóspede indesejado.Por três dias, um XC90 ficou “morto” na garagem de casa, testando minha paciência – inclusive em relação às queixas da minha mulher, que não tinha onde guardar o carro dela. Tudo começou na manhã de uma segunda-feira, quando tentei dar a partida, mas o Volvo simplesmente havia “apagado”. Liguei para a central de atendimento, que enviou vários guinchos (e nenhum técnico em eletrônica), conforme eu fazia novas queixas e embora eu deixasse claro que o carro estava com pane elétrica e não havia como rebocá-lo. Finalmente, na quarta-feira, um especialista levou uma solenoide igual à que havia pifado, conseguiu dar a partida e tirar o jipão lá de casa. Fiquei aborrecido, mas se o carro, que custa mais de R$ 300 mil, fosse meu, e não emprestado pela Volvo, eu teria ficado furioso. Tião Oliveira